La economista brasileña, Dilma Rousseff, se convirtió este domingo en la primera mujer electa presidenta de ese país en 121 años de República, al vencer en la segunda vuelta de las elecciones con 55 por ciento de los votos a su rival de derecha, José Serra, que alcanzó 44 por ciento.
domingo, outubro 31, 2010
Dilma ganhou
La economista brasileña, Dilma Rousseff, se convirtió este domingo en la primera mujer electa presidenta de ese país en 121 años de República, al vencer en la segunda vuelta de las elecciones con 55 por ciento de los votos a su rival de derecha, José Serra, que alcanzó 44 por ciento.
Ex-citações outras
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(mais ou menos assim...)
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... há sempre tanto para aprender, há sempre tanto para desaprender, há sempre tanto em nós que está em mudança, há sempre tanto em nós a confirmar-nos, há sempre tanto em nós a negar-nos... nunca estamos acabados!
Hoje, gostava de ser brasileiro
De ex-citação em ex-citação – ele há economistas e economistas
Claro que nas viagens de ida e de volta, ouvindo as novidades sobre o acordo Santos-Catroga, ou PSD-Governo, ou Cavaco-banqueiros, a dita ex-citação me visitava de vez em quando, e dela me servi na tarefa a que ia e de onde vinha.
Ora o sr. Marx, na resposta ao sr. Proudhon escusava de ter sido tão agressivo para com os economistas! Ou, sendo-o justamente para alguns economistas (e estou verdadeiramente farto de os ouvir…) poderia ter deixado dito que… há economistas e economistas. Não deixar a possibilidade de todos serem metidos no mesmo saco...
(Quem não se sente, não é filho de boa gente!)
Por isso, no regresso a casa, após as viagens e as reflexões que me acompanharam, fui buscar a minha obra capitalzinha (o livro com base no meu doutoramento, de 1988), e de lá retirei uma ex-citação para hoje:
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«(…) Se deve ser esta a atitude de um marxista, não se pode ignorar ou menosprezar o desenvolvimento notável das ciências e técnicas económicas e sociais contemporâneas de raiz burguesa, que Boccara chama “alquimia moderna, produto do capitalismo monopolista de Estado”, do seu aparecimento, ascensão e crises; no entanto, os seus intérpretes – o pensamento económico “burguês” – viram as costas, por vezes quase com aparente desprezo, a esse imenso trabalho da ciência económica – quanto mais não fosse “de arrumação” – que é O Capital, para já nem falar da atitude relativamente ao que se lhe seguiu e é hoje uma realidade irrecusável. Já Lénine dizia que “a ciência oficial” tentava matar, por uma conspiração de silêncio, a obra de Marx.
«O economista não-marxista (“vulgar”) é “obrigado” a conhecer aquilo de que necessita – e pode conhecer muito bem, como muitas vezes sucede –, promovendo técnicas ao estatuto de ciência e/ou teorizando sobre práticas localizadas ou especulando sobre “modelos" sofisticados construídos em bibliotecas, gabinetes e bancos, com dados de bem discutível credibilidade;
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Em formulação de resumo, nesta tarefa permanente – até por decisão congressual e de comités centrais – de estudar, estudar, estudar sempre, ainda que (ou porque) há tanto para fazer, e divulgar:
- há economistas que sabem "muito" de "coisa nenhuma";
- há economistas que sabem "pouco" – o mais de que são capazes… – de “tudo”.
sábado, outubro 30, 2010
Só truques! (2ª edição)
Ex-citação para hoje
«Os economistas têm uma maneira singular de proceder. Para eles há duas espécies de instituições, as da arte e as da Natureza. As instituições da feudalidade são instituições artificiais, as da burguesia são instituições naturais. Eles parecem-se nisso com os teólogos, que, também eles, estabelecem duas espécies de religião. Toda a religião que não é a deles é uma invenção dos homens, enquanto que a sua própria religião é uma emanação de Deus (Karl Marx, Misère de la philosophie. Réponse à la Philosophie de la misère de M. Proudhon, 1847, p. 113)» em nota 33 nas pp. 97/98 de O Capital, Livro Primeiro, Tomo I)
"Situação económica nos países socialistas antes e agora"
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Na evolução do crescimento estritamente económico, ou assim considerado, entre 1990 e 2007, nos 167 países para que foi possível arrolar dados, e tirando as pequenas repúblicas socialistas soviéticas que se tornaram países autónomos, pode encontrar-se a Ucrânia que observou uma queda média anual de 0,7%, o que é impressionante (e ajudará a explicar tantos ucanianos nossos vizinhos), e contraria a evolução geral que é de crescimento (dos PIB, repito), com a Federação Russa a crescer 1,2%, a Bulgária e a Roménia 2,3%, a República Checa 3,3% e a Eslováquia 3,4%, e a Polónia 4,4% enquanto a referência Portugal é de 1,9%.
Em contrapartida, no que respeita ao IDH global, a evolução é, para todos os países, muito mais negativa. Apenas com a correcção da inclusão de indicadores relativos à saúde e educação, dos 115 países que foi possível listar, a Federação Russa tem uma evolução negativa média anual de -0,03%, o 6º pior resultado, a Roménia +0,37%, a República Checa de 0,38%, a Hungria de 0,47%, a Polónia de 0,52%, exactamente o mesmo valor que Portugal.
Parece-me muito significativo o confronto entre a evolução dos PIB percapita (média para que entram as enormes fortunas entretanto criadas por essas paragens, com as suas mafias que lhes permitem tudo comprar... até clubes de futebol) e a dos IDH, mostrando insofismavelmente uma degradação da situação social, do “desenvolvimento humano”, em si mesmo e relativamente ao crescimento económico médio.
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Terei sido demasiado apologético?, terei abundado em ilusões sem esperanças de concretização, isto é, não sendo alternativa para nada, como a História provaria?
Talvez… neutro nunca fui, nem quando isso envolvia outros riscos, alternativa estou convencido que temos e somos, até porque este beco a que a financeirização da economia nos conduziu não pode ser o fim da História e exige uma mudança de rumo.
E ela tem de ser possível por impossível que pareça.
Termino parafraseando José Gomes Ferreira, as revoluções perdem-se quando os homens desistem de lutar pelo que parece impossível de alcançar, o sonho inatingível que cantava Jacques Brel em “O homem da Mancha” (D. Quixote), e Iuri Gagárin simbolizou.
