O pecadilho da auto-citação por vezes tenta-me. Com fortes razões trazidas pela realidade. Digo eu…
Desta vez, até posso ter a atenuante de ser um texto confessadamente adaptado de Histoire de la monnaie et de la finance, de Antoine Ascain/J.-M. Arnaud, Rencontre, 1965. Genève.
Trata-se da ficha B10 (de Não à moeda única – um contributo, edições avante!, 1977 (não me larga este magano…).
Os “senhores” da moeda e da finança
Os financeiros da política e os políticos da finança são, como parece, os “senhores absolutos” da moeda e da finança?
Mesmo na actual situação, e sem aprofundar a essencial luta de classes, há um terceiro “parceiro”, a que se pode chamar opinião pública, que também tem um papel decisivo na evolução da economia, das finanças, das moedas. Sobretudo depois de todo o mecanismo monetário e para-monetário se basear na fidúcia, na confiança.
Por outro lado – ou talvez não – os mecanismos democráticos, por mais formal que a democracia seja, vão exigindo uma cada vez maior participação dos cidadãos na vida social. Até porque algumas decisões têm de passar pelo seu crivo. Por via da ratificação, por referendo ou não.
Se se instala um sentimento generalizado de desconfiança na moeda ou no circuito monetário, a moeda e os seus sistemas não resistem; se algumas decisões dos executivos agridem os cidadãos, os trabalhadores, os povos, nas suas profundas convicções ou em direitos que tenham enraizado, essas decisões estão condenadas.
Dos três “senhores” da moeda e da finança, a dita opinião pública é a mais misteriosa: Tem um conhecimento imperfeito das regras do funcionamento, o que é provocado e alimentado pelos outros dois “pareciros”, mas sabe dessa sua desinformação e, às vezes, supera-a surpreendentemente. De qualquer modo, eles, os financeiros e os políticos, não podem construir nada de durável sem que a opinião pública o consinta, pelo menos por omissão ou tacitamente. E tem sido tantas vezes ludibriada que parece ser cada vez mais difícil enganá-la.
Assim seja!
Sem comentários:
Enviar um comentário