quarta-feira, novembro 11, 2009

Há que mudar de política. Não de pátria!

No meio de outras tarefas, tenho deixado atrasado o acompanhar da conjuntura. Estou embrenhado no estudo funcionamento da economia capitalista, ando metido em "pingues-pongues" locais de que não gosto nem quero.., mas tem de ser! (há quem ache que não, que não teria de ser...), e passaram uns dias (poucos) sem a leitura que actualiza o estado do Estado em que estamos, para além de rápidas olhadelas. E se houve coisas que vieram a lume.. para além da espuma (cada vez mais suja!) dos dias!
As previsões de Bruxelas chegaram na semana que passou. e são mais que preocupantes. Sobretudo em relação ao futuro, se tudo continuar na mesma. E há carecas com os cabelos em pé. A página de Nicolau Santos no Expresso é... dantesca, como ele titula o que vem aí.
Há duas breves notas que quero deixar, apesar do atraso e de ser necessário bem mais que breves notas.

1. Repudio o eco que, neste quadro, se faz ao apelo para que se verifique "grande moderação salarial" (em que abundam, por excesso de protagonismo, Vitor Constâncio e Silva Lopes) e, concomitantemente, à continuidade do menosprezo (melhor se dirá desprezo) pelo mercado interno, pelas PME, pela actividade produtiva, pela vida das gentes, em suma, e a insistência no mercado externo, na capacidade concorrencial baseada na vantagem comparativa dos baixos custo do "factor trabalho" (acabo de ler, na página 498 do tomo V de O Capital: “(...) o comércio externo podia remediar (…) mas o comércio externo (…) traslada apenas as contradições para [uma] esfera mais extensa, abre-lhes um círculo de jogo maior.”

2. Já me vi acusado de catastrofista, de estar sempre a ver o lado negro ds coisas, de estar permanentemenete "no contra", de não querer colaborar - quando não me canso de afirmar a maior disponibilidade... desde que respeitado o que penso. Não me revejo minimamente nessas acusações, apesar da permanente auto-crítica, e choca-me ver transcritos poemas como o de Jorge de Sena, a ilustrar uma página de economia em que se faz um diagnóstico mais que reservado e se vai buscar receituário velho e revelho do FMI. Somos e temos a pátria que formos capazes de merecer .

7 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Ruptura " palavra de ordem" urgente e necessária. Como é bom e elucidativo consultar o teu blog. querido camarada! Um beijo.

Patrício Gonçalves disse...

Patrício Gonçalves e as minhas Realidades/Desabafos

Idade: 31 anos
Profissão: Empresário PME e responsável por 224 salários anuais
Problemas: Todos os têm! Entre muitos, incapacidade de aumentar salários pela primeira vez em 19 anos de actividade empresarial. Motivos:
a)Margens demasiado esmagadas
b)Redução brutal da carteira de encomendas
c)Preocupação em manter todos os postos de trabalho

Cada qual fala por si, e julgue como quiser!
Encarar cada funcionário pelos olhos e dar-lhe a entender a impossibilidade de aumentar o seu salário, sabendo desde logo que o seu orçamento familiar será afectado, é uma realidade que toca a quem sabe todos os dias o significado da “Responsabilidade Social”. No entanto, no meu caso, é uma medida que tem que ser tomada a fim de assegurar a viabilidade económica e financeira da empresa.

Não posso concordar mais com o Sérgio, quando:

a)O nosso ministro das finanças e “outros” afirmam “…quem não quer ser lobo, não lhe vista a pele…”, mostrando uma total falta de respeito por todos aqueles que trabalham, sejam proprietários de PME´s ou seus colaboradores.
b)Os nossos responsáveis políticos insistem que a única saída é a procura de mercados externos, quando nesses mesmos mercados é praticada uma concorrência desleal, onde as garantias sociais não são observadas podendo assim praticar preços mais competitivos (mas injustos), mostrando uma profunda ignorância pela realidade económica.

Não sei se merecemos uma Pátria muito melhor, a verdade é que todos os dias sinto menos força para fazer algo melhor por ela.

Um Abraço amigo
Patrício

joseluz disse...

Coitado do Patricio Gonçalves tem as "margens Esmagadas" e a "Redução brutal da carteira de encomendas" está preocupado com a "manutenção dos postos de trabalho" e lamenta que pela pela primeira vez em 19 anos não vai poder aumentar os seus 224 escravos. Um explorador assim não há dúvida nenhuma que até merece ir para o CÉU,que acha Sérgio das preocupações sociais deste "empresário" seu conterrâneo.
Realmente Sérgio, depois daquilo que voçê defende no seu texto em relação ao "mercado interno" pelas "PMEs" e pela "actividade produtiva" ou seja pela defesa dos interesses económicos dos pequenos e médios empresários, os seus criticos que o acusam de estar sempre do "contra" são mesmo uns mal agradecidos.

Maria disse...

Não sei se li tudo bem, post e comentários. Deve ser da hora, mas deixo-te um abraço e volto amanhã.

Sérgio Ribeiro disse...

Caro Patrício (este comentário aos comentários é mesmo só para si) - obrigado por ter vindo aqui aqui trazer legítimas preocupações, e mais que preocupações. Conversaremos sobre elas, quando oportuno e à margem de intrometidos que de humanos nem o h têm, e o que eu defendo e por que luto é por uma sociedade melhor, sem exploração, pelo comunismo.

Um abraço

GR disse...

Na verdade é cada vez mais difícil viver neste país.
A realidade exposta pelo Patrício Gonçalves é também, para o PCP, uma preocupação. Quisesse este (des)governo ouvir as propostas exequíveis que o Partido tem sobre as PME’s e seria um grande passo para melhorar a vida dos trabalhadores.
Tantas vezes me dá vontade de baixar os braços! é impossível, algo muito forte não deixa. A Luta dos nossos Heróicos Resistentes, como tu camarada Sérgio e de muitos outros, são exemplos que tenho(mos) para continuar.
É a nossa Luta, é a justa Luta do PCP!

Bj,

GR

joseluz disse...

Sérgio, se você luta-se pelo comunismo ou pela simples defesa dos interesses imediatos dos trabalhadores,não defendia as propostas económicas que faz, (a não ser que prove como elas servem os interesses do proletariado)nem as "lamentações" e a demagogia com que P.Gves,procura embalar os seus escravos e levar a água ao seu moinho. Os argumentos de P.G.são os argumentos falaciosos com que as associações patronais se tem encoberto para fugir a aumentos salariais,como mesmo ao acordo que estabeleceram com as centrais sindicais sobre o salário minimo e você como não é inocente sabe muito bem, que é disso que se trata.
A sua opcção em conversar com P.G.particularmente, com o argumento de não permitir a intromissão a "intrusos" indesejados,quando P.G. tornou as suas ditas "preocupações" públicas,é no minimo ridiculo e de quem não tem os pés bem assentes no chão e por outro esconder dos seus leitores e amigos, a sua verdadeira opinião sobre o tema que levantou e isso meu caro não é próprio de quem se afirma comunista.
Quanto a GR,e a defesa que faz de Sérgio e do PCP,sobre as suas posições e propostas politicas e ainda sobre o "pobre" explorador P.G., só lhe digo, que as suas opiniões não são só inocentes, revelam ainda uma profunda ignorância.