sexta-feira, agosto 26, 2011

Reflexões lentas sobre tema imposto - 1ª parte

Como é que um rico chega a rico?

Porque nasceu rico? Há os que o são por assim terem sido paridos, embora alguns deixem de o ser pelo caminho.
Porque trabalharam muito? Há, sim senhor, os que a ricos chegam com muito trabalho e poupança, mas são poucos e pouco ricos.
Porque se meteram em negócios que correram bem? Há, na verdade, os que são ricos porque aproveitaram oportunidades ou as procuraram com afinco e, tantas vezes, pouco ou ausência de escrúpulo.
Porque ganharam o euromilhões, noutra lotaria ou noutro jogo? Há, também, mas estatisticamente são muito raros… senão acabavam as lotarias e fechavam os casinos, e são-no por sorte (ou azar...) e apesar da roda da fortuna poder desandar.

Mas os ricos ricos foram, quase todos e qualquer a origem, feitos de muitos pobres.
Isto digo eu, escorado em leituras várias e experiências mil: os ricos são o produto de exploração do trabalho dos outros, não existiam sem os pobres que os produzem.

Que vale, então, que os ricos todos, ou apenas uns mais “magnânimos” (será por isso?), resolvam, num gesto espectacular resolvam vir propor juntar-se ao chamado “sacrifício de todos” – que apenas tem sido exigido aos pobres!, e, aparentemente, sem força para se oporem –, e se disponham a abdicar de uma parte(zinha) das respectivas fortunas(zonas), de que vale isso se todo o funcionamento social continuar a produzi-los, se os seus rendimentos continuarem a não ser taxados como são os dos trabalhadores e pensionistas, se, acalmada a perturbação provocada pela austeridade, tudo continuar na mesma? Para que serve esse gesto (e a forma tão publicitada de ser eventualmente concretizado) senão para adiar o "acerto de contas" inevitável da/com a História?

haverá uma 2ª parte
(pelo menos) 

3 comentários:

CEBE disse...

Como sempre tens o condão de por palavras simples, que não simplórias, explicar a questão e suscitar interrogações legítimas. Que é o que tanta falta faz neste momento, interrogarmo-nos!

A mim parece-me que alguns destes ricos repararam agora que se espremerem os restantes mortais até ao tutano, deixam de ter quem lhes compre as coisas com que os fazem ricos. E porque fica bem na fotografia parecerem piedosos. Pois que metam a piedade num sítio que eu cá sei! Mas isto é simplificar muito, aguardo com interesse essa 2a parte...

Abraço,
JP

trepadeira disse...

Por trás de cada fortuna,está sempre exploração,miséria,fome e morte e,quase sempre,um ser abjecto.

Um abraço,
mário

Fernando Samuel disse...

E não evitarão o... inevitável «acerto de contas»: essa é que é essa!

Um abraço.