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Logo se recomeça, e mais adiante se alcançará.
sexta-feira, outubro 29, 2010
Decisivo!
Humilhadas e ofendidas
«Os corpos do delito
Não tenho por costume folhetinizar em episódios estas crónicas (como o taoista, chamo-lhes assim porque não sei que nome têm e posto que tenho que chamar-lhes alguma coisa), mas as declarações do "porta-voz oficial da PSP" ao DN acerca da detenção de quatro raparigas e um rapaz da JCP que pintavam um mural na Rotunda das Olaias, em Lisboa, talvez justifiquem, na sua exemplaridade novilinguística, uma excepção.
A PSP considera naturalíssimo e "decorre[nte] das medidas cautelares de polícia" que duas das jovens detidas (menores, tudo o indica) tenham sido obrigadas a despir-se completamente na esquadra. Porque tudo terá tido, pelos vistos, a maior pureza de propósitos: fazer-lhes uma "revista sumária" (imagine-se o que será uma "revista completa") à procura de "armas, de fogo ou brancas" ou "produtos cujo transporte pode ser considerado crime, nomeadamente drogas".
Dir-se-ia, pois, que é rotina da PSP, de modo a pôr a nu todas as suspeitas possíveis sobre comuns cidadãos "conduzidos à esquadra", pedir-lhes o BI e mandá-los logo pôr-se em pelota. Talvez seja, mas, a crer no que se passou, será só com jovens raparigas, já que, no caso, os agentes se dispensaram de qualquer actividade por assim dizer investigatória no corpo do rapaz. Aparentemente, nem as mochilas do grupo terão sido revistadas. Só os corpos das jovens.
Há-de ter havido um bom motivo para isso. Talvez até mais do que um.»
Já leste o avante! desta semana?
Talvez embalado pela animação da conversa após a exposição que a introduzira, atirei uma pergunta provocatória: “… e, aqui entre nós, quantos leram o avante!, quantos lêem O Militante?”.
No dito balanço, levantaram-se-me dúvidas sobre se deveria ter posta a pergunta. Não pela sua intenção provocatória, mas por estarmos em iniciativa que não era partidária. Na viagem de regresso, vim, auto-criticamente, reflectindo sobre a questão.
O que eu queria, com a pergunta, era bem sublinhar como estamos, TODOS, sujeitos a uma avassaladora campanha de (des)informação, ao serviço de uma classe, quer na actualidade quer no contar da História. E que é indispensável, pelo menos, tentar completar essa “informação”.
A pergunta-provocação vinha na sequência de uma exposição em conversa em que se abordara o muro de Berlim (que a esmagadora maioria de nós ignora que apenas se ergueu em 1961, 12 anos depois da formação de um País, e 7 anos depois da afirmação da sua soberania, de um País chamado República Democrática Alemã, reconhecido pelas Nações Unidas – conjuntamente com a RFA, em 1973 - e numa cidade que, estando no meio desse País, continuava, numa parte do seu espaço, ocupada por três potências estrangeiras que se recusavam a negociar a saída), e em que se falara, sobretudo, dos indicadores com que se caracterizam as situações económicas e sociais dos países e do que eles representam como expressão de uma abordagem da economia classista e sem contraponto, ou contraditório como é “de bem” dizer…
Por isso mesmo, a desejada pertinência da lembrança da existência de uma informação que, sendo outra – de outra classe… –, deveria ser procurada por todos os que se querem informados, seja-se ou não do Partido que a edita. E da necessidade de a ler.
A começar por nós, que também estamos permanente e sistematicamente a ser submergidos pela outra (des)informação – de outra classe…!
Ainda sobre animação
Dia 29 de Outubro às 20:00.
Centre Pompidou - Les films à voir (2009-2010) - Art culture musée expositions cinémas conférences
www.centrepompidou.fr
"Situação económica nos países socialistas antes e depois"
Agradeço à Associação Iuri Gagárin o convite e aos jovens "de Económicas" a presença e participação.
Quanto ao programa, apenas anoto a ausência do moderador, pelo que... não fui moderado. E acho que não correu mal.
1. (…) «Embora não se tratasse de um “mercado comum”-união aduaneira, nem sequer de uma zona de trocas livres, o CAME-COMECON, depois de vinte anos dedicados à recuperação e estruturação em moldes e formatos novos, lançou em 1971 um "Programa geral para extensão e aperfeiçoamento da cooperação e para o progresso da integração económica socialista entre os países-membros", a aplicar a longo prazo, entre 1971 e 1990.
Vejamos alguns dados, tão incertos e tão falíveis como todos.
Entre 1950 e 1970, a produção industrial passou do indicador 100 para 1157 na Bulgária, 1137 na Roménia, 758 na Polónia, 688 na URSS, 535 na RDA, 520 na Hungria e 501 na Checoslováquia, enquanto que, em 5 países “ocidentais” de referência, passou para 460 na Itália, 430 na RFAlemanha, 315 na França, 225 nos Estados Unidos, e 178 no Reino Unido em claro declínio industrial. Em relação a 1939, antes da guerra, essa produção industrial teria crescido 36 vezes na Bulgária, 17 vezes na Roménia e na Polónia, 12 vezes na URSS, 8 vezes na Hungria, 7 vezes na Checoslováquia e 6 vezes na RDA.
Depois da necessidade imperiosa de um crescimento quantitativo, tal como já referi, citando Lenine, no início dos anos 20, para a União Soviética, a grande questão que começa na década de 60, e se coloca com toda a acuidade na década de 70, é a da passagem a uma outra etapa, em que a vertente qualitativa ganhasse maior importância, quer na racionalidade do aproveitamento dos recursos, quer na qualidade dos produtos, com visíveis efeitos na modernidade dos níveis de vida.
Decerto por isso, as décadas de 70 e 80 foram cruciais. E as opções tomadas e concretizadas, muitas vezes à revelia de afirmações de grande fidelidade aos princípios e valores, poderão, eventualmente, ajudar a compreender muito do que veio a acontecer. Teria havido demenos de vigilância revolucionária, de ligação às massas e à sua consciencialização, de reforço da estruturação sócio-política, com particular incidência nos aspectos qualitativos e de racionalidade económica, em coerência com a base teórico-ideológica, e teria havido demais de competitividade com o sistema capitalista, procurando conciliá-la, medida em indicadores do competidor (de classe) com a afirmação da coexistência pacífica como objectivo, sem os mínimos sinais ou garantia de idêntica disposição no outro lado, de adopção do princípio nas relações internacionais.
