quinta-feira, maio 20, 2010

Um apelo ao discernimento

Por favor, não vejam uma moção de censura no horizonte estreito da luta institucional, numa redutora cadeia causa-efeito.

Alarguem horizontes, vejam efeitos para além dos causais, efeitos que alguns, noutras circunstâncias, chamaram colaterais, expressão que, agora, utilizo com bem contrária intenção, não a de menosprezar consequências criminosas, desumanas, de acções perversas, mas querer provocar efeitos que não os formais e directos da acção ou iniciativa.

Esta moção de censura não é de estrito âmbito parlamentar, para derrubar governo, e daí, não é moção que, se não tem viabilidade (negociada...) de derrubar governo, não se deveria fazer. Não! Faz-se, como moção de censura política, com a clara, explícita, etimológica, intenção de censurar o governo, o PS e do PSD, pela política de que são responsáveis. Não terá o efeito de fazer cair o governo? Tem, para já - e bem justificado -, o efeito de censurar a política de direita que tem sido prosseguida e agora deu um salto qualitativo, e o efeito de censurar, politicamente, os seus responsáveis.

É uma moção de censura política, no contexto de uma situação em que muitos protestam inconsequentemente e outros censuram mas aceitam a fatalidade e a inevitabilidade que nós não aceitamos de modo algum. É uma censura, politica, aos responsáveis políticos pela política de que são responsáveis, num dos locais próprios dizendo alto - ali - o que se diz em todo o lado sem ser ouvido, e assim se pretende promover a tomada de consciência e a mobilização para a luta contra esta política. Que não é a única e, muito menos, a política patriótica

A moção de de censura parlamenter é tudo isso, e seria muito pouco se fosse só isso. Acompanha outras formas explícitas de censura. Na rua. Dizendo não ao que merece bem o epíteto de roubo. A quem trabalha ou quereria trabalhar se se criassem empregos e vê posto em dúvida o direito a ter os subsídios para que os trabalhadores contribuem, a quem trabalhou e vive de pensões para que descontou.
No dia 29 de Maio estará, na rua, uma outra moção de censura. Que se quer ainda mais significativa!

3 comentários:

Maria disse...

Este post é precioso. Porque nem toda a gente entendeu (ou quis entender) a vertente política desta moção de censura.
E dia 29 vamos para a rua aionda com mais força!

Beijos.

Graciete Rietsch disse...

Pois, esta Moção de Censura é mesmo uma censura ao Governo e às suas políticas e a quem os apoia mesmo disfarçando. Considero-a bem oportuna.

Um beijo.

GR disse...

A direita entende, não quer aceitar.
O PCP, neste momento na Voz do Operário, está a ser aclamado pela Moção de Censura.
Os trabalhadores no dia 29, vão também apoiá-la!

Bjs,

GR