Então, no fase final da guerra, a anteceder a criação do FMI, enquanto os Estados Unidos enchiam os seus "cofres do Estado" e o complexo industrial-militar começava a impor-se imperialmente, «havia a panorâmica de uma tragédia (ou de uma tragi-comédia?) que se estendia para lá dos Pirenéus, pela orla mediterrânica e pelo Extremo-Oriente. E dela ficaram-nos dois vultos político-económicos com talhes de adamastores lendários - os Estados Unidos e a União Soviética - o primeiro dispersando os seus interesses políticos e económicos pelas "quatro partidas do mundo", o segundo mais maciço, mais fechado em si mesmo, num bloco alargado desde o Elba e Danúbio até aos mares da China.» (depois de ter sofrido - e resistido a - uma destruição com dimensão de desastre sobre uma economia em construção e a ter, até por natureza do sistema novo, a acorrer solidário a situações pontuais).
Havia, no "mundo ocidental", «um problema cambial complexo, exigindo mecanismos mais perfeitos do que os postos em execução de 1920 a 1939 (...) havia a escassez de capital o qual internamente não conseguia formar-se e do exterior não acorria (...) como escreveu Condliffe "nenhum historiador económico pode menosprezar os erros e falhas sucessivas em que se incorreu, naqueles anos, para realizar a cooperação internacional".»
E assim acontecia no pressuposto da salvaguarda do sistema de relações sociais de produção, do capitalismo, e nesse contexto se reuniu a conferência de Bretton Woods, se criou o FMI.
No entanto, logo após, «quando surgem os desequilíbrios persistentes e de larga amplitude na balança de pagamentos, o Fundo mostra a nu a sua incapacidade ingénita de adaptação. Com efeito, diante de um desequilíbrio fundamental, o texto do Acordo apenas faculta ao participante a modificação da paridade da sua moeda em relação ao ouro (...) a existência de um Fundo desta natureza tem apenas como resultado retardar os efeitos desse desequilíbrio.»
Não se afigurava, então..., que o ataque aos problemas dos desequilíbrios fundamentais - resultantes, dizemos nós e hoje..., do funcionamento do capitalismo -, pudessem ser resolvidos se «encarados como missão a cumprir exclusivamente pela arma monetária».
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(citações da conferência de A. Ramos Pereira, no Sindicato Nacional dos Comercialistas, em 1954!)
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continua
1 comentário:
Estou muito revoltada com o que tenho ouvido quer na comunicação quer social, quer em conversa com algumas pessoas, sobre estas eleições. Por isso preciso de dias mais calmos para poder absorver tudo o que dizes sobre oo FMI,até porque o considero de uma grande importância, principalmente neste momento em que dizem e desdizem sobre a intervenção do dito.
Um beijo.
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