Foi quase emocionante voltar aquele espaço. Mas está tão diferente... embora reconhecível.
Agradeço à
Associação Iuri Gagárin o convite e aos
jovens "de Económicas" a presença e participação.
Quanto ao programa, apenas anoto a ausência do moderador,
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pelo que... não fui moderado. E acho que não correu mal.
Vou aqui colocar dois excertos da parte final da (longa) exposição:
1. (…) «Embora não se tratasse de um “mercado comum”-união aduaneira, nem sequer de uma zona de trocas livres, o CAME-COMECON, depois de vinte anos dedicados à recuperação e estruturação em moldes e formatos novos, lançou em 1971 um "Programa geral para extensão e aperfeiçoamento da cooperação e para o progresso da integração económica socialista entre os países-membros", a aplicar a longo prazo, entre 1971 e 1990.
Vejamos alguns dados, tão incertos e tão falíveis como todos.
Entre 1950 e 1970, a produção industrial passou do indicador 100 para 1157 na Bulgária, 1137 na Roménia, 758 na Polónia, 688 na URSS, 535 na RDA, 520 na Hungria e 501 na Checoslováquia, enquanto que, em 5 países “ocidentais” de referência, passou para 460 na Itália, 430 na RFAlemanha, 315 na França, 225 nos Estados Unidos, e 178 no Reino Unido em claro declínio industrial. Em relação a 1939, antes da guerra, essa produção industrial teria crescido 36 vezes na Bulgária, 17 vezes na Roménia e na Polónia, 12 vezes na URSS, 8 vezes na Hungria, 7 vezes na Checoslováquia e 6 vezes na RDA.
Depois da necessidade imperiosa de um crescimento quantitativo, tal como já referi, citando Lenine, no início dos anos 20, para a União Soviética, a grande questão que começa na década de 60, e se coloca com toda a acuidade na década de 70, é a da passagem a uma outra etapa, em que a vertente qualitativa ganhasse maior importância, quer na racionalidade do aproveitamento dos recursos, quer na qualidade dos produtos, com visíveis efeitos na modernidade dos níveis de vida.
Decerto por isso, as décadas de 70 e 80 foram cruciais. E as opções tomadas e concretizadas, muitas vezes à revelia de afirmações de grande fidelidade aos princípios e valores, poderão, eventualmente, ajudar a compreender muito do que veio a acontecer. Teria havido demenos de vigilância revolucionária, de ligação às massas e à sua consciencialização, de reforço da estruturação sócio-política, com particular incidência nos aspectos qualitativos e de racionalidade económica, em coerência com a base teórico-ideológica, e teria havido demais de competitividade com o sistema capitalista, procurando conciliá-la, medida em indicadores do competidor (de classe) com a afirmação da coexistência pacífica como objectivo, sem os mínimos sinais ou garantia de idêntica disposição no outro lado, de adopção do princípio nas relações internacionais.
Para 1988, puderam encontrar-se indicadores de PNB per capita, de Contel System Inc., 1989, em que o valor mais elevado é para o Japão, com mais de 23 mil dólares, a Bélgica teria (ou os belgas teriam…) quase 15 mil, a RDA observaria aproximadamente 12,5 mil, a Checolosváquia cerca de 9,5 mil, a Hungria mais de 8 mil e a Roménia 6,5 mil dólares, o que se pode confrontar com os menos de 3,5 mil de Portugal.
Desde o início desta minha exposição, venho sendo acompanhado pelas representações estatísticas de realidades tão diferentes em que, por exemplo, as dispersões de rendimentos não atenuam, moderam ou corrigem o monopólio das médias estatísticas (e dos mídia…), como o ilustram os indicadores económicos ou economicistas per capita. (...)»
2º excerto amanhã