segunda-feira, junho 06, 2016

Reflexões lentas - a propósito da "Europa do António" - 1

de factos i relevâncias (caderno X):


«(...) volto à labuta, neste dia seguinte a um congresso do PS.

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De um PS com a efemeridade de ser governo, inchado como a imagem do seu secretário-geral e 1º ministro abunda sob a capa de uma modéstia e simplexidade bem enganadoras.

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E, por acaso…, depois do dueto formado por três – Cavaco, Passos e Portas –, com uma comum e visceral antipatia, só nos podia sair este par de jarras – Marcelo e Costa –, de idênticas (embora diferentes) risonhas, efusivas e floridas presenças.

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Que nem soam a falsas, não obstante se revelarem, nas suas distintas fundações, inconsistentes e de inevitável curta duração de impacto de cores e cheiros.

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Isto, claro, escrito por quem confronta o optimismo (irritante?) com pés de barro de um primeiro, e a afectividade e simpatia  esfusiante do "supremo", que se  encanta na sedução dos outros, dos outros a quem não faz nenhum esforço para conhecer e amar.

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Isto, claro, sentido por quem tem uma interpretação do momento seriíssimo que se vive - aqui, ali, e além - e, sobretudo, tem a recordação vivida de como se chegou a este momento.

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Isto, claro, vivido por quem persiste, sem qualquer trégua ou hiato, na participação numa luta para que o futuro seja não aquele para que, cada um deles à sua maneira, está a  contribuir, um no aproveitamento fácil de uma mudança de postura, outro na tentativa de compatibilizar a realização de promessas sem beliscar as causas da sua inviabilidade.  

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Isto, claro, dito (ou escrito, sentido, vivido), com toda a petulância de quem se sente armado por algumas certezas, nascidas em leituras e vivências e adubadas em mais vivências e mais leituras.

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No dia seguinte ao congresso do PS (ao modo deles, querendo mostrar-se diferente), em que aquilo a que se chama  Europa foi tema revelador do beco de que António Costa não quer que saiamos enquanto lhe denuncia as pestilências que reconhece e sofremos.  

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E esta é uma contradição insanável com que temos de nos debater nesta saída que encontrámos (sim!, porque fomos nós e não ele que abriu a fresta por onde entrou a travagem possível no caminho que percorríamos, passo necessário para a transformação inevitável… para o bem ou para o mal).

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Ora essa contradição pode equacionar-se de várias maneiras, mas escolho uma que é lexical: quando António Costa fala de Europa não é de Europa que  fala, é da União Europeia que fala.

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É desta construção político-cupular de Estados europeus para preservação de um sistema que está em falência, em rotura irrecuperável.

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(…)

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Por isso, achei muito curioso o título do texto semanal do Nicolau Santos (mas não muito seminal!...) no Expresso:

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Embora NS não se referisse a este António com que logo se estabeleceu a conotação, a Europa do António Costa (e de outros António como o explicitado por NS) já não existe (chame-se-lhe o que se quiser).

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Mas a Europa que existia antes, e que continuará a existir depois do ensaio histórico que levou a esta União Europeia, essa continuará a existir.

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Diferente, mas Europa… sem aspas!»


(continuará)

1 comentário:

Olinda disse...

Boa reflexão!Depois do desastre dos meninos de Chicago,qualquer coisa que melhore o estrago, é visto com optimismo.Mas convém não abandeirar em arco,atendendo aos conhecimentos ganhos com a experiencia.Bjo