continuação
O que me parece de interesse sublinhar é que a criação do FMI (e do BIRD), em Julho de 1944, além de se antecipar ao final da guerra e ao lançamento das criminosas bombas atómicas no Japão, tinha, para além da preocupação de responder à passagem da “economia de guerra” à “economia de paz” (por mais precária que esta fosse), trazia no seu bojo a continuidade de uma outra “guerra”, a da “luta de classes”. Aliás, valorizando a vertente dos problemas financeiros, cruzava as duas “guerras”, porque o complexo militar-industrial dos Estados Unidos saíra do conflito bélico pujante e com crescente influência, com “produto em stock” e com necessidade de o colocar, ao mesmo tempo que procurava melhorar a “produção” e, para isso, era preciso que a economia funcionasse capitalisticamente.
Motivos de reflexão… Mas o que, por agora, queria referir é que, por efeito das condições dessa outra “guerra”, da luta de classes, prevaleceu a característica de cooperação entre os “aliados ocidentais” sobre concorrências e rivalidades nacionais, sempre latentes dentro do sistema.
Cooperação de certo modo imposta porque a hegemonia do dólar era bem sustentada pelo ouro e divisas depositados no cofre de Estado dos Estados Unidos, no Forte Knox, mas também porque havia um perigo que fazia “cerrar fileiras”. A União Soviética, o Exército Vermelho, o povo soviético, tinham resistido e, apesar das enormes perdas, em seres humanos, em infra-estruturas, no tecido económico, apareciam, no pós-guerra com uma pletora surpreendente, alimentada pelo e alimentando o movimento internacional, operário e revolucionário, do leste para o centro da Europa, e no próprio ocidente, a que se podia acrescentar o movimento independentista e não alinhado nas periferias mais periféricas do capitalismo, colocando este de sobreaviso e com necessidade de dar resposta.
É a vertente da cooperação que prevalece, quer no FMI (promover a cooperação monetária, estabelecer mecanismos de pagamentos multilaterais, fornecer disponibilidades para fazer face a desequilíbrios das balanças de pagamentos), quer no Plano Marshall, de 1947, baptizado com o nome do secretário de Estado dos EUA, que está nos preâmbulos de uma dinâmica cooperação (ERP – Programa de Reconversão Económica –, OECE – Organização Europeia de Cooperação Económica –, e por aí fora até esta União Europeia), assente no domínio do dólar, este por sua vez com base nas reservas acumuladas no Forte Knox. (Aliás, e como nota curiosa, numa via contrária à proposta e defendida por Keynes nessa conferência monetária de cooperação económica ocidental).
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O que me parece de interesse sublinhar é que a criação do FMI (e do BIRD), em Julho de 1944, além de se antecipar ao final da guerra e ao lançamento das criminosas bombas atómicas no Japão, tinha, para além da preocupação de responder à passagem da “economia de guerra” à “economia de paz” (por mais precária que esta fosse), trazia no seu bojo a continuidade de uma outra “guerra”, a da “luta de classes”. Aliás, valorizando a vertente dos problemas financeiros, cruzava as duas “guerras”, porque o complexo militar-industrial dos Estados Unidos saíra do conflito bélico pujante e com crescente influência, com “produto em stock” e com necessidade de o colocar, ao mesmo tempo que procurava melhorar a “produção” e, para isso, era preciso que a economia funcionasse capitalisticamente.
Motivos de reflexão… Mas o que, por agora, queria referir é que, por efeito das condições dessa outra “guerra”, da luta de classes, prevaleceu a característica de cooperação entre os “aliados ocidentais” sobre concorrências e rivalidades nacionais, sempre latentes dentro do sistema.
Cooperação de certo modo imposta porque a hegemonia do dólar era bem sustentada pelo ouro e divisas depositados no cofre de Estado dos Estados Unidos, no Forte Knox, mas também porque havia um perigo que fazia “cerrar fileiras”. A União Soviética, o Exército Vermelho, o povo soviético, tinham resistido e, apesar das enormes perdas, em seres humanos, em infra-estruturas, no tecido económico, apareciam, no pós-guerra com uma pletora surpreendente, alimentada pelo e alimentando o movimento internacional, operário e revolucionário, do leste para o centro da Europa, e no próprio ocidente, a que se podia acrescentar o movimento independentista e não alinhado nas periferias mais periféricas do capitalismo, colocando este de sobreaviso e com necessidade de dar resposta.
É a vertente da cooperação que prevalece, quer no FMI (promover a cooperação monetária, estabelecer mecanismos de pagamentos multilaterais, fornecer disponibilidades para fazer face a desequilíbrios das balanças de pagamentos), quer no Plano Marshall, de 1947, baptizado com o nome do secretário de Estado dos EUA, que está nos preâmbulos de uma dinâmica cooperação (ERP – Programa de Reconversão Económica –, OECE – Organização Europeia de Cooperação Económica –, e por aí fora até esta União Europeia), assente no domínio do dólar, este por sua vez com base nas reservas acumuladas no Forte Knox. (Aliás, e como nota curiosa, numa via contrária à proposta e defendida por Keynes nessa conferência monetária de cooperação económica ocidental).
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Falar do FMI, e do seu actual papel, sem se conhecer minimamente a sua criação e os seus objectivos, é como querer pagar uma dívida desconhecendo-se a sua origem e sem se mudar o rumo da economia por forma a que esse pagamento não seja apenas o acumular de dívida com os empréstimos para a pagar.
continua
1 comentário:
Quer dizer todas as pretensas associações de apoio ao Ocidente, no pós- guerra e mesmo antes do seu final, tinham como grande objectivo neutralizar a crescente influência da "ameaça soviética".
Afinal daí resultou mais fome, mais países arruinados e dominados pelo Imperialismo, mais guerras!!!!
Que "grande auxílio" o imperialismo tem prestado a si próprio!!!!
Um beijo.
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