como se anunciou:
«PNUD lança Relatório de Desenvolvimento Humano 2015 com foco nos desafios
do novo mundo do trabalho
Nos últimos 25 anos, 2 mil milhões de pessoas
saíram de uma situação de baixo desenvolvimento
humano.
(O NOVO RELATÓRIO do PNUD DEFENDE TRABALHO
JUSTO E DECENTE PARA TODOS)
.
14 Dezembro 2015
O ritmo acelerado do progresso tecnológico, a
intensificação da globalização, o envelhecimento das sociedades e os desafios
ambientais estão transformando rapidamente o significado atual do trabalho.
Este novo mundo do trabalho representa grandes oportunidades para alguns, mas
também desafios profundos para outros. O Relatório de Desenvolvimento Humano
2015, lançado oficialmente hoje na Etiópia, estimula os governos a agir desde
já, a fim de garantir que ninguém seja deixado para trás em um mundo laboral em
rápida mutação.
O relatório, intitulado O Trabalho como Motor do
Desenvolvimento Humano,
defende trabalho justo e decente para todos. Incentiva os governos a encarar o
trabalho numa perspectiva que vai além dos empregos remunerados para considerar
o trabalho nas suas múltiplas formas, como a prestação de assistência não
remunerada, o trabalho voluntário e o trabalho criativo, todas elas importantes
para o desenvolvimento humano. O relatório sugere que, apenas adotando essa
visão mais ampla, será possível aproveitar verdadeiramente os benefícios do
trabalho em prol do desenvolvimento sustentável.
A necessidade de oportunidades de trabalho mais
inclusivo e sustentável foi também o que enfatizou a administradora mundial do
PNUD, Helen Clark, ao afirmar que “o trabalho decente contribui tanto para a
riqueza das economias quanto para a riqueza das vidas humanas. Todos os países
devem dar resposta aos desafios no novo mundo do trabalho e aproveitar as
oportunidades que permitem melhorar as condições de vida e os meios de
subsistência das pessoas”.
Nos últimos 25 anos, graças à melhoria nas áreas de
saúde e educação, além da redução da pobreza extrema, 2 mil milhões de pessoas
deixaram os baixos níveis de desenvolvimento humano, afirma o relatório. No
entanto, a fim de consolidar esses ganhos e dinamizar o progresso, é necessário
mais foco no universo do trabalho.
Há no mundo hoje 830 milhões de pessoas classificadas
como trabalhadores pobres que vivem com menos de 2 dólares por dia. Mais de 200
milhões de pessoas, incluindo 74 milhões de jovens, estão desempregadas,
enquanto 21 milhões de pessoas são hoje vítimas de trabalho forçado.
“O progresso humano será mais rápido quando todos os
que desejam trabalhar tiverem a oportunidade de o fazer em circunstâncias
dignas. O que se verifica em muitos países, porém, é que as pessoas são
frequentemente excluídas do trabalho remunerado ou recebem menos do que outros
por trabalho de igual valor”, salientou o principal autor do relatório, Selim
Jahan.
Situação das mulheres
O relatório apresenta nova estimativa detalhada sobre
a divisão do trabalho, não apenas o trabalho remunerado, entre homens e
mulheres. Embora as mulheres realizem 52 % de todo o trabalho no mundo, ainda
existem desigualdades evidentes na distribuição do trabalho.
As mulheres têm menos probabilidade de ser pagas por
seu trabalho do que os homens, sendo que três em cada quatro horas de trabalho
não remunerado são realizadas por mulheres. Em contrapartida, os homens
respondem por duas de cada três horas de trabalho remunerado. Considerando que
são as mulheres que assumem a prestação de assistência a membros da família
mais vulneráveis, o relatório adverte que, com o envelhecimento das populações,
essa disparidade pode aumentar.
Nos casos em que as mulheres são remuneradas, elas
auferem, em média, a nível mundial, 24 % menos do que os homens e ocupam menos
de um quarto das posições de chefia nas empresas em todo o mundo.
“Para reduzir essa desigualdade, as sociedades
necessitam de novas políticas, incluindo a melhoria do acesso aos serviços de
prestação de cuidados remunerados. Garantir a igualdade de remuneração,
assegurar licenças maternidade e paternidade remuneradas, e combater o assédio
e as normas sociais que excluem tantas mulheres do trabalho remunerado são
algumas das mudanças necessárias. Isso permitiria que a sobrecarga do trabalho
não remunerado de prestação de assistência fosse partilhada de forma mais
ampla, dando às mulheres a possibilidade efetiva de optar, ou não, por integrar
o mercado de trabalho”, afirmou Helen Clark.
