22.06.2016
Estamos na véspera do referendo no
Reino Unido de ficar ou sair, BRin or BRout?
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Em termos práticos, a questão é
quase absurda:
como pode sair de um projecto de associação de
Estados-membros quem nunca entrou mesmo nesse projecto?
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Quando esse projecto deu os
primeiros passos, o R.U. criou a alternativa zona de comércio livre à fórmula união aduaneira (e PAC) do Mercado Comum.
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Qualquer das fórmulas era resposta,
na correlação de forças de então, do sistema capitalista como associação de
Estados membros europeus à objectiva evolução histórica e à ameaça (económica,
comercial, de cooperação) do socialismo, pelos seus Estados e seu Conselho de
Entreajuda Económica, aos riscos das consequências da força dos movimentos
operários, dos trabalhadores, dos povos nos países de dominância capitalista.
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E quando o R.U. entrou para a CEE, e
levou consigo a prática extinção da AECL (Associação Europeia de Comércio
Livre, de que Portugal fazia parte…), nunca o fez de porta escancarada, sempre com
reservas e excepções para ser “ponte” e manter ligações “britânicas” com o outro
lado do Atlântico… e com outros lados do mundo.
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Mas sistema e resposta global oblige! (mesmo antes da dita
globalização), no entanto e sempre com muitas, as mesmas e novas, reservas e
reticências… de quem está à porta mas não entra.
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Até Maastrich e aos referendos
escandinavos do não a terem de ser
transformado em sim com opting outs,
isto é, aos sim MAS não, à UEM e mais a isto
e mais àquilo…
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… e a provocar que se acabasse com aquela leve
camada de verniz democrático quando a salvaguarda do sistema (no uso e abuso da
posição dominante na correlação de forças) tinha de recorrer a expedientes jurídicos
de unha suja para anular votos bem explícitos do povinho (do que vota e do que
desistiu de votar e de outras coisas… por enquanto)
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Ora,
para manter a etiqueta da “mais velha democracia do mundo” aí está o R.U., aí estão todos
eles metidos em sarilhos outra vez, com recurso à falta de escrúpulos consabida
e muito esquecida.
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Numa
campanha de impressionante e ardilosa manipulação… para evitar o que seria arrasador
demonstração de desprezo do povo pelos argumentos mais dramatizados, para impedir nova grave confirmação da subserviência e impotência do poder político ao poder
financeiro transnacionalizado, para não ser a evidência do desastre em desastre
até ao desastre final.
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Será
amanhã, e será interessante como objecto de análise e estudo para quem queira
acompanhar a evolução do mundo no tempo em que vive
A
revista do Expresso de sábado ilustra-o.
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Invocando
o seu estatuto editorial, e considerando que esta é uma causa comum à cidadania por Portugal participar na U.E.,
entendeu dever, sem prejuízo do
pluralismo de opiniões, conceder voz a
todas as correntes…
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Assim,
deu-nos o privilégio de conhecer um leque de opiniões de 4 colunistas da casa
(o seu mais recente director, os dois Henriques – e que henricas “prendas”… – e
o Daniel Oliveira) reforçado por um dito historiador, ultra-conhecido pelo seu
passado e pelas suas posições de… extrema-direita, e uma deputada do Bloco de
Esquerda.
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Obrigadinho!,
se eu fosse um cidadão britânico saberia – estou certo – como votar e, se
tivesse dúvidas (que tenho sempre sobre tanta coisa!), procuraria outra
informação.
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Porque…com
certeza que faltam opiniões (decerto) representativas de todo o leque de todas as
opiniões que o serão!
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Sei
lá… um “verde”?, um PAN?, alguém assim-mais-ou-menos?, uma vizinha minha que
tem uma opinião que gosto de ouvir e é pena que não o seja e perdeu esta
expressa oportunidade?
Sei
lá… pois… essa, aquela em que me procuro ver representado e, modestamente, procuro
representar, cidadão que sou e de que não abdico. De que nunca abdiquei mesmo quando
se esmagava a cidadania em Portugal.
1 comentário:
Interessante reflexão!Não faltando a pitada de ironia,que eu acho sempre saborosa!È este o panorama da desunião.Mas,hoje,o euro é outro.(Ou talvez não)Bjo
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