Não sinto qualquer necessidade de ou apetência para entrar em discussão pública sobre virtudes ou pecados privados, qualquer que ela seja.
- Não me é indiferente como um cidadão aplica umas poupanças de que disponha, dentro do quadro legal em que vivemos. Tal como não me é indiferente a origem dessas poupanças, se também nascidas no dito quadro legal. Terei uma opinião, quer da origem – trabalho, investimento produtivo ou anterior aplicação especulativa –, quer da aplicação, isto é, desse cidadão, mas não é do meu ministério vir a público comentá-la, e se ele é candidato a qualquer cargo em democracia representativa, é de outras suas condições para me/nos representar que quererei falar.
(Exemplo: não comento o modo como o cidadão Cavaco Silva formou o seu pecúlio e o aplica. Também não digo que não tenho nada com isso, porque tenho uma opinião, que para mim reservaria se por aí se ficasse o caso).
- Já assim não é se um cidadão que teve altíssimas responsabilidades políticas aplica as suas poupanças no aproveitamento de um empreendimento bancário em que estão envolvidos personagens saídos do seu visível elenco político para o mundo dos negócios especulativos. Se outras prioridades não me ocupassem o tempo disponível, consideraria de meu dever de cidadão comentá-lo com os meus concidadãos. Porque tal aplicação pressupõe promiscuidade entre política e negócios.
(Exemplo: o ex-primeiro ministro Cavaco Silva e/ou seus familiares aplicarem poupanças suas em acções de um grupo bancário-especulativo com evidente ligação a membros do seu anterior elenco ministerial, até com protagonismo cupular de um seu ex-secretário de Estado na área das finanças).
- A situação torna-se de comentário prioritário ao ter-se conhecimento público que essa aplicação redundou uma aplicação de estranhos contornos por sair do quadro usual de tais operações para ter resultados e modus faciendi nada curiais.
(Exemplo: A compra das acções ter sido a 1 euro e a venda, pouco tempo depois, por 2,4 euros, e fora dos "mercados").
- Que o empreendimento bancário-especulativo a que o ex-primeiro ministro se ligou e desligou, desta forma que merece comentário público e prioritário, se tenha revelado “caso de polícia e tribunal”, por ter evidentemente exorbitado das tão flexíveis fronteiras legais de tais áreas, torna-o de exigível comentário e tomada de posição cidadã, para mais se na decisão política sobre tal caso tem influência o cidadão com anteriores "altíssimas" responsabilidades políticas, agora ainda mais "altíssimas".
(Exemplo: a “nacionalização” do BPN, deixando de fora a SLN, expeditamente decidida pelo governo com apoio explícito do PR Cavaco Silva, e que se traduziu na transferência para a Nação-nacionais dos malefícios financeiros de um empreendimento bancário-especulativo e seus procedimentos).
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Nada de confusões: como cidadão, nada comento das iniciativas do cidadão Cavaco Silva quanto às suas poupanças, mas também nada me inibe de comentar, antes pelo contrário, as pouco claras ligações entre ele e membros do seu mais estreito elenco político em negócio ligado à aplicação das suas poupanças.
O Presidente da República e o candidato a Presidente da República Cavaco Silva, não pode colocar-se acima de todas as suspeitas por se chamar Anibal Cavaco Silva, e por preencher o seu IRS atempadamente e, evidentemente, apenas com as informações que este lhe exige*.
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* - noutros documentos - para a PIDE - é que ele deixava informações compementares...
7 comentários:
A mim está inquinada a pseudo inocência do "honrado" Cavaco Silva,quando o Governo Sócrates e o PR aprovaram,promulgaram a entrada em vigor da "operação"BPN em tempo recorde(4 dias?).No mínimo é caso para desconfiar...
Abraço
José Rodrigues - ... e denunciar na praça pública. Essa decisão mais que as aplicações do sr. Anibal, embora tudo esta promiscuamente ligado.
Abraço
donosdeportugal 05 Janeiro 2011 - 15:57
O negócio SLN-Cavaco descodificado...
Ora se as Acções não estavam cotadas em mercado bolsista líquido então torna-se imperativo uma investigação a esta transacção pois:
1 - No mesmo período de tempo o PSI20 gerou uma rendibilidade negativa
2 - A grande maioria das Acções de Bancos perderam valor neste período
3 - Importa saber como foi calculado o preço de transacção para Cavaco Silva e a sua filha. Com que pressupostos foram avaliadas as acções?
4 - Mais importante: Quem as comprou? Uma contraparte/market-maker fidedigna ou a Administração da SLN/BPN?
5 - Caso tenha sido a Administração da SLN este negócio roça o escandaloso e há fortes indícios de fraude e indícios de corrupção.
6 - A Administração da SLN/BPN tinha Administradores amigos de Cavaco Silva? Ex-ministros de Cavaco Silva: Oliveira e Costa; Dias Loureiro... Pois!!!! Que coincidência. Portugal é o País das coincidências!!!
Resumindo, Cavaco e a filha vendem acções ilíquidas da SLN compradas pela própria instituição a mando dos seus amigos Dias Loureiro e Oliveira e Costa a um preço completamente suspeito pois no mesmo período em Bolsa a maioria das empresas perderam valor quanto mais ganharem 140%...
De facto há comportamentos muito obscuros por parte de um PR de novo candidato à Presidência da República que deveriam ser urgentemente esclarecidas!!!!
Mas a falta de vergonha é tanta.......!!!!!!!
Um beijo.
Excelente texto de reflexão sobre um assunto de vários cambiantes, mas visivelmente pouco transparente.
Si, probabilmente lo e
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