terça-feira, maio 11, 2010

A democraticidade das eleições no Reino Unido

Resultados das eleições no Reino Unido:
  • Os "conservadores" tiveram 36% dos votos e elegeram 48% dos deputados (306):
  • os "trabalhistas" (ainda se chamam assim, depois de Blair?) tiveram 29,0% dos votos e elegeram 40% dos deputados (258);
  • os "liberais" tiveram 23% dos votos e elegeram menos de 9% dos deputados (57);
  • as outras listas tiveram 12% dos votos e elegeram 4% dos deputados (6+3).

Ora aqui está a grande "qualidade democrática" dos círculos uninominais:

35% dos eleitores são representados por 13% dos deputados e, desses 35% de eleitores, 12% (perto de 1 em cada 8!) não tem representação no parlamento do Reino Unido superior a 4% (1 em cada 25 deputados).

6 comentários:

Maria disse...

Feitas assim, as contas têm outra leitura...

:)

Antuã disse...

Por isso a mafia política portuguesa quer importar o modelo.

Graciete Rietsch disse...

A representatividade popular está bem dividida. Como encarar isto à luz da União Europeia.
Em Portugal nem sabem o que querem. E lá saberão?

Um beijo.

José Mira disse...

No entanto, a representatividade do círculo não é prejudicada.
E, pelo menos, cada eleitor sabe qual o deputado que o representa no parlamento, mesmo que não tenha votado nele.
O deputado deve representar, em primeiro lugar, o círculo, só depois o partido.

Sérgio Ribeiro disse...

Maria - Então como está a Lagoa. Não faças contas aí... eu faço-as por ti.
Antuã - Mas até isso está a correr mal. O País do modelo bipolar e em alternância (como o sistema procura) também está a falhar.
Graciete - É. E vêm com a falãcia da ligação aos eleitores...
José Mira - Ah, é? E, agora, as negociações de gabinete dos liberais com os conservadores, dos trabalhistas com os liberais, estão a ser feitas em representação dos eleitores de que eles já se esqueceram...
Uma falácia! Só não sabe quem é, e o que está a fazer o deputado eleito por Santarém nas listas da CDU quem não quiser, apesar do silêncio da comunicação social. Ele até veio lanchar ao Chico Santo Amaro e anda por aí.

joaopft disse...

Isso de cada deputado representar o círculo é uma falácia. Os parlamentos são orgãos de política nacional, decidem leis de aplicabilidade geral a toda uma nação, e não podem estar reféns de interesses locais. Os partidos são as organizações onde se criam e evoluem as plataformas políticas. Os sistemas uninominais, em vigor o Reino Unido e EUA têm por único objectivo limitar o sistema político a dois partidos, que se convertem em meras plataformas de eleição de candidatos e corrupção da política democrática. O verdadeiro objectivo de um partido devia ser o da criação de plataformas de debate e luta políticos, unidas por objectivos e ideologias comuns a um grupo ou classe social. Na nossa "democracia", esse objectivo desaparece. Os "partidos" do "arco do poder" estão altamente manejados pelo poder económico, do qual dependem financeiramente e ao qual se vergam, algumas vezes sem vergonha de rasgar, no acto, todos os compromissos com o eleitorado que os elegeu. De modo que, de estes sistemas "democráticos", a única coisa que se pode dizer é que são "democracias" sem partidos...