- Portugal produz menos do que os portugueses consomem. Porque se não aproveitam os recursos, os naturais, os adquiridos, sobretudo os humanos. Porque se investiu em políticas ao serviço dos investidores dedicados a multiplicar capital sem produzir aqui. O turismo, as remessas dos emigrantes, a escassa repatriação de resultados de especulação (cá e lá fora, por outras “praias”) não compensam o défice da balança comercial.
O País endivida-se. - Os governos (o central e os locais) têm mais despesas públicas que receitas públicas. Não porque cumpram as suas obrigações constitucionais quanto a direitos dos cidadãos. Porque gastam o que não deviam em mordomias, em imagem e luta partidária para se manterem no aparente poder, para satisfazem clientelas. Porque não cobram o que deviam cobrar a quem podia (e devia) pagar. Aumenta o défice orçamental. Devem cada vez mais. Não por investirem publicamente, mas por… deverem e não por fazerem.
O País endivida-se. - Os gestores de grandes empresas ainda-públicas, ou já em trânsito de privatizações anunciadas, “estão no mercado”. Internacionalizaram-se. Jogam casinamente. Golden-shares, OPAs (pacíficas ou guerreiras), especulação. Pedem emprestado enormes somas, aqui e por Franças e Araganças, para investir algures, para se defenderem ou atacarem. Quanto mais devem, mais têm de dever para pagar os juros do que devem.
O País endivida-se. - Os pequenos empresários são aliciados para se tornarem grandes empresários. Alienam-nos com a internacionalização... porque o mercado interno é pequeno. Todos têm de exportar. Houve tempos de crédito fácil e barato. Endividaram-se. O mercado interno mais escasso se tornou. Todos têm de exportar (mas se todos de todo o lado têm de exportar para todo o lado, não podem sobrar lugares de importação...). Estão endividados e sem mercado, dentro ou fora.
O País endivida-se. - O “cidadão comum” (nem gestor, nem empresário, nem empreendedor… mas também estes) tem necessidades que são as suas e as que lhe criam, a si e à família. Algumas artificialmente por via do massacre publicitário. Os salários, as reformas, as pensões, os subsídios (para que descontaram!) não chegam para o que se julgam com direito (que têm… mesmo que criado artificialmente). Os bancos oferecem-se para que o cidadão comum chegue ao que, sem o crédito, não chegariam. E eles/nós endividam-se/mo-nos. É o apartamento, é o carro, são as férias, é o telemóvel, é a roupa, é a comida. São os juros!
O País endivida-se. - Os bancos são o centro da economia financeirizada. Recebem depósitos, “dão” crédito. Com “spread”. Prestam serviços, recebem salários e pensões, pagam água, luz, o que for preciso. Fazem-se pagar pelos serviços prestados. E jogam. Casinamente. Criam “produtos”. Fazem aplicações garantidamente garantidas. Que falham. Pedem dinheiro emprestado. Lá fora. Onde for. Para emprestar. E para pagar juros de empréstimos anteriores. E jiga-jogam.
O País endivida-se.
A razão deste estado em que está o Estado está nas políticas que há 34 anos aí estão! Como foi previsto e prevenido. Há que as mudar! Sem ter que pedir licença... aos mercados.
6 comentários:
O crédito foi para o povo, um presente envenenado!
O povo vota em polítiqueiros, que (gover-não)contra o povo!
Os banqueiros pedem dinheiro emprestado a instituições (off-shores)das quais eles próprios são parte integrante...e esta tua, paciente lição,vale ouro.
Abraço
Depois de te ler lembrei-me deste video que vi no 'eixo do mal'...
http://www.youtube.com/watch?v=HQzWVHx4nw4
Beijo.
poesianopopular - vale ouro? venha ele!
Maria - Correct!
Não tinha visto. É muito bom!
Abreijos
Querido camarada
Obrigada pela resposta que indirectamente foste dando a algumas das minhas dúvidas.
Um abraço.
Tudo tão claro, como é possível haver gente que ainda n~~ao entendeu?
Estás a querer dizer que na verdade não existe uma crise, existe sim um governo entupido de dívidas. Quer dizer: Eles estão em crise. Qualquer pessoa que se mete num problema de dificilima solução entra em crise, claro.
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