segunda-feira, janeiro 31, 2011

O "balanço" continua (dois em um, com o 2 antes do 1)

No início das minhas reflexões dedicadas ao episódio (importante!) das presidenciais, já lá vai tempo, pareceu-me útil, para uso próprio, fazer uma destrinça entre candidatos que se apresentavam como de esquerda e eleitorado que se poderia dizer de esquerda, e cujos votos esses candidatos almejariam. Foi a modos de uma questão metodológica.

Com a definição das candidaturas, e ao longo da campanha, essa destrinça foi-se tornando, na minha "leitura", uma clivagem. Houve 4 candidatos a cavalgarem o descontentamento, a revolta e as negras e mal disfarçadas perspectivas, tendo responsabilidades, ou conivência, nas opções políticas que nos trouxeram a este beco, e uma candidatura integrada na luta contínua contra essas políticas, uma candidatura com um projecto e com um candidato que foi uma confessada e admirada surpresa...

O PS e o BE apresentam-se e são vistos, por uma parte significativa do eleitorado, como sendo de esquerda. Ora o BE lançou-se no apoio a um candidato que a si próprio se lançara e, em dueto, arrastaram o PS para essa "candidaturra de unidade", que até a ele-PS evidentemente dividia, ao mesmo tempo que, para o eleitorado, apregoavam, em coro, a intenção de unir. Não para se mudar o rumo das políticas, não por se discutirem novas políticas, não porque se procurassem eventuais plataformas de entendimento. Porque... sim! Como se unidade fosse "os outros têm de ir com a Maria".

É preciso despudor para o PS falar de unidade "de esquerda". Não bastava não ceder um palmo, ou uma polegada, na irredutível defesa da política que tem protagonizado, como do PS sairam mandatários, apoiantes (visíveis e invisíveis) para TODAS as candidaturas... menos a de Francisco Lopes, claro.

Do lado do BE, o desnorte foi sempre notório. Foi gritante o desconforto e a fuga do que se podia chamar o seu recente eleitorado (que "de esquerda" será, ou que segue o BE por de esquerda o ver). Com a bem chamada "falta de comparência" do que seria o seu partido, esse putativo eleitorado dispersou-se pelos brancos, pelos nulos, pela abstenção, com muitos eleitores incapazes de "dar a volta" aos preconceitos que os afastaram da verdadeira e consequente esquerda, e a que são resistentes.

Face à sua busca de responsabilidades nos outros para esonderem o seu desastre estratégico, os responsáveis atiraram-se aos culpados do costume, aos comunistas, num sacudir de água do capote que só mais os atola. Com a agravante (atoladora, isto é, que atola e não tem tola) de se fazerem vítimas e defenderem ofendidos daquela feliz imagem, de reacção, do Jerónimo de Sousa da "falta de comparência", como se ofendidos e em contra-ataque.

Não há dúvida que estas eleições tiveram grande significado político e irão deixar diversas e fundas marcas. Por outro lado, a luta de massas aí está, a continuar a luta que não se resolve com eleições e muito menos com estratégias e resultados destes. O eleitorado de esquerda são essas massas. Que não podem desarmar.

2 comentários:

José Rodrigues disse...

Hoje é dia 31 de Janeiro.Há 120 anos já se lutava contra as injustiças e a roubalheira.Hoje é dia nacional do Sargento.A luta continua!

Abraço

Graciete Rietsch disse...

A luta continua sempre com o objectivo de uma ruptura com esta política . Mas o BE devia ser um pouco mais coerente, se se considera um Partido de Esquerda, pois apoiou um candidato também ele responsável pela política que pretensamente atacava.
Em vez de auto-crítica arranja um bode expiatório,como sempre o PCP. mais uma vez em conluio com o PS.

Um beijo.