Globalização e revolução digital
A globalização e as mudanças tecnológicas estão criando
um mundo do trabalho cada vez mais polarizado. “Nunca foi tão propício ser um
trabalhador altamente qualificado, mas, por outro lado, os tempos não são
favoráveis aos trabalhadores não qualificados. Essa realidade está aprofundando
as desigualdades”, salientou Selim Jahan.
Os trabalhadores altamente qualificados e os que têm
acesso à tecnologia, incluindo a internet, dispõem de novas oportunidades
associadas aos tipos de trabalho disponíveis e à forma como estes são
realizados. Atualmente, há sete bilhões de linhas de telefones celulares, 2,3 mil milhões de pessoas com smartphones, e 3,2 mil milhões de pessoas com acesso à
internet. Esse fato suscitou numerosas mudanças no mundo do trabalho, como, por
exemplo, o aumento do comércio eletrônico e a externalização maciça de serviços
bancários e de apoio no domínio das tecnologias da informação e da comunicação
(TIC), entre outros.
Contudo, apesar das novas oportunidades, há hoje um
número crescente de empregos vulneráveis, e subsiste um grande fosso digital,
observa o relatório.
Em 2015, 81 % dos domicílios nos países desenvolvidos
têm acesso à internet, mas apenas 34 % nas regiões em desenvolvimento e 7 % nos
países menos desenvolvidos dispõem desse acesso.
Prevê-se que numerosos tipos de trabalho rotineiros,
como os de escritório, desaparecerão ou serão substituídos por computadores, ou
mesmo já desapareceram, enquanto muitos outros trabalhadores enfrentam tipos
diferente de insegurança, adverte o relatório. Segundo a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), 61 % das pessoas empregadas no mundo trabalham
sem contrato, e apenas 27 % da população mundial está coberta por proteção
social geral.
O relatório propõe aos governos formular estratégias
nacionais de emprego que levem em conta os numerosos desafios emergentes no
mundo do trabalho em rápida mutação.
Trabalho sustentável e novas
oportunidades
O relatório aborda as principais funções que o
trabalho pode desempenhar na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS).
Os tipos de trabalho que muitos de nós exercemos terão
de mudar se pretendemos que nossas economias e nossas sociedades façam
verdadeiros progressos rumo a um futuro de baixas emissões (de carbono) e
resistente à mudança global do clima. Essas mudanças influenciarão a
configuração do mercado de trabalho de amanhã”, informa o relatório.
Com o “crescimento verde”, novos postos de trabalho
serão criados, a natureza de outros será transformada, e outros ainda acabarão
por completo. Idealmente, essas mudanças deverão ser apoiadas por redes de
segurança e sistemas de proteção social.
O relatório defende que as oportunidades de trabalho
podem ser fomentadas pelos Objetivos Globais. Estima, por exemplo, que serão
necessários cerca de 45 milhões de trabalhadores adicionais no setor da saúde
para cumprir os objetivos em matéria de saúde dos ODS. Isso traria um aumento
na força de trabalho mundial na área da saúde de 34 milhões, em 2012, para 79
milhões de pessoas, em 2030.
Nova agenda de trabalho
As respostas políticas ao novo mundo do trabalho serão
diferentes de país para país, mas há três grupos principais de políticas que
são fundamentais para os governos e as sociedades poderem maximizar os
benefícios e minimizar as dificuldades no novo mundo do trabalho em evolução.
São necessárias estratégias para criar oportunidades de trabalho e assegurar o
bem-estar dos trabalhadores. O relatório propõe, nesse sentido, uma agenda de
ação com três vertentes:
- Um Novo Contrato Social entre governos, a sociedade e
o setor privado, a fim de assegurar que todos os membros da sociedade,
especialmente os que trabalham fora do setor formal, tenham as suas
necessidades levadas em conta na formulação de políticas;
- Um Acordo Global entre governos para garantir os
direitos e benefícios dos trabalhadores em todo o mundo;
- Uma Agenda para o Trabalho Decente que contemple
todos os trabalhadores e contribua para promover a liberdade de associação, a
igualdade, a segurança e a dignidade humana na vida profissional. »
para ler linha-a-linha,
quase se diria palavra-a-palavra,
para reflectir e comentar
... como iremos tentar fazer,
com a convicção de que,
sendo válidos o diagnóstico e as melhorias
só a alteração de relações sociais
tornarão possível mudar o essencial
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