sábado, novembro 08, 2014

Falemos de... (2)

MUROS

Haja um pequenino respeito pela verdade histórica!


  • Relembremos, insistamos:


segunda-feira, Maio 27, 2013

Berlim e o muro – 1 de 2

Berlim é uma cidade especial. Todas o serão, por serem criação humana, cada uma plasmando séculos de convivência e cultura. Por terem a sua história. E se Berlim tem história...
À minha conta, como já aqui escrevi, visitei-a como militante do movimento da Paz (antes e depois de 1974), integrado numa delegação conjunta do Governo/MFA, em Maio de 1975, como deputado no Parlamento Europeu, já nos anos 90, agora (em  2013) com o estatuto (?) de turista.
Em Berlim respira-se, sente-se, o peso da sua história. E há um muro sempre presente. No mostrado e no dito, no não-dito ou no insinuado. Berlim “é” a cidade do muro, e o muro “é” de Berlim, quando Berlim era e é cidade antes e para além do episódio do muro, quando havia muros em outras cidades antes de Berlim ter um, e continua a haver muros a dividirem cidades e países, sem serem o que houve em Berlim de 1961 a 1989.
Porquê esta aparentemente umbilical ligação de duas palavras? O que separou o muro em Berlim?
É preciso saber-se (e dizer-se!) que, no final da guerra, as conferências de Ialta e de Potsdam decidiram a ocupação do país derrotado pelos “aliados”,

E que, em 1949, foram criados dois Estados, a RFA, nas zonas desde o final da guerra sob controlo dos três “aliados” capitalistas – EUA, RU e França – e a RDA, na zona desde o final da guerra sob controlo da União Soviética, com 15 distritos e a capital em Berlim (15º distrito), onde os EUA, o RU e a França mantiveram a ocupação (ou não desocuparam) a parte da cidade sob seu controlo. 









Ou seja, num Estado reconhecido e membro das Nações Unidas, a República Democrática Alemã, o muro veio, em 1961, separar uma parte da sua capital, Berlim ocupada (ou não desocupada) por três outros Estados, do resto do seu território, como uma fronteira física, real, depois de 12 anos de coexistência sem se regularizar a insólita (é o menos que, objectivamente, se pode dizer) situação.










Esta é a História (resumidíssima...)! Sem juízos e contra os pré-juízos…

O "muro de Berlim" foi sendo tornado uma “marca”, um ar que se respira, um motivo turístico, com informação explícita, conotada ou insinuada.


Muito se poderia acrescentar e contar mas, para encerrar a série de notas e apontamentos a partir da última visita a Berlim, apenas se deixará mais um “post”... talvez amanhã. 

Berlim e o muro - 2 de 2

Recomece-se por um excerto da internet (Wikipédia), que virá bem prejudicar a pretendida objectividade, não obstante disso se mascarar:

«O Muro de Berlim era uma barreira física, construída pela República Democrática Alemã durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos; e República Democrática Alemã (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime totalitário soviético. Construído na madrugada de 13 de Agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental com ordens de atirar para matar (a célebre Schießbefehl ou "Ordem 101") os que tentassem escapar, o que provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas.»

A ilusória objectividade dos números! Não vou comentar e confrontar quilómetros, mortos e feridos e relativizá-los com outras situações e números correlativos, com centenas e milhares de vítimas. Uma vítima que tivesse havido, nos 28 anos do muro, seria demasiada!


Retranscrevo o que já por aqui deixei, a 28 de Abril:

«1. Vende-se “o muro” como se vende um detergente, embora com todo o “tempero” implícito dos “direitos humanos”, a puxar pela emoção.
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2. Promove-se “o muro” como se fosse uma inocente atracção turística, mas a apelar  à indignação e ao repúdio da brutalidade.
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E é difícil, mesmo muito difícil, procurar racionalizar, raciocinar, contextualizar, juntar a dimensão tempo em todas as suas dimensões, relativizar a dimensão dos inegáveis direitos pessoais e familiares que foram atingidos.
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Mas o caso é de tal monta, e tão bem “montado”!, que dizer uma palavra que vá contra as ditas e reditas, ousar um argumento que contrarie o consensual(izado), é (quase) inútil.»

Mas não me fico por essas notas “a quente”. Que tomei depois de ter estado na chamada Igreja da Reconciliação e de ver a pequena escultura que lhe está ao lado, num conjunto em que tudo teria justificado o desabafo escrito, Depois confirmado após curta investigação.

Numa zona de Berlim, no espaço entre as duas paredes do muro, havia uma igreja, que ali se manteve de 1961 até 1985, sem ter sido destruída e, ao que parece, podendo mesmo ter culto para os habitantes do lado oriental. Em 1985 (4 anos antes da sua abertura e derrube), a capela explodiu, em circunstâncias não clarificadas, havendo várias versões, não faltando a que atribui a sua destruição à construção do muro, em 1961!… Aliás, Berlim tem currículo de destruições e oportunos e incriminadores como a do Reichstag, de 1933 para “ajudar” Hitler na sua ascensão ao poder.
Mas o visitante, naquele quadro, fica com "informação" de que a causa de todos os males foi o muro, nascido por maldade de uns ocupantes banidos por obra e graça...

Ali, na área da capela reconstruída, de interesse arquitectónico, foi criada uma zona de turismo e “informação” (permito-me colocar as aspas), que inclui uma cópia da escultura da autoria de Josefina de Vasconcelos, britânica de origem brasileira, criada para a catedral de Coventry de Londres, destruída pela aviação nazi na guerra de 39-45, e de que há outra cópia em Hiroshima.
Assim se faz a História e a conotação dos horrores. E a luta ideológica na luta de classes. Que é a História.

... e se algum comentador 
(anónimo ou não...)
me vier acusar de defensor de muros,
e de cúmplice de hediondos crimes,
só responderei na presença do meu advogado!

  • E (pergunta retórica...) porque se cala a existência (e persistência) de outros muros - entre Israel e a Palestina, em Chipre, entre os EUA e o México?


2 comentários:

GR disse...

E depois da queda do Muro, tão antidemocrático??? As alterações politicas e económicas de toda a Europa, foram brutais.
Com a queda do Muro veio mais exploração, os trabalhadores, os povos Europeus perderam os Direitos, a independência, o poder de compra. Hoje há escravos e fome na Europa.
Quem favoreceu com a Queda do Muro?
O cidadão não só português como europeu gosta de ser manipulado, não se dá ao trabalho de pensar. Afinal só havia (há) um muro mau, todos os outros são necessários.

Grande texto sobre o Muro/muros.

GD BJ

GR

Jorge Manuel Gomes disse...

Fazem muita falta esclarecimentos como este, Camarada!
Se puderes, escreve um pouco mais sobre este e os outros muros que ainda não caíram.

Grande Abraço desde Vila do Conde,

Jorge