1. encontro... curioso
Um dia, já lá vão muitas décadas – mais que as 4 que em 1974
fizeram fronteira –, o ainda jovem economista de então, já com muita vida
vivida, certo do caminho a percorrer apesar dos fortes tropeços, foi cumprir o
que para ele era (e é!) uma das suas tarefas de vida(s): falar com outros do
que ia (e vai!) aprendendo.
Ia satisfeito por ter encontrado formas simples de traduzir o
que é muito complexo, duvidoso da eficácia que iria testar, contente por o fazer
com quem menos de dez anos tinha que ele.
Então foi assim: o jovem economista ia falar de economia, na
sua concepção global (integral, escreveu Caraça) de cultura. Dois pilares: a
base – necessidades, recursos, trabalho – e a exemplificação dos interesses
privados, egoístas, que se sobrepõem aos interesses gerais, colectivos.
Para aqueles interlocutores, muitos a deixarem de ser imberbes
e em tempo de ainda raras máquinas eléctricas, preparou-se para contar a
história da enorme empresa de fabrico de lâminas de barbear que, pelos seus
trabalhadores de investigação, descobrira uma liga de metais que permitiria
aumentar para o dobro o número de barbeamentos por lâmina.
E que teria feito essa empresa, de capitais privados, da descoberta
dos seus trabalhadores? Registou a invenção, produziu essas lâminas, lançou-as
no mercado?
Não. Fez contas. E, feitas as contas, e registada a patente,
guardou-a no cofre, adiando a sua passagem a benefício de todos enquanto fosse prejuízo
seu por os eventuais ganhos, como concorrenciais, não compensarem a quebra de
mercado devida à maior durabilidade do produto.
Com o tempo e tantas outras tarefas, esqueceu-se o economista
desse episódio. Mas não o esqueceu um (pelo menos) dos muito jovem jovens que o
teriam ouvido, e lho lembrou, 3 décadas passadas, quando se encontraram, na
primeira vez que se falaram, no fundo de um automóvel que os deveria
transportar do aeroporto ao Parlamento Europeu. Ao eleito – “vedeta” e cabeça
de lista – do PSD, já bem maduro, e a ele, então eleito nas listas da CDU, já
mesmo nada jovem mas ainda economista.
Foi simpática a lembrança. E gratificante para o velho
militante que sempre se quis semeador. Embora com dúvidas acrescidas sobre a
eficácia de algumas sementes atiradas ao vento…
continua…
1 comentário:
Foi semente em campo estêril!
Bjo
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