domingo, novembro 02, 2014

Cruzamento de bio grafias - 1

1. encontro... curioso

Um dia, já lá vão muitas décadas – mais que as 4 que em 1974 fizeram fronteira –, o ainda jovem economista de então, já com muita vida vivida, certo do caminho a percorrer apesar dos fortes tropeços, foi cumprir o que para ele era (e é!) uma das suas tarefas de vida(s): falar com outros do que ia (e vai!) aprendendo.
Ia satisfeito por ter encontrado formas simples de traduzir o que é muito complexo, duvidoso da eficácia que iria testar, contente por o fazer com quem menos de dez anos tinha que ele.
Então foi assim: o jovem economista ia falar de economia, na sua concepção global (integral, escreveu Caraça) de cultura. Dois pilares: a base – necessidades, recursos, trabalho – e a exemplificação dos interesses privados, egoístas, que se sobrepõem aos interesses gerais, colectivos.
Para aqueles interlocutores, muitos a deixarem de ser imberbes e em tempo de ainda raras máquinas eléctricas, preparou-se para contar a história da enorme empresa de fabrico de lâminas de barbear que, pelos seus trabalhadores de investigação, descobrira uma liga de metais que permitiria aumentar para o dobro o número de barbeamentos por lâmina.
E que teria feito essa empresa, de capitais privados, da descoberta dos seus trabalhadores? Registou a invenção, produziu essas lâminas, lançou-as no mercado?
Não. Fez contas. E, feitas as contas, e registada a patente, guardou-a no cofre, adiando a sua passagem a benefício de todos enquanto fosse prejuízo seu por os eventuais ganhos, como concorrenciais, não compensarem a quebra de mercado devida à maior durabilidade do produto.
Com o tempo e tantas outras tarefas, esqueceu-se o economista desse episódio. Mas não o esqueceu um (pelo menos) dos muito jovem jovens que o teriam ouvido, e lho lembrou, 3 décadas passadas, quando se encontraram, na primeira vez que se falaram, no fundo de um automóvel que os deveria transportar do aeroporto ao Parlamento Europeu. Ao eleito – “vedeta” e cabeça de lista – do PSD, já bem maduro, e a ele, então eleito nas listas da CDU, já mesmo nada jovem mas ainda economista.
Foi simpática a lembrança. E gratificante para o velho militante que sempre se quis semeador. Embora com dúvidas acrescidas sobre a eficácia de algumas sementes atiradas ao vento…


continua…

1 comentário:

Olinda disse...

Foi semente em campo estêril!

Bjo