terça-feira, agosto 16, 2011

O "fecho" das empresas públicas... no meio do "resto" - um comentário

Comentário recebido... para ser divulgado:

Este discurso do corte da despesa pública, no qual, aparentemente, se enquadra o «fecho» de metade das empresas municipais (sem qualquer referência a uma avaliação das empresas, dos serviços necessidades que satisfazem, etc.) está muito bem montado.

Sim, é um discurso bem montado! Mas por via das dúvidas passo a esclarecer o que quero dizer:

1.º Subida dos impostos sobre os rendimentos e as despesas dos trabalhadores;

2.º (ou 1.º, neste caso a ordem não é fundamental) corte nos salários e pensões (que para o caso também pode ser conseguido através do congelamento nominal);

3.º mais subidas nos impostos sobre os rendimentos e despesas (consumo) dos trabalhadores;

4.º agravamento dos preços dos transportes públicos, das taxas moderadoras, do preço dos medicamentos e dos exames de diagnóstico, etc.

5.º corte nas despesas públicas, das quais (no momento actual) destaco o corte pré-anunciado de 10% a 15% nas despesas de saúde (sem qualquer referência ao corte nas rendas públicas pagas à empresas privadas do sector da saúde!).

A lógica é a seguinte: agravam-se os impostos e os preços pagos para aceder aos serviços públicos, sempre em nome do desequilíbrio orçamental, para de seguida todos apelarem a cortes na despesa pública. Mas não em qualquer despesa pública! Apenas se pode cortar naquela que corresponde à satisfação de necessidades do povo, dos trabalhadores. Porque a despesa que corresponde a transferências para os grupos económicos monopolistas é sagrada. Veja-se o caso da TSU, do orçamento rectificativo, etc.

Tendo em conta os objectivos, interesses e as referências ideológicas do governo [e da maioria que o suporta (PSD, CDS e PS)], este discurso está mesmo muito bem montado. A referência para comparar a acção política do governo: cortes orçamentais em despesa pública afecta aos interesses e necessidades dos trabalhadores não encontram paralelo nos últimos 50 anos!
Sim! A referência para o actual governo são os útlimos 50 anos - de 1961 a 2011! Ou seja, o branqueamento do fascismo e a referência ao regime democrático conquistado com o 25 de Abril está arrumado numa qualquer velha cave. Entrámos num «tempo novo», num «novo paradigma»...

Por isso, tal como o PCP e a CGTP-IN anunciaram, é fundamental assegurarmos e usarmos o direito à indignação e à resistência contra mais um crime político da política de direita (talvez aquela com mais poder desde o 25 de Abril).

Vamos à luta!

Obrigado, Ricardo

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