Desde o início desta minha exposição, venho sendo acompanhado pelas representações estatísticas de realidades tão diferentes em que, por exemplo, as dispersões de rendimentos não atenuam, moderam ou corrigem o monopólio das médias estatísticas (e dos mídia…), como o ilustram os indicadores económicos ou economicistas per capita. (...)»
quinta-feira, outubro 28, 2010
A dar à perna em vão...
Muito falaram aquelas quatro (e mais uma) almas! E tanto que sabem de tão pouca coisa...
Não vou ficar aqui a comentar, venho só deixar uma imagem que se foi instalando em mim.
Toda esta gente parece um grupo de cicloturistas ou de ciclistas que se farta de pedalar mas em bicicleta a que saltou a corrente. Já vos aconteceu? Aquela sensação – que eu vivi há muitos anos – de dar à perna em vão e sem sair do mesmo sítio.
Incapazes de saltarem da bicicleta e de procurarem fazer o caminho de outra maneira, a pé por exemplo e acompanhados pela malta mas num outro rumo, o que começa a ganhar consenso, e disso vão querendo convencer quem os ouve, é que a vinda do FMI é não só necessária mas muito útil: lá o tal do FMI colocaria a corrente na roda dentada e ainda nos/lhes daria um empurrão nas nádegas para eles continuarem o mesmo rumo direitos ao muro do beco que está ali à frente!
Vou deixá-los a pedalar em seco, e vou “matar saudades”: no “meu Quelhas", lembrar percursos vivos e que vivos voltarão a ser em outras vidas. Diferentes, muito diferentes as vidas e como as realizar… mas iguais.
quarta-feira, outubro 27, 2010
Que grande confusão...
Que confusão!
A "lei do Far-West"
Esta foi a 19ª vez que as Nações Unidas condenaram o "réu" EUA pela sua política em relação a Cuba!
Retrato de um "artista" velho cão... ou
(Tenho de começar a trabalhar noutras coisas mas não consigo… antes tenho de me libertar daquilo a que obrigou esta tarefa de ouvir atentamente Cavaco Silva e, em representação da candidatura do camarada Francisco Lopes, participar num debate na televisão, e o recurso a catárticas frases latinórias não foi bastante... talvez com a ajuda do Dylan Thomas me liberte).
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Eu, eu conheço, eu sei, eu tenho experiência, eu alertei, eu fiz, eu aconteci, o que seria deste País sem mim?, se eu não fosse tão bom teria outras opções pessoais mas o meu dever é pôr toda a minha bondade ao serviço de, eu que já servi o que tinha a servir, agora comandante-chefe resolvi continuar porque sei que precisam de mim…
E as suas responsabilidades na situação em que estamos? Dos seus anos de ministro das finanças e 1º ministro (10-anos-10)? Do seu “magistério” presidencial? Isso não lembra ele… mas tem de ser lembrado a quem lhe está a sofrer as consequências!
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Antes de apagar a luz...
... tanto elogio em tal boca própria é despautério
... aqueles elogios naquela boca própria fedem
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(frases latinas... ou lá perto!)
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Boa noite!
terça-feira, outubro 26, 2010
Ele dizem-se coisas...
Também nas leituras assim é. Lê-se o que salta mais à vista, nas páginas “nobres” e em especial na primeira, última e impares dos cadernos principais, depois ler-se-á o resto, os rabiscos... se houver tempo.
E então não é que, num desses rabiscos do espesso semanário de sábado, apanho um senhor “comissário europeu”, isto é, um membro da Comissão da União Europeia, a dizer que "a nossa estratégia é claramente recolocar o mercado financeiro ao serviço da economia e não o contrário”?!
É verdade que “são coisas que se dizem” bem ao revés das que se fazem, mas ler esta frase foi curioso, dita por quem foi. É que esta frase estaria muito bem na campanha do PCP Pôr Portugal a Produzir, ou seja, fazer com que o mercado financeiro servisse a economia e não o contrário!
"Timing" encavacado
segunda-feira, outubro 25, 2010
A negociação dos calhordas, perdão, dos Catrogas
As palavras são armas, como tu dizes
Leiam, se fazem favor.
Reflexões lentas e ao retardador
Ela pode referir-se como sendo a das “razões chinesas”. E, embora pareça questão ao lado da da atribuição do PNP, as razões (ou melhor: a estratégia e os critérios) que levaram à sua atribuição tinham de levar às “razões chineses” porque o que subjaz na escolha é não a paz e acordos entre Estados (e outros itens do critério de atribuição) mas a dissidência enquanto direito humano e a sua repressão na China. Por isso, quais as razões (se assim me consentem que diga…) que a China tinha para reprimir a dissidência de Liu Xaobo.
Desde logo, não concedo que toda a dissidência e toda a maneira de a manifestar sejam direitos intocáveis por fazerem parte do direito à liberdade, e este ser um absoluto, ou até o direito.
Um homem tem o direito de pensar que o seu país, a comunidade em que nasceu e vive deveria ser uma colónia de um outro grupo de países com poder colonizador, e que o deveria ser per omnia secula seculorum ou por tantos séculos quantos os necessários (a acrescentar aos séculos de colonizado que já teve) para assimilar o sistema que nesse grupo de países vigora… com todo o vigor e como se fosse o fim da humanidade (incluindo, portanto, países colonizadores e países colonizados).
E não só um homem tem esse direito de assim pensar, como tem o de o afirmar, mas terá o direito de o manifestar de todas as maneiras? Como a de se colocar ao serviço desses grupo de países colonizadores, chamemos-lhe metrópoles, a de utilizar e ser utilizado pelos poderosíssimos meios de que as metrópoles dispõem, em desafio descoberto e encoberto ao que o seu próprio país parece querer, libertar-se de laços coloniais e da miséria que estes provocaram e ainda provocam a milhares de milhões de compatriotas seus?
