sábado, maio 15, 2010

Reflexões lentas (a 50 kms/hora)… e estragadas pelo noticiário

Vinha regalado a olhar os campos batidos pelo sol que se tem feito rogado e, por isso, mais saboreado.
Tinha ido a Alpiarça, para estar presente numa homenagem ao Álvaro Brasileiro, um dos nossos melhores e mais prestigiados deputados, o deputado seareiro, da reforma agrária, grande amigo e camarada.
Vinha reflectindo. O sol e ao sol. Lentamente, porque escolhera a estrada “do campo”, entre Vale de Cavalos e Chamusca. Quer dizer, a 50 kms/hora, apesar do piso estar muito bom. Um tapete. Vinha a pensar no que me levara a Alpiarça, no que está a ser o concelho recuperado, nos problemas que herdou, nos esforços que se estão a fazer com uma enorme seriedade. Tudo isto dá que pensar.
Mas… a olhar os campos, como os 50 kms/hora permitem, outras reflexões se impuseram.
Estão lindos os campos! E são campos, campos, campos cultivados, embora ainda muitos o não estejam. É cada vez maior a área cultivada. Dá-me a ideia que, depois de décadas de abandono progressivo (progressivo?, regressivo!) das terras, há uma recuperação bonita de ver. Esta é a economia real. Como é que ela entra na estatística, no orçamento, nos défices?
É verdade que ali, na estrada “do campo” ribatejano, as explorações não são pequenas, para subsistência, do mini(micro)fúndio que encontro pelas encostas do Malhão e das Silveiras, ou aqui mesmo, à porta de casa, neste baixo do Zambujal, mas, por todo o lado, parece-me descortinar uma redescoberta da velha relação do homem (do homem e da mulher, claro…) com a natureza (de que somos, aliás).
Insisto, esta é (parte) da economia real. Que não vai à bolsa. Talvez, até… sei lá dessa gente…, alguns dos que têm dinheiro de sobra tenham resolvido que seria melhor (mais útil, decerto é) aplicá-lo ali, por aqueles campos, do que entrar em jogos enganadores e aliciantes de bancos e sociedades de investimento com cantos de sereias fora das costas ribeirinhas (assim traduzo off-shores, posso?). Sim, estava a pensar em BPNs, BPPs e quejandos!
………
Estava eu nestas cogitações, quando me assaltou o noticiário das 17, na RDP1, e lá me entrou no carro e nas reflexões o senhor primeiro ministro, aquele que ainda é com a ajuda do outro que quer ser… embora haja outros (muitos) galos na barganha pelo mesmo poleiro.
Ia distraído e comecei a não lhe dar grande atenção. Deveria estar a justificar porque disse ontem o contrário do dito anteontem, e (ou)via-se que antecipava resposta a questões antecipadas por um seu interlocutor na reunião de concertação social extraordinária que vão ter na próxima 3ª feira… quando, de repente, fui sobressaltado pelo (diria patético) apelo ao patriotismo.
Isso não, senhor José Sócrates. Depois de tudo o que lhe tem saído da boca para fora, vir agora abusar dessa tecla do patriotismo, não! Porque, depois de ensaios, essa parece ir ser a palavra-mote: patriotismo. Mas isso não. Não se atreva a querer impor o seu conceito de Pátria aos trabalhadores, desempregados, pensionistas, a dizer-nos o que é ser patriota, e o que é sacrifício pela pátria. Para o "A Bem da Nação", já demos… e o sacrifício – que nem sacrifício foi – que assumimos foi o de resistência patriótica (qualquer o entendimento), de que outros se demitiram.

10 comentários:

Anónimo disse...

Camaradas !
Que tristeza de povinho que hoje vemos, aplaudindo o sr josé sócrates em Ponte da Barca ! mas esta gentinha não entende o que lhes está acontecer?

Anónimo disse...

... o sarilho que aí vem

Com a ressalva prévia de que não li a página 2 do Expresso de hoje, enganam-se ou desiludem-se os que pensarem que a destacada inserção desta pequena chamada da 1ª página daquele jornal neste blogue é um guloso aproveitamento contra um candidato tão entusiasticamente festejado e apoiado também por sectores ou respeitáveis personalidades de esquerda. Não, não e não. Este destaque é apenas para ver se alguns finalmente entendem parte das coisas que escrevi aqui em "Algumas anotações" sobre as presidenciais e se percebem os exactos contornos do sarilho que se anuncia.
Texto de VÍTOR DIAS "O tempo das cereijas"

Anónimo disse...

desculpem "cerejas"

Anónimo disse...

RECORDAM SE DO 13 DE MARÇO DE 2009?
DOS MILHARES DE PESSOAS A MANIFESTAREM SE EM LISBOA, E EM OUTRAS MANIFS NOS ANOS ANTERIORES ? E ESTE MÊS MAIS UMA VEZ SEREMOS OS MESMOS E TALVEZ UNS POUCOS MAIS !
CHEGA DE BRINCAR !
ISTO JÁ NÃO VAI LÁ COM PALAVRAS DE ORDEM !
É PRECISO PASSAR À ACCÇÂO!

Anónimo disse...

O secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou hoje o plano de austeridade quinta feira anunciado pelo Governo para reduzir o défice, garantindo que 90 % da factura será paga pelos assalariados e reformados.

"Os trabalhadores e os reformados vão pagar 90 por cento da fartura, enquanto que aqueles que ganham milhões e milhões de euros por dia pagam apenas uma pequena fatia. Chamar a isto equitativo é, no mínimo, uma fraude, um embuste", referiu.

Para Jerónimo de Sousa, o plano de austeridade, aprovado pelo PS e pelo PSD, é "uma subserviência vergonhosa a Bruxelas" e "uma rendição sem condições aos ditames do grande capital".
"SAPO"

Maria disse...

Um dia destes foge-lhe a boca para a distracção e ainda fala em 'salvar a nação'...

Beijo.

Anónimo disse...

A arterioesclorese do PCP já não tem cura... É preciso legalizar a eutanásia!

Sérgio Ribeiro disse...

Ó meus anónimos que não são o das 10 e 34, por favor distingam-se desse energúmeno. Ele que se eutanase, sózinho!

Antonio Lains Galamba disse...

pátria madrasta, nos quer impor este fulano na consciência...

abraço

Graciete Rietsch disse...

Basta de anónomos maldizentes. Apareçam!!!!Justifiquem o que dizem!!! Deixem de ser cobardes!

Um beijo, camarada Sérgio.