
É assim mesmo! Ilustrador do momento anti-democrático que vivemos. Ameaçador do que será pior que o anunciado.
Como eleito na assembleia municipal sempre votei contra as propostas, vindas do executivo, de criação de empresas municipais. Por princípio e por nunca ter havida razões que justificassem a excepção ao princípio.
Deveria, por isso, acolher com simpatia tal parangona? Bem pelo contrário!
A descentralização democrática não é, para nós, uma frase oca e a sua tradução constitucional sempre foi respeitada e lutada para ser levada à prática… mesmo quando, da prática, resultavam… empresas municipais como expedientes ou manobras de “engenharias” ou “arquitecturas” financeiras ou outras.
Agora… "O governo vai fechar"!, diz o jornal. E que palavra tem a dizer o “poder local”, com as suas instituições nesta democracia, que, a cada passo, se mostra o que é: de fachada.
Mas se o título é provocador, ele é, também, contido, moderado, porque, para ser verdadeiro, deveria abrir com uma frase e uma vírgula: Porque lhe é ordenado, (segue o título passando a minúsculo o o de "o governo").
Uma troika ordena, outra troika executa (excedendo-se no zelo), os eleitos desta democracia representativa quanto muito terão o braço para levantar (nas assembleia municipais é democrático…) e ritualizar o ordenado por uns e executado por outros, muitos para darem o voto anterior por não votado.
Eu, membro eleito da assembleia municipal, sinto-me patrioticamente ofendido, e lutarei ali - se me for dada oportunidade - como estarei nas outras frentes a fazer frente a este perigosíssimo caminho de desprezo pelo nossa soberania.
3 comentários:
Até onde quererão estes troikos levar-nos?
Palpita-me que vamos para a rua um dia destes. Num dia mais quente, que por aqui cacimba há 3 dias...
Beijo de bom dia!
É uma bela auto-humilhação, independentemente do que se pense sobre as benditas empresas...
Abraço.
Este discurso do corte da despesa pública, no qual, aparentemente, se enquadra o «fecho» de metade das empresas municipais (sem qualquer referência a uma avaliação das empresas, dos serviços necessidades que satisfazem, etc.) está muito bem montado.
Sim, é um discurso bem montado! Mas por via das dúvidas passo a esclarecer o que quero dizer:
1.º Subida dos impostos sobre os rendimentos e as despesas dos trabalhadores;
2.º (ou 1.º, neste caso a ordem não é fundamental) Corte nos salários e pensões (que para o caso também pode ser conseguido através do congelamento nominal);
3.º mais subidas nos impostos sobre os rendimentos e despesas (consumo) dos trabalhadores;
4.º agravamento dos preços dos transportes públicos, das taxas moderadoras, do preço dos medicamentos e dos exames de diagnóstico, etc.
5.º corte nas despesas públicas, das quais (no momento actual) destaco o corte pré-anunciado de 10% a 15% nas despesas de saúde (sem qualquer referência ao corte nas rendas públicas pagas à empresas privadas do sector da saúde!).
A lógica é a seguinte: agravam-se os impostos e os preços pagos para aceder aos serviços públicos, sempre em nome do desequilíbrio orçamental, para de seguida todos apelarem a cortes na despesa pública. Mas não em qualquer despesa pública! Apenas se pode cortar naquela que corresponde à satisfação de necessidades do povo, dos trabalhadores. Porque a despesa que corresponde a transferências para os grupos económicos monopolistas é sagrada. Veja-se o caso da TSU, do orçamento rectificativo, etc.
Tendo em conta os objectivos, interesses e as referências ideológicas do governo (e da maioria que o suporta (PSD, CDS e PS)), este discurso está mesmo muito bem montado. A referência para comparar a acção política do governo: cortes orçamentais em despesa pública afecta aos interesses e necessidades dos trabalhadores não encontram paralelo nos últimos 50 anos!
Sim! A referência para o actual governo são os útlimos 50 anos - de 1961 a 2011! Ou seja, o branqueamento do fascismo e a referência ao regime democrático conquistado com o 25 de Abril está arrumado numa qualquer velha cave. Entrámos num «tempo novo», num «novo paradigma»...
Por isso, tal como o PCP e a CGTP-IN anunciaram, é fundamental assegurarmos e usarmos o direito à indignação e à resistência contra mais um crime político da política de direita (talvez aquela com mais poder desde o 25 de Abril).
Vamos à luta!
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