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Faça-se-lhe um corte longitudinal. Total.
(… é indiferente se dos pés à cabeça, se da cabeça para os pés…)
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Corte-se o homem (ou a mulher) ao meio,
com todo o cuidado para que seja em metades,
à partida iguais:
além dos órgãos comuns,
nas mulheres, um seio para cada lado,
nos homens, para cada lado um testículo,
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Depois veja-se, observe-se,
e verifica-se que nunca as duas metades ficam exactamente iguais…
que há casos de cabelo de risco ao lado, de uma orelha mais de abano que a outra,
de olhos vesgos e até de cores diferentes, de narizes tortos, de bocas à banda,
de mãos com seis dedos,
de uma mama mais descaída que a mana
(ou de um testículo mais volumoso que o parceiro*),
de um pé mais chato e outro mais ligeiro.
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Isto, no que é visível, e tudo ao natural,
ou seja,
sem falar (ainda) nos vários possíveis acidentes e operações,
de cosmética e outras.
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Ora, assim sendo, logo no visível se vê que as mulheres e os homens,
para além das diferenças entre eles,
não se dividem, de per si, em partes iguais, simétricas.
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Então no que não é visível nem é bom falar.
Só visto.
A distribuição dos órgãos internos pelo interior dos corpos
é mesmo uma coisa complicada, dir-se-ia até caótica.
O coração é ao meio (mais ou menos), mas com a ponta para a esquerda,
tal como o estômago que também se diz ao meio e é mais sobre a esquerda
(... inclinações…),
0 fígado é à direita, como a vesícula,
mas já o baço estará (se lá estiver), todo ele na metade esquerda.
Quer dizer, as duas partes iguais ficariam sempre desiguais uma da outra,
quer por fora, quer, ainda mais, por dentro,
para não falar das intestinas vísceras que se encaixam como podem, entre o grosso e o fino.
Sem se poder esquecer
(ah! esta memória...)
as circunvalações e os hemisférios cerebrais,
o cérebro, o cerebelo e obolbo raquidiano,
cada pedaço para seu lado,
com os seus comandos e alavancas para o resto do corpo. Quando uno e inteiro.
E vivo.
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Deve ainda ter-se em consideração as circunstâncias ocorrentes,
de que dependem muitas transformações,
que podem operar-se para além (ou por causa) da postura e do crescimento desequilibrado dos ossos e órgãos e daquilo que os compõe.
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Tudo tornará as metades iguais ainda mais desiguais.
Até há gente, homens ou mulheres, veja-se lá... só com um pulmão, ou apenas com um rim,
ou com um testículo ou com um ovário só de um lado das partes
(se, no caso destes, não se tiraram os pares).
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A moral da história está à vista, pelo que se vê e pelo que não se vê:
se um homem e uma mulher não são iguais nas duas partes iguais em que se podem dividir, como poderiam ser iguais entre si, uns iguais aos outros, umas iguais às outras, outras iguais a uns, uns iguais a outras?
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(*) – não há dois tomates naturais (nem os transgénicos) absolutamente iguais… só os artificiais!
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haverá outras igualdades...
8 comentários:
Igualdade absoluta não existe nunca. Seria uma monotonia.
Mas falando de homens e mulheres, igualdade de oportunidades devia existir. Isto para não falar em igualdade de direitos de todos e de cada um.
Um beijo.
A igualdade nos Humanos será sempre nos direitos e nos deveres.
Um abraço e um bom ano de 2011.
Verdades fundas em jeito de diversão! Gostei muito:))))
Pensei 'pró que havia de dar ao Sérgio'...
Mas a verdade é que é uma reflexão mais que justa e assertiva. Sorri, porque já me faltam 'peças'...
Beijo.
Adorei... Os teus saberes todos, assim, com graciosa ironia partilhados, são uma delícia!!!
Corporal, só mesmo o odor.
E nesse, prefiro o da transpiração dos trabalhadores ao perfume dos que os exploram.
Abraço
Julgo tratar-se de um poema de António Gedeão (Rómulo de Carvalho, de seu nome).
Já no meu caso, até onde eu posso sentir... uma metade está tão mal como a outra.
Abraço.
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