Para não gastar muito mais cera, para a concretização desse seu sonho, Liu Xaobo, como li, por exemplo em “Réseau Voltaire”, tem agido continuadamente desde 1988, como o mostrou em entrevista a um jornalista sueco em 2006, em que “celebrou a guerra estado-unidense para exportação da democracia para o Iraque, estando-se em presença de um personagem que, contra o seu país invoca directamente o domínio colonial e indirectamente a guerra de agressão; é um sonho que lhe vale, ao mesmo tempo, a detenção em prisões chinesas e o Prémio Nobel da Paz”.
Dir-me-ão, e pertinentemente, que mais escandalosa foi a atribuição do PNP a Obama no ano passado porque, por mais que haja quem o queira mostrar como um campeão da Paz, continua a ser, e sem tréguas, a imagem da guerra que se faz e exporta. No entanto, o que a atribuição deste ano provoca são outras reflexões, não as da atribuição do prémio a quem se considera poder merecer “prémio” contrário pelo que não fez pela Paz e pelo que continua protagonizar como Guerra (porquê, se ainda não, se tem intenções de seriam outras questões), mas a atribuição do prémio por critérios e razões colaterais aos da criação e ao título que ele tem.
domingo, outubro 24, 2010
ISSO DE SER ex-PCP
2ª questão prévia: eu acho que isso de ser ex-comunista deveria implicar isso de ser ex-PCP porque não aceito (porque é muito perigoso) isso de nunca se ter sido ou ter deixado de ser comunista e continuar a ser PCP.
3ª questão prévia: há quem não ache o que eu acho, mas, desta feita, já não acho isso muito bem porque se está a querer mostrar ser uma coisa que já se não é.
4ª questão prévia: esta condição de ser isso de ser ex-PCP não pode ser confundido (a começar pelo próprio) com ser aquilo de ser anti-PCP e anti-comunista.
5ª questão prévia: há quem seja isso de ser ex-PCP e continue a considerar-se isto de ser comunista (o que complica um bocado as coisas… sobretudo para quem assim se considera as duas coisas).
Isso de ser ex-PCP pode ter acontecido de várias formas.
Suponhamos alguém que era do PCP de corpo e alma inteiros e, ou se cansou, ou se desiludiu, ou não aguentou a pressão (que é muita, podem acreditar os que não passaram por aqui), ou teve uma paixão daquelas-que, e resolveu deixar de ser do PCP, embora continuando, dentro de si, a dizer(-se) que nada mudou, que continua comunista embora ex-PCP.
Suponhamos alguém que era do PCP por razões pessoais que não as de ser e/ou sentir-se (o que não bem o mesmo…) comunista deixou de ter essas razões.
Suponhamos alguém que era do PCP sem cálculo (de razões suas, pessoais) mas sem o ser de corpo e alma inteiros, isto é, não a sua pele mas uma camisa vestida e assumida, que foi maltratado por outrem do PCP (que talvez lá estivesse só de passagem…) ou até pela própria organização do colectivo (pois, como todos, é formado por seres humanos, e erra!), e tanto sentiu o mau trato que resolveu despir, talvez provisoriamente, a camisa.
Estes são casos recuperáveis (quanto à situação…). Por se terem sentido centrifugados, têm condições (subjectivas) de vir a dimensionar o que lhes aconteceu e… centripetar-se. Mas é difícil, porque é uma revisão muito só e as ajudas são difíceis, embora uma seja indispensável: a de não se fecharem portas!
De todas as formas por que tenha sido, isso de ser ex-PCP não deveria ter a consequência de ser também anti-PCP e/ou anti-comunista. … e ter raiva a quem o continua a ser
Mas tudo isto decorre do cruzamento de condições objectivas e de condições subjectivas que, como se sabe, estão sempre a mudar.
Uma última questão (não prévia e não póstuma): Sendo isso de ser comunista e, por isso, isso de ser do PCP, gosto de lanchar, conversar, conviver com muitos que não o são (o que não aconteceria se fossem anti-comunistas e anti-PCP), e não tanto com alguns que são isso que eu sou.
Coisas que me passam pela cabeça
... e então Marx disse: a religião é o ópio do povo... acabe-se com a religião!
Vai daí, Lenine fez o decreto e Staline pô-lo em execução (já vão dizer: executou-o!... 'tou mesmo a ver...).
(é para lembrar isto que servem os anónimos!)
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Entretanto, o "Ser Supremo" reagiu e entrou na luta de classes. Com a ajuda de Keynes, e este com o argumento de que era preciso manter a procura efectiva, pôs os desempregados a construir estádios ao lado das basílicas (nalguns casos no sítio das ditas) que ninguém sabia para que serviam mas, ao 7º dia, em vez de descansarem, os dois inventaram o futebol.
Os desempregados passaram a ir "à bola" gastar o chorudo subsídio de desemprego. Isto enquanto o "Ser Supremo" (agora com o heterónimo de "Os Mercados") não inventa outro ópio que este já tem os dias contados, isto é, os estádios vazios.
Cá pelo rectângulo ibérico, para nos fazer crescer a auto-estima por ele, o Sócrates (con)sagrou-se o Primeiro Ministro dos Maiores Mentirosos (1º MMM), com direito a lugar no Guiness (pretinha e não muito fresca, se faz favor!). Do mesmo lado, o Passos (de) Coelho anda de roxo (ou de rojo?) na procissão dos ditos, com os olhos no chão à procura da responsabilidade que parece que perdeu e da maturidade que nunca teve (isto é o que dizem os "outros" Silvas Pereiras...).
Por fim - como podia ter sido no princípio, mas este fica para o verbo -, também há quem diga que o doutor Cavaco, de sobrenome Presidente da Silva, se atirou ao mar salgado quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.
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A culpa é dos anónimos anónimos.
Mas não o Mosteiro, os de Sousa.
Domingo, 24 de Outubro de 2010, fixem este dia!
Hoje, 24 de Outubro de 2010, é o primeiro domingo em que, em Portugal, grandes superfícies, mega-lojas, essas catedrais do consumo, esses espaços que substituem os jardins e outros locais onde se passeavam os desempregados e os reformados jogavam as cartas, vão também abrir o dia inteiro ao domingo. Até à meia-noite… porque depois da meia-noite já é amanhã, isto é, segunda- feira.
