Tinha a boa intenção, aquilo de que o inferno estará repleto, de nesta semana apenas dedicar este espaço a Cuba (como pode ser comprovado) e à mulher (como informação ao vivo e pelo Congresso do MDM), além de uma ou outra eventual e ligeira escapatória.
Afinal o homem põe e deus dispõe – não sei o que me está a dar… deve ser contágio! – e não resisto a mensagens sobre a vinda do Papa, coisa em que não tinha a (boa) intenção de pegar.
Acontece que ao ler, como acompanhamento de pequeno-almoço, a papalmando, lá tropecei nos papas todos… e aqui estou eu.
Então não é que não vi nenhuma referência, a propósito do Papa Paulo VI, à recepção que ele deu, em 1970, a Agostinho Neto, Marcelino dos Santos e Amílcar Cabral, na qualidade de dirigentes do MPLA, FRELIMO e PAIGC, em guerra com o Estado fascista português, que os considerava terroristas?!
Transcrevo dois excertos. Um, do útil trabalho da Fundação Mário Soares sobre cronologia, outro. da Rádio Batalha.
Diz o primeiro:
- quarta-feira, 1 de Julho de 1970
O Papa Paulo VI recebe Agostinho Neto, Marcelino dos Santos e Amílcar Cabral, na qualidade de dirigentes do MPLA, FRELIMO e PAIGC
O Papa Paulo VI recebe os dirigentes do MPLA, FRELIMO e PAIGC, respectivamente Agostinho Neto, Marcelino dos Santos e Amilcar Cabral, no termo da "Conferência Internacional de Solidariedade com os Povos das Colónias Portuguesas" realizada em Roma. Tensões entre o Governo português e o Vaticano.
Diz o segundo:
- Papa/Portugal: Paulo VI foi o primeiro papa a vir a Portugal, mas apenas como peregrino
(06/05/2010 16:18)
O primeiro papa que visitou Portugal foi Paulo VI, em 1967, que veio a Fátima como peregrino, recusando fazer uma visita de Estado a um país com uma "política de guerra" nas então colónias africanas, lembra quem acompanhou a visita.
Paulo VI só esteve um dia em Portugal, a 13 de maio de 1967. Apesar de a visita não ser de Estado, estiveram na cerimónia em Fátima todas as figuras do Governo português da altura, incluindo o presidente da República, Américo Tomás, e o chefe do Governo, António Salazar.
Segundo Francisco Figueiredo, antigo responsável dos Servitas (grupo de voluntários que ajudam no Santuário de Fátima) o papa não estaria de acordo com as políticas de guerra do Estado português nas colónias e "foi falado na altura que ele queria mesmo destacar a sua vinda como peregrino de Fátima e não como chefe de Estado do Vaticano".
Em 1970, Paulo VI recebeu os líderes dos movimentos de libertação das colónias africanas de Portugal, Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Marcelino Santos, mostrando o seu empenho no diálogo para a resolução dos conflitos em África.
8 comentários:
Na Cova dos Leões (1958) é uma compilação de cartas dirigidas ao então Patriarca de Lisboa Cardeal Dom Manuel Gonçalves Cerejeira (excepto as cartas que compõem a “Primeira Parte” mais os capítulos “Fecho da Abóbada” e “Relatório do Administrador do Conselho de Ourém”). É uma versão revista e aumentada de Fátima – Cartas ao Cardeal Cerejeira (1955), muito bem contextualizada através do “Prefácio” de Luís Filipe Torgal, da “Nota relativa aos critério de edição e de revisão do texto” à “Explicação Necessária” escrita pelo autor. Essa preocupação em contextualizar é também partilhada pelo autor, dedicando a isso as primeiras quatro partes do livro, rematando já na “Quinta Parte”, «Bem sei que tenho vindo a ensinar o pai-nosso ao vigário, que neste caso é V. Em.ª. Mas se tudo sabeis, e melhor que ninguém, não o sabe a grande maioria do povo português [...]» (p. 187).
As cartas são dirigidas ao Patriarca de Lisboa porque ele «Sabe, e não quer pôr cobro a semelhante malvadez – para não dizer indignidade –, como a Cova da Iria tem enriquecido alguns e empobrecido tantos!» (.p 368). Como que dirigidas ao Pai, comunicando as injustiças (quando ele tem conhecimento delas) na tentativa de as ver resolvidas, «Cruzes de madeira ou cruzes de ferro são hoje, não símbolos de amor, piedade e redenção, mas chuços com que certos missionários ameaçam os que não se lhes ajoelharem aos pés, nos confessionários, onde se inculcam como verdadeiros e únicos enviados de Deus.» (p. 38).
Na Cova dos Leões é uma lança apontada à armadura mais poderosa da Igreja: o Temor.
E assim, escamoteando, se vai fazendo a História que eles pretendem verdadeira...
Nada diz o papa quando José Sócrates, armado Xerife de Nottingham pelos príncipes de Bruxelas, se prepara para confiscar o 13º mês aos pobres, a mando do capitalismo financeiro internacional.
Grandes Papas Joãoxxiii e também Pulo vi. Por isso João Paulo1º só durou um mês.
Beijos.
A bem da verdade e da justiça, acrescente-se que o Papa Paulo VI aproveitou o pouco tempo que durou a sua visita a Portugal, para condecorar o director da PIDE, Silva Pais...
Um abraço.
Ja nem me lembrava. Mas o mais triste é que depois de Abril algus pides foram condecorados
Beijos.
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