segunda-feira, janeiro 03, 2011

Notas À SOLTA... e de viagem por perto

De visita, vagueiramente, a Aveiro, fomos ao Museu de Santa Joana. Valeu a pena.
Quatro notas.
Uma de satisfação.
1.- Fomos recepcionados por um trabalhador (funcionário público!), que tratou da parte administrativa – bilhetes e essas coisas –, e que, depois, saiu de detrás do balcão para nos acompanhar no início da visita, fazer de competente guia, mostrar uma verdadeira paixão pelo “seu museu”, onde trabalha há 23 anos, falar da sua história e problemas sempre na primeira pessoa do plural: nós!
Outra de inquietações.
2. – Saberá aquele funcionário público, amante do “seu museu", de quanto é o OE para a cultura? Ou confia no mecenato, que só fala na primeira pessoa do singular: €u! Como é que a “Caravela Maravilhas” vai conseguir navegar com um OE de 0,5%? Que fazemos nós todos com tanto mar, também de passado histórico, de cultura nossa?
Duas de curiosidade.
3.1. – Havia, no convento, uma freira foleira (está escrito!). Era a que, no coro alto, dava ao fole e tocava no órgão. Só conotações ambíguas…
3.2. – Entre os muitos quadros expostos – um da Paula Rego, absolutamente deslocado –, num, que ocupava toda uma parede, autor desconhecido pintara uma descida da cruz em que Jesus Cristo tem duas mãos esquerdas. A legenda explica porquê: primitivamente, pintara-se uma mão “sobre a virilha” (por cima da tanga, diga-se…) mas foi considerado “indecoroso”. Vai daí, apagou-se a mão e pintou-se uma outra mão, esta “sem tocar no corpo”. Estão lá, à vista dos visitantes, as duas mãos, isto é, as três mãos de Jesus...

4 comentários:

GR disse...

Tão pertinho!!!

Mesmo dizendo mal e recebendo pior, há funcionários públicos muito competentes (como os há em todos as empresas)incompetentes é a maioria da entidade patronal.
A Paula Rego já não é do tempo da minha longínqua visita, talvez nem a tela com as duas mãos esquerda(?!) será que quer dizer alguma coisa??ou a incapacidade e a cegueira intelectual do responsável do Museu é tão grande que nem reparou no erro que fez ou deixou que fizessem?

Bjs,
GR

samuel disse...

Não há um mínimo de consideração pela diferença!
Chamar foleira a uma freira só porque é dada ao passatempo de dar ao fole e tocar no órgão! Francamente...

Graciete Rietsch disse...

Tal como na Capela Sixtina, também se achou indecoroso a existência de figuras nuas. E então toca a estragar Miguel Ângelo com folhas de parra.
E quanto a funcionários públicos há-os de toda a qualidade, como em qualquer profissão, mas tenho muitas vezes ouvido depreciar o funcionalismo público, o que considero muito injusto.

Um beijo.

Maria disse...

Jesus jesus que pecado pôr a mão na virilha...
Ah, é o ovo na sentina? Desculpa...

:)))