quarta-feira, janeiro 19, 2011

FMI - 4 (com uma explicação)

(Eu tenho-me perguntado se é oportuna esta série em que estou a insistir? Pelos raríssimos comentários e por um ou outro comentário a dúvida renova-se. Insisto. Não se fecha para campanhas eleitorais. Pelo contrário, penso que são oportunidade para se falar de coisas que não têm a ver com votos... por mais voltas que se lhe dê. E a informação e reforço teórico são, sempre, indispensáveis, talvez mais que nunca quando há condições particulares para "chegar aos outros". Por outro lado, tenho a intenção de juntar os "episódios" do "folhetim" e dar-lhe outro destino).

continuação

Desde a sua criação, em 1944, o FMI foi cumprindo o seu papel, e nesse cumprimento, no quadro do imperialismo, foi- se adaptando.

Quando em 1954, A. Ramos Pereira profere a sua conferência (que reputo notável), ainda o imperialismo não confrontava a realidade que começava a emergir com os novos países independentes, saídos do colonialismo-1ª-maneira. É verdade que a Índia, a América do Sul, a Indonésia, a própria China, países continentes (ou quase) estavam nessa rota. Histórica, ou da História que avança inexorável. Mas o cerne das lutas de libertação nacional, com uma característica bem marcada, estará em África (afirmação que, evidentemente, justifica - e aceita - grande discussão).

O que, para esta abordagem, quero deixar como reflexão sobre o papel do FMI é que ele começou a ter uma influência delegada na periferia. No mundo que, saindo do colonialismo-1ª-maneira, ganha nova expressão política. Determinante. Embora as malhas que o império tinha tecido o procurem manter agarrado ao capitalismo e sua histórica configuração de base, fundamental.

Quantas independências políticas o foram também económicas (e culturais!)? Quantas não deram lugar ao colonialismo~2ª-maneira, o predominantemente económico (e cultural!)?

O FMI apareceu onde preciso foi para... "dar ajudas". Para impor "soluções" para desequilíbrios fundamentais", no quadro do imperialismo e na dinâmica do financeirismo da economia, com os bancos e o crédito a ganharem posições que se vieram a tornar ditatoriais no âmbito do funcionamento do sistema.

E o FMI sempre a intervir, "tecnicamente", ao serviço de uma ideologia adequada a um tipo de relações sociais de produção, exploradoras e especulativas.

Muito significativo, e com particular significado para nós, portugueses, é o papel de "bombeiro" do sistema. Sempre a acorrer às periferias, diria periféricas, e às periferias do centro, como este canto há mais de 8 séculos indpendente e soberano politicamente, mas ou a ter de "meter na ordem" porque com veleidades outras ou porque, de tão obediente nas finanças mas ainda com resistências desse período de veleidades, é necessário encarreirar...

Pelo caminho, mas não irreversivelmente, ficaram movimentos não-alinhados, novas ