domingo, dezembro 06, 2015

Reflexões lentas - num domingo de necessário apaziguamento

Nem o bom senso, uma mínima lucidez, trava a campanha. 
É por isso que, sendo tão legítima como a "esquerda", enquanto uma leitura da História e um projecto futuro consequente com ideologias que colocam o indivíduo a prevalecer sobre colectivos, a "direita"  é perigosa. 
Quando se vê em riscos de perder poder ou em saída do poder (do poder de decidir, de governar, de aproveitar ser poder) perde a cabeça. Descamba no radicalismo e no extremismo, acusa toda a "esquerda" de ser radical e extremista, não olha a limites, a meios-termos, perde (com senso) e lucidez. Torna-se perigosa
E desencadeia campanhas. Que têm como alvo a esquerda que tem o objectivo de transformar o mundo, e que também é alvo de ataques da "extrema esquerda", da que quer (ou diz querer) a revolução já!, alheia às condições em que se desenvolve, ou pode desenvolver, a luta revolucionária. Luta que tem um tempo (todo o tempo) para se fazer, e que só pode ser feita com gente... e para as gentes.
Vivemos um momento em que isto nos parece evidente (ou que para nós é evidente).
A campanha anti-comunista chega a ser ridícula, até porque alguns dos seus protagonistas o são. Acabamos de digerir alguns exemplos,e, num texto sobre o 25 de Novembro, que nem se incluiria nessa campanha extremista porque é interessante, útil (e discutível...) encontra-se, no título e no lead, um sinal denunciador dessa campanha falsificadora e ultramontana.
Diz o título, em parangonas, REVOLUÇÃO OU MORTE!, escreve-se no lead "Nos derradeiros três meses da revolução, a disciplina e a hierarquia de numerosos quartéis foram subvertidas por um movimento auto-denominado Soldados Unidos Vencerão (SUV). Apoiado pelo PCP e por toda a extrema-esquerda, nascido no Porto (...)
Neste momento, no meio da linguagem e dos ataques desbragados e falsificadores ao PREC e ao PCP, isto vem mesmo a calhar. Para assustar?!
Quem ler o texto, de J. P. Castanheira, lerá múltiplas referências ao PRP, ao LCI, ao MES, pode ler que "na sua génese (cuja paternidade é dada ao LCI e PRP) participaram também militares ligados ao MES e ao PCP", mas pouco ou quase nada encontrará que justifique o destaque que "merece" o PCP  no lead. Um desses militares, nessa altura ligado ao PCP, diz mesmo "o nosso envolvimento nos SUV foi ditado por essa abordagem estratégica (organizar uma frente de resistência aos saneamentos nos quartéis, movida por Pires Veloso), mas também para temperar o movimento porque aquela malta era louca."
Quantas loucuras e aventureirismos tiveram (e têm) de se evitar ou tentaram evitar por aqueles que, mais tarde, na contrafacção histórica são responsabilizados por loucuras e aventureirismos, ou do que se pretende consensualizar como tendo-o sido!
  
    

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