segunda-feira, agosto 22, 2011

O ouro a caminhar para valer - no mercado - 2000 dólares!

Estava um jovem reformado posto em sossego, de seus longos e vividos anos colhendo doce fruto, naquele engano de alma, ledo e cego – mas que a escassa fortuna não deixa durar muito… -, ali para os lados dos saudosos campos do Zambujal, aos montes e às ervinhas ensinando o que laboriosamente continua aprendendo, quando se deparou com uma notícia que nenhuma novidade lhe trazia:

Ouro fixa novo recorde próximo dos 2.000 dólares,

e quem a nova lhe trazia era um tal Pedro Latoeiro, com o preciosismo de ser às 11 horas, 8 minutos e 40 segundos o tempo exacta da edição da informação.
Pois dizia-lhe o dito Latoeiro (como o nome bem lhe calha) que

«O metal amarelo já acumula ganhos de 16% em Agosto,
o melhor desempenho mensal desde Setembro de 1999.».

Isto como título, porque logo desenvolvia o seu saber e dever seu de o comunicar

«A crise europeia da dívida soberana e o fantasma de uma nova recessão nos EUA continua a impulsionar a cotação da onça de ouro, um histórico porto de abrigo dos investidores durante as convulsões nos mercados financeiros. O metal amarelo aprecia hoje 2% para 1.894 dólares, o valor mais elevado de sempre.
E esta evolução ascendente é para continuar, segundo uma ‘poll' de 13 peritos consultados pela agência Bloomberg, que vêem a onça de ouro nos 2.000 dólares ainda este ano. A confirmar-se a previsão e 2011 será mesmo o melhor ano para a onça de ouro desde a valorização de 127% conseguida em 1979. 2011 será, para além disso, o 11º ano consecutivo de ganhos para este metal precioso.»

Em alvoroço ficou o jovem reformado, como é de sua natureza. “2000 dólares a onça de ouro?!...onde é que isto vai parar!” exclamou-se ele, que ainda há poucos dias, em sessão pública, salientava a enormidade de estarem a ser precisos 1.700 dólares para se chegar a uma onça de ouro quando, nos idos mas não muito longínquos anos 70 (mais precisamente, até 15 de Agosto de 1971) chegavam 35 dólares para se conseguir uma tal onça de ouro, porque era este o câmbio a que os Estados Unidos tinham de converter quem de tal quantidade de notas dispusesse. E, mais importante, nisso se baseava todo o sistema monetário internacional que, desde então, desde a decisão unilateral da inconvertibilidade do dólar, protagonizada pelo senhor Nixon, deixou de existir… embora faça de conta.
Mas logo amainou o reformado economista, por nada daquilo ser novidade para ele, e até se arrogar de prever coisas parecidas por ter uma base teórica (como lhe chamam os estatutos que aceitou e procura cumprir escrupulosamente), e nada se admirar com as sabenças sempre tardias dos peritos chamados a comentar o que outros previram e preveniram, como daquel "poll" (?) de 13 da Blomberg.
E, por seu alvedrio – embora sentindo-se provocado – atirou-se a um trabalho que aqui trará, se a tanto o ajudar o engenho e a arte. E não será preciso tanto engenho e arte quanto ao outro já aqui aproveitado sobrou…

2 comentários:

trepadeira disse...

Retirada a ganância especulativa,e descontada alguma imbecilidade,podemos,talvez,aí encontrar o valor exacto para a moeda falsa que por aí circula.
E mais falsa ficará com as soluções de mais do mesmo,inflaccionar a economia,como dizem oe peritos que até aqui levaram isto.

Um abraço,
mário

Post scriptum:
Muito obrigado pela visita a minha humilde casota,que é de todos,na net.
Marquei o dia com uma pedrinha branca.

GR disse...

Pois este jovem reformado não pára de trabalhar, tentando sempre que outros aprendam e por mim digo, muito me tem ajudado a entender mais um pouco desta complexa matéria dita, Economia. Até onde chegará a ambição desenfreada do capitalismo?

BJS,

GR