A coberto de legislação aprovada, e com o aviso de 24 horas às câmaras municipais, começa hoje um novo ciclo de vida para muitos portugueses.
Vai ser uma festa! Vão-se criar imensos postos de trabalho, e há mesmo o receio que não haja desempregados que cheguem…
Quanto a horários de trabalho, pagamento suplementar por trabalho em fim-de-semana e velharias dessas é melhor esquecer. Isto dizem eles…
sábado, outubro 23, 2010
Poemas cucos (e outras coisas cucas) - 28
Fernando Pessoa
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Ó mar salgado, quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal!
Por não te cruzarmos, quantas mães choram,
quantos pescadores já não pescam!
Quantos recursos estão por empregar
por teres deixado de ser nosso, ó mar!
Valeu a pena? Para uns, valeu muito a pena,
porque esse stêm a alma tão pequena.
Nem sequer querem saber se é dor
o que sentem os que sofrem da economia o horror.
Lembra-se do mar o Cavaco, aquele que entristeceu
com o que o império (e ele próprio) entreteceu.
Associação Iuri Gagarin e ISEG
Ver aqui
ISTO DE SER do PCP…
2ª questão prévia: eu acho que isto de ser comunista implica isto de ser do PCP.
3ª questão prévia: há quem não ache o que eu acho, e acho isso muito bem.
4ª questão prévia: há quem seja isto de ser do PCP e não seja isto de ser comunista (o que complica muito as coisas…).
5ª questão prévia: basta de questões prévias.
Isto de ser do PCP, para mim, decorre de isto de ser comunista. Ser-se comunista implica, como já disse ser a minha perspectiva, sê-lo em colectivo, com organização, estatutos, disciplina e luta contínua.
A organização só pode ser o Partido Comunista (e se o comunista é português) Português; os estatutos são as regras por que se regem os membros da organização; a disciplina é o respeito por e o cumprimento dessas regras; a luta contínua é a assunção e prática de tarefas que o colectivo organizado e com estatutos atribui a cada um dos seus e a todos, no quadro histórico da luta de classes.
No caso do PCP, o partido dos comunistas portugueses criado em 1921, há estatutos que o colectivo aprovou e vai mudando quando, como colectivo e em Congresso, entende dever fazê-lo, tem um Programa idem, idem, aspas, aspas, e tem uma declaração programática que idem, idem, aspas, aspas.
Define-se como sendo o partido da classe operária e de todos os trabalhadores, tem uma base teórica, o marxismo-leninismo, e uma forma de organização, o centralismo democrático, que é a de ser democrática na discussão e tomada de decisões e ter uma direcção única sem aceitar constituição de tendências e fracções. A base teórica apela ao estudo permanente (aprender, aprender, aprender sempre), num ambiente cultural que se pretende abúlico, e o centralismo democrático é muito exigente no equilíbrio entre a prática democrática e o centralismo da direcção, num contexto político eivado de preconceitos e conceitos distorcidos e esvaziados.
O PCP coexiste com o sistema contra que luta, em todas as frentes, e que pretende substituir.
É assim que o vejo, como colectivo, e tenho perfeita consciência que não há unanimismo, que há permanentes riscos de sectarismo e de centrifugações, de transfusões e de "transfugações". Por e para tanto deve existir sempre, em cada um dos seus membros, vigilância revolucionária a começar por si próprio. Com a certeza das fragilidades e fraquezas de cada um.
Não é fácil… mas é exaltante!
No beco da má fama?!
Não podemos ter qualquer dúvida que vivemos em capitalismo. Em capitalismo na sua fase imperialista, com o seu funcionamento orientado para a acumulação do capital na forma de dinheiro.
Não será esta a terminologia, claro, mas ninguém pode negar que a economia é dominada pelos grupos financeiros que têm uma cupidez cega, que os “off-shore” existem, que há “banditismo bancário” (expressão de J. Ziegler), que há uma rede de solidariedade/sabotagem prestamista (o BCE a emprestar aos bancos privados a 1% e a não emprestar aos Governos) que os juros que são cobrados aos Estados são determinados por umas entidades fantasmagóricos que elaboram pareceres que lhes são pagos por quem lhos encomenda para que sejam assim, que se privatiza tudo quanto é público e possa dar lucro e que se pretende acabar com tudo o que é público e não dê lucro privatizável, que "o público" apenas serviria para parcerias público-privadas para distribuir pelo público (por todos) os custos e para privatizar (por uns poucos) as receitas. Tudo isto (e muito mais) se sabe. Porque não há maneira de o esconder!
Mas… não haveria mais mundo para além deste beco! Quer no tempo, quer no espaço. Viveríamos neste mundo de fatalidade. Único, e estação final da humanidade, apenas com uns recantos onde não será assim, mas de que se faz o retrato muito pior que o do beco, de total falência, de miséria, de impossível sobrevivência, em violento estertor esmagando as liberdades individualíssimas e a paz.
As 24 horas da informação nossa de cada dia, os sessenta minutos televisivos de cada hora têm uma finalidade: convencerem-nos de isto!, que é assim e que é tudo.
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Sempre – todos! - com o grande cuidado de controlar a informação para se dar da realidade o que se quer que seja a imagem da realidade, e para evitar que tenha som, eco, credibilidade, o que possa sequer fazer vislumbrar que há mundo e vida e futuro para lá do beco. Que há alternativa! O Socialismo. O que merece o nome e não este de pacotilha.
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sexta-feira, outubro 22, 2010
Exame de admissão a 1º ministro e ministro das finanças(*)
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Se V.Excia. quiser repartir o bolo em 4 fatias iguais (não se assuste V.Excia., isto é apenas um exercício) tem de dividir 1 por 4;
no entanto, se V.Excia. quiser dividir o bolo por 3 fatias, terá que dividir 1 (mantendo-se o bolo igual) pelo denominador 3.
Está V.Excia. a acompanhar?
A questão que se coloca a V. Excia. é a seguinte:
Em que caso é que a fatia que cabe a cada um é maior?
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(*) - Os Excelentíssimos candidatos (candidato tem direito a estatuto e protocolo de excelência) a 1º ministro são dispensados de prova escrita e a oral pode ser feita por telemóvel e ao domingo.
(**) - O facto do PCP dizer que é preciso, que é urgente, pôr Portugal a Produzir não deve influenciar a resposta de V.Excia.
AQUILO DE SER ex-comunista…
(Aliás, lembrei-me agorinha de um companheiro de viagem do paquete Moçambique - viagem de fim de curso a Angola, em 1958 - que me deu um cartão de visita com o nome dele e, por baixo, ex- seguido de várias “qualidades”, até à última de ex-passageiro do paquete Moçambique.)
Fechado o parênteses, melhor que ser ex-, assim sem mais nada, é ser ex-comunista. Isso é que é. Desde logo, é atestado de maturidade… e de “ter escola”, de ter aprendido onde se aprendem coisas que, depois, nunca se desaprendem todas, embora se ponham ao serviço do contrário da finalidade para que foram aprendidas.
Nem todos os ex-comunistas são iguais. Claro que não. Nunca alguém é igual a outrem. Mas é uma enorme qualidade comum de vários.
Há os que são ex-comunistas porque nunca foram comunistas mas viram no fazerem de conta que o eram uma oportunidade. E como não deu, deixaram de ser o que nunca foram.
Há os que são ex-comunistas porque se desiludiram, isto é, não eram comunistas por o serem mas porque tinham ilusões, que é coisa que os comunistas não podem ter.
Há os que são ex-comunistas porque ficaram “órfãos” da União Soviética, ou seja, tinham uma ideia de que ser comunista era estar ao lado, a par de uma certa realidade que seria inevitável vencedora de um confronto e que, naquele tempo histórico, o perdeu. E como tinham uma curta medida para o tempo histórico, ou seja lhes faltava substrato histórico/ideológico… recusaram a orfandade.
Ah!, há tantas maneiras de se chegar a ex-comunista. Não posso referir todas. Nem as muitas que conheço (de ginjeira…). Mas não quero deixar de deixar referência aos que, antes de serem ex- definitivos passaram por ser ainda mais comunistas do que o eram, achando errada a maneira como o eram aqueles que o eram e continuam a ser. Quase todos desistiram depressa e passaram a ex-comunistas; alguns, passaram depressa a ex-comunistas e em acumulação com serem outras coisas, até "subirem" a deputados, secretários de Estado e ministros. E de tão ex-comunistas são mais anti-comunistas que os anti-comunistas. São vidas!
Ah! e há ainda os ex-comunistas que se recusam sê-lo porque seriam, isso sim, os únicos comunistas, os mais que todos, puros, únicos e intransmissíveis, sozinhos ou em grupinho, e que o são sempre ao ataque aos que os são em colectivo, com estatutos, organização e luta contínua.
As eleições no Brasil
Já chega!
Terei chegado ao meu ponto de saturação (embora me pareça que estamos TODOS muito cansados) com a entrevista de ontem do ministro das finanças a Judite de Sousa.
Ontem à noite deu-me a fartura. Mas, antes, ainda fiz umas contas, embora já um tanto perturbado:
- Se o objectivo absolutamente inquestionável é o de 4,6% de défice orçamental,
- como o défice orçamental é um cociente saldo do orçamento/PIB,
- como na previsão orçamental o crescimento do PIB é de 0,2% (em que ninguém acredita),
- se em vez de 0,2% for -2%, e tudo o resto mantiver igual, quais as consequências?
Em vez do défice ser de 4,6% passará a ser de 4,703%, e lá se vai o inquestionável objectivo!
Mas se, em vez do crescimento do PIB ser o que se diz previsível neste rumo das políticas, aumentasse 2% por efeito de se Pôr Portugal a Produzir, o défice – com tudo o resto igual –, em vez de ser 4,6% do PIB seria de 4,519%... e os “mercados” ficariam mais tranquilos (como “eles” dizem)
Isto é apenas num exercício com fracções, por mera alteração do denominador. Mas elucidativo, acho eu ... enquanto acho coisas.
quinta-feira, outubro 21, 2010
Agressões aqui para ganhar votos ali
Querem falar da Venezuela?
Da leitura durante o almoço...
Bom dia! há-de ser melhor que o de ontem...
Enquanto procurava trabalhar noutras coisas, pensar noutras vidas, até porque nada (ou pouco) me obrigava a sair desta secretária, fui apanhando, ali no canto da pequena televisão, com o Passos de Coelho a dar sempre a ideia que o passo é maior que a perna, o debate sobre o salário mínimo (ai! as barbaridades que lá se disseram… e sem lá estar alguém do governo), a Dona Alçada e seus secretários de Estado (porque será que os S.E. da Educação são sempre aqueles cromos inenarráveis?), o Silva Pereira com aquele ar insuportável a dizer que não-é-assim-que-se-faz, os comentadores muitos…
Há mesmo dias em que não se pode ficar em casa! Ainda bem que, hoje, vou sair já (para a Universidade Sénior…)
.
Estou a ouvir dois… economistas (na Sic-notícias, às 23 e qualquer coisa)!
Não sei se recuperarei!
Tomo umas notas, vou tomar um sedativo forte, vou ler um bocado… amanhã verei.
“Em Portugal não há manifestações!”, diz um… e eu fico parvo a olhar para ele. E, bi-polar, tem todo um discurso rasteiro a alimentar aquela ideia de que a vinda do FMI até seria boa porque e porque... o que as pessoas que ouvem e traduzem – acolhendo bem – com o aspecto positivo de que, ao menos, já que é preciso cortar, cortavam a direito, nos automóveis, e seria uma razia nos motoristas (esta foi da dra. Paula do PSD em salão com a arq. Helena Roseta) e os “boys” iam à vida... Oh! que ilusões...
O outro, o convidado – que apenas analisava a situação como técnico - parecia uma enguia a esquivar-se ao ético, ao moral, ao social, mas era peremptório na idiossincrasia que afirmava ser a dos portuguesinhos sempre todos virados para a fatalidade (é o fado!).
Depois, o “economista convidado”, o da idiossincrasia e que sabe muito da horta ignorando que há outros quintais, ou tendo decidido que deixou de poder haver quando caiu um certo muro, foi substituído por um “partner” da Delloite, e parece que o destino profissional destes está assegurado com tanta confusão, diria caos, que se está instalando a exigir estudos, pareceres, “portas de saída” para quem as puder pagar agravando a situação de quem não tiver recursos para isso.
