sexta-feira, dezembro 24, 2010

Ex-citações: o que se ouve!

Dos noticiários da Antena 1 da RDP. Ouvi, e quero partilhar:

«“Discutir a utilização dos pobres” na arena política é “uma pouca-vergonha, até do ponto de vista cultural”. Quem o afirma é Januário Torgal Ferreira, ouvido pela Antena 1. O bispo das Forças Armadas distribui responsabilidades pelo Presidente da República, Cavaco Silva, e pelo primeiro-ministro, José Sócrates.

“Vamos ser muito objectivos. Até ao fim de Janeiro, Fevereiro, sem cair em fundamentalismos de base e de datas, se o Governo português não disser a verdade, se não apresentar alternativas, se não indicar apoios, se não apresentar ajudas e solidariedade, se não tiver uma atitude aberta e andarem com retóricas entre o Presidente da República e o primeiro-ministro a discutir a utilização dos pobres, que é uma pouca-vergonha, até do ponto de vista cultural, quer de um quer de outro, eu acho que eventualmente poderemos sofrer consequências e convulsões sociais muito graves”, vaticinou o clérigo à rádio pública.

A “calma” que agora se vive no país, reforçou Januário Torgal Ferreira,
“prova, por um lado, a civilidade do povo português”. Mas “não é de manter”: “Se isto continuar e se a lição não for bem explicada, a começar pelos principais representantes do país, uns dizem que são equilibristas no arame, outros dizem que os pobres são um abcesso que alguns querem lancetar, se isso não for bem explicado, eu não quero cair em exageros nem em profecias, mas desta forma nós não teremos paz”.

“As necessidades vão duplicar”

As preocupações do bispo das Forças Armadas são partilhadas pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. Jorge Ortiga não hesita em antever “uma situação social muito mais grave” no próximo ano, “com o desemprego, com o fundo de desemprego a chegar ao fim para muitas famílias” e o “rendimento social de inserção também com as condicionantes todas”. “Até agora nós verificamos que a sociedade portuguesa tem vivido, digamos, com calma. Será que isto é de manter?”, questionava-se ontem à noite o arcebispo de Braga em declarações à agência Lusa.

Convencido de que “as necessidades vão duplicar”, Jorge Ortiga manifesta dúvidas sobre a capacidade do Estado para “assumir a responsabilidade que tem de garantir qualidade de vida a todos os portugueses”. Isto quando ganham corpo
“fenómenos de exclusão social que poderão provocar outras coisas que não gostaria de ver”: “Quando não há o essencial para viver, o povo não se cala”.

À margem do jantar de Natal da Cáritas de Braga, o presidente da Conferência Episcopal deixou um apelo a “todos os portugueses” para que “tenham mais generosidade e maior partilha” e advertiu contra a persistência da “ostentação”, considerando que “é necessário aceitar agora uma vida com algum sacrifício para evitar fenómenos de exclusão social”. Num recado ao poder político, prometeu “denunciar situações que surjam” num ano em que “a política de austeridade vai criar mais pobreza”
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A política de austeridade ou a austeridade que nos trouxe esta política - e vai agravar!... se continuar !?

5 comentários:

cid simoes disse...

Os camaleões da igreja excedem a corja da governança usando o discurso que melhor lhes serve na ocasião.Diz o roto ao nu...

Graciete Rietsch disse...

Qual a proposta deles para diminuir os efeitos da "austeridade
quenos trouxe esta política"?

Um beijo.

samuel disse...

Como sempre, as causas ficam de fora da equação...

Abraço.

Sérgio Ribeiro disse...

Meus caros amigos(todos... até porque não houve interferências e intromissões nesta "santa quadra"),
pareceu-me interessante transcrever o que ouvi, enquanto conduzia. O dr. Torgal atirou umas pedradas valentes aos desavergonhados que se servem da pobreza que criam para efeitos de imagem política. Algumas lhe cairão em casa, ou de vizinhos muito próximos... mas confesso que gostei de ouvir com os nomes dos bois (salvo seja). De qualquer modo, recomeno vivamente o atalhe de foice da Anabela Fino sobre este tema. Está excelente.

... e boas festas (pelo corpo todo, como diz aqui um amigo meu)

Sérgio Ribeiro disse...

Claro que o atalhe é a talhe (e) de foice.

Reabraços