Como é que se aguenta isto? “Onde é que isto vai parar, senhor primeiro ministro”, perguntava, há dias, Jerónimo de Sousa.
quarta-feira, outubro 20, 2010
Ex-citações
- Adriano Moreira, num debate – ou foi num artigo de opinião? –, disse, há uns tempos, que vivemos numa verdadeira teologia do mercado.
E eu que até sou ateu!
- Rimbaud falou do pobre turista ingénuo que, indiferente aos horrores económicos, tremia à passagem de cavalgadas e hordas.
Turista não sou, ingénuo já deixei de ser, em nada me são indiferentes os horrores económicos.
- Viviane Forrester, que deu a um livro seu o título de O Horror Económico, perguntava se deixará de ser útil a vida do que não dá lucro aos lucros.
O salário mínimo
Então... assim se vê o que valem os compromissos quando são a favor dos trabalhadores:
A recomendação (sem valor de lei) foi aprovada, num debate em que o Governo esteve ausente, com a abstenção do PS, PSD e CDS-PP e os votos favoráveis do PCP, BE e PEV.
ISSO DE SER anti-comunista...
Há quem o seja sem o saber e que, até, se soubesse que o era, deixava de o ser. Há os viscerais, isto é, anti-comunistas com as vísceras, espumando e cheirando mal de tanto o serem, como um tal Alberto João do jardim da Madeira e um deputado espanhol do PP de lá. Entre estes graus, muitos há.
Este é o lado subjectivo.
No que respeita à objectividade (e perigosidade) do anti-comunismo, e o que leva a que ele seja promovido por todas as formas forjando subjectividades através de enormes campanhas de desinformação e deformação, bastaria escrever luta de classes. É que os comunistas, esses cidadãos iguais aos outros, não podem ser vistos como iguais aos outros, não deveriam ter os mesmos direitos, e não podem ou não deveriam porque lutam, coerentemente com a sua base teórica-ideológica, por uma outra sociedade, e para isso fazem a luta de classes – que existe porque há classes e antagónicas – do lado da classe de que querem ser vanguarda e que a outra explora.
“Se a minha avó não tivesse morrido…” (provisório)
Como não encontrei melhor (ainda!), vou recorrendo, com frequência, a esta “se a minha avó não tivesse morrido, ainda estaria viva!”
Melhor diria que é a frase que mais se aproxima do que traduz a reacção de alguns interlocutores quando lhes falo de tempos idos e de decisões então tomadas.
Quando, por exemplo, conto do Plano de Médio Prazo 1976-80 que jaz numa das mais fundas gavetas das secretárias do gabinete do 1º Ministro do 1º Governo Constitucional, secretáriasa onde se escreveram e bateram à máquina, depois, cartas de intenções ao FMI para este vir “sanear as finanças”. Há três décadas!
Quando, por exemplo, conto da criação do €uro (e da instalação de um Banco Central Europeu) e nos foi dito que ele abrir caminhos de estabilidade e de prosperidade,
Pela nossa parte, afirmámos que não seria assim, que não era fatal, que havia alternativas (políticas e mesmo técnicas dentro da mesma política contra a qual continuaríamos a lutar), mas o rolo compressor do capital financeiro avançou, apesar de toda a resistência. E o que é facto é hoje não é como foi dito que iria ser... Bem longe disso!
Mas quando, hoje, se quer falar disso, lembrar as previsões e as prevenções – e as alternativas de então –, traz-se logo, ensurdecedoramente, a lembrança da avó que já morreu. Quando não é da Coreia do Norte, de Cuba ou (timidamente, cá por coisas…) da China e do Prémio Nobel da Paz.
Só truques!
O PS apresenta PECs e OEs à medida dos mandantes do capital financeiro, querendo mostrar que resiste quanto pode e que só os apresenta assim, com estas medidas, porque é inevitável e que o faz com um aperto no coração e perda de sono;
o PSD (com a alcunha de “partido da oposição”), depois de mostrar que deseja e sabe dançar o tango (ou que dança for), afirma-se da oposição, faz imenso barulho - as discussões aparentemente azedam-se, e tanto que é notório que houve excessos, ofensas, ameaças, ultimatos -; como “oposição”, o PSD ameaça não viabilizar o que acabará por viabilizar, mas vangloriando-se de qualquer euro a menos que, na discussão da AR, os impostos propostos pelo PS possam vir a baixar… graças à sua "firme posição"!
terça-feira, outubro 19, 2010
ISTO DE SER comunista...
E a atitude em relação aos comunistas, ou aos que é suposto serem-no, é muito interessante (quer-se dezer…). Aquele ou aquela que outros etiquetam de comunista, com acerto ou não, deixou de ser só outra coisa ou passou a ser outra coisa porque.
Se lhe descobrem (ou inventam) defeitos, e pior que defeitos, logo se diz pois, é comunista!
Mas se se lhe não podem negar qualidades – ser bom profissional, ser bom chefe de família, ser bom rapaz (ou boa senhora) –, o reconhecimento incalável dessas qualidades tem de ser acompanhado de um de dois, ou dos dois, indispensáveis complementos: … apesar de ser comunista ou … apesar de eu estar em desacordo com as suas ideias (e com a Coreia do Norte, ou China, ou Cuba).
Traduções "à maneira" - 1
- Se há experiência que contradiz tais ilusões ela é bem a "experiência Wilson" (Wilson foi o primeiro-ministro de governo trabalhista no Reino Unido que protagonizou a desvalorização da libra em Novembro de 1967). Seja dito, aqui entre nós, que o que não faltava ao governo Wilson eram técnicos da moeda e do crédito... e Wilson falhou. Porque uma “política de esquerda” não é só assunto para “técnicos astuciosos”, é - antes de tudo! - uma questão de escolhas económicas e sociais. De escolhas de esquerda, de que o governo trabalhista se evadiu quando era tempo de as tomar!
3 notas - esta é a 3ª
Tudo passou a ser muito mais complicado quando, a cada passo atrás que o capitalismo teve de dar por suas dificuldades ou por imposição da luta de classes, fincou o pé no chão, e o passo atrás ficou assente e apenas com a “saída” de andar… para trás. Ou de marcha atrás, ou virando as costas ao futuro.
Não se está a pretender fazer História, nem nada parecido com isso!, estão apenas a passar-se apontamentos a limpo, em que se detectam sentidos de movimentos muito complexos mas com vectores identificáveis. Aliás, há que insistir que, nos avanços e recuos da História, podem os sistemas – modos de produção e formações sociais – parar, recuar, retomar caminhos mas nada se repete e o movimento da História no seu todo é, para arranjar uma imagem, helicoidal.
Dando um salto para a frente, ou para dentro do nosso tempo tão limitado e que está a ser intensamente vivido agora e aqui, este Orçamento de Estado é um passo atrás, como o foi o PEC III, e o PEC II, e o PEC I. E agora o dilema que se quer impor é este: ou o orçamento ou o caos!
3 notas - esta é a 2ª
Nestes seus poucos anos de vida – é tão jovem o capitalismo!... só dois séculozinhos mais uns trocos em lustros ou décadas –, tem conseguido disfarçar razoavelmente e, às vezes, bem. Um tombo aqui, um Keynes ali, umas guerras por além, ou também locais - e por isso chamadas mundiais -, uma “guerra (que se serviu) fria” e em que mostrou artes de sobrevivência face ao perigo que chegou a espreitar.
O que, nesta hora, é de relevar é a dimensão da crise, a sua intensidade e gravidade. O excesso de monetarização da economia virou esta de pantanas. A exploração do trabalho, maneira natural de acumular dinheiro, foi-se arredondando com outras maneiras de o acumular sem se ter de produzir, repartindo e ampliando artificialmente o resultado da exploração. Está a “dar bota” porque a mais-valia criada e acaparada não dá para tudo. E a "bota" é cada vez mais difícil de descalçar porque o circuito monetário, as finanças, começaram a funcionar autonomamente, não ao serviço da economia que resulta do trabalho (vivo e cristalizado) e do que este produz, mas colocando-a, progressivamente, ao serviço da concentração e centralização do dinheiro, até a dispensando cada vez mais dessa função porque encontrou artifícios de acumular sem produzir nem trocar.
segunda-feira, outubro 18, 2010
Lembrando declaração de voto sobre (e contra!) o €uro
4. Moeda única
Declarações de voto
- o seu voto é a expressão coerente de uma posição contra este projecto, o modo como foi conduzido e os interesses que serve. Não é um voto contra a estabilidade de preços, o equilíbrio orçamental, ou o controlo de dívidas, mecanismos e instrumentos. É, sim, um voto contra a sua utilização para impor estratégias que concentram riqueza, agravam desemprego, agudizam assimetrias e desigualdades, criam maior e nova pobreza e exclusão social, diminuem a soberania nacional e aumentam défices democráticos;
- é também um voto contra a formação do núcleo duro para a Comissão Executiva do BCE, privilegiando zonas geográfico-monetárias e partilhando influência entre grandes famílias partidárias, numa evidente polarização do poder na instituição que condicionará todas as políticas dos Estados-Membros;
- após este passo, continuarão a combater os já reais e os previsíveis malefícios do projecto que integram os mecanismos e instrumentos criados. Procurarão, do mesmo modo, contribuir para que sejam potenciadas as suas virtualidades;
- lamentam, por último, que o Parlamento tenha perdido a oportunidade para se credibilizar como instituição democrática, por ter cedido à pompa e circunstância de um ritual de homologação ou de confirmação do que lhe foi apresentado.»*
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*- Em confronto, por me parecer muito significativa a vários títulos, transcrevo, também das actas, a declaração de voto dos deputados do Partido Socialista:
«Marinho, Torres Couto, Apolinário, Barros Moura, Campos, Candal, Correia, Torres Marques, Lage, Moniz (PSE), por escrito. – O euro entrará em vigor em 1 de Janeiro de 1999. É uma certeza que desmente categoricamente os vaticínios negativos que muitos faziam.
Portugal, contrariamente às previsões daqueles que não apostavam um cêntimo nas suas possibilidades, venceu, brilhantemente, todos os exames e está na primeira fila dos países fundadores, participando com orgulho neste momento, verdadeiramente crucial da história da Europa, que assim dá sinais de não querer envelhecer e declinar. Ao contrário também daqueles que arrogantemente garantiam a pés juntos que para atingir o euro seria necessário sacrificar os interesses imediatos dos cidadãos e, ao mesmo tempo, previam uma crise da produção nacional. Portugal desmentiu, nesta recta final do euro, todas as teorias académicas e ideias adquiridas: o crescimento económico do país acelerou, o nível de vida dos portugueses melhorou e a capacidade de exportar aumentou.
Tudo isto foi conseguido porque a grande maioria dos portugueses se sentem identificados com este grande projecto, porque trabalhadores e empresários souberam aproveitar a conjuntura favorável e porque, é justo dizê-lo, o Governo socialista soube combinar habilmente a expansão da procura interna com o investimento público e apostou na iniciativa privada, dinamizada pela baixa da taxa de juro. Tudo isto realizado num clima de tranquilidade social e de solidariedade de que a introdução do rendimento mínimo garantido foi o símbolo maior.
Não se pode dizer que não haverá problemas ou dificuldades. Todavia, tal como o país mostrou ser capaz de realizar as «performances» inesperadas que realizou, também será capaz de, com o mesmo espírito e dinamismo, aproveitar as oportunidades que tem à sua frente e aproximar-se mais depressa dos níveis médios de riqueza e das exigências de competitividade dos nossos parceiros do euro, com os quais encetamos esta caminhada inédita na história contemporânea. Caminho esse que não dispensa, antes exige, uma intensificação da dimensão política e social da integração europeia. A Europa política tem agora a palavra, o funcionamento democrático da União Europeia e o envolvimento dos cidadãos têm a prioridade.
Nós, que desde sempre nos batemos e sonhámos com este momento, temendo quantas vezes em silêncio que não nos pertencesse a alegria da chegada, sabemos reconhecer quem nos indicou o caminho e quem o tornou possível. Vivemos um acontecimento singular da história da Europa, um princípio e não um fim, e estamos conscientes que nesta nova etapa do projecto europeu, esta instituição, será chamada a uma maior intervenção nos destinos da Europa.»
3 notas - esta é a 1ª (as outras serão maiores...)
Discutir o €uro?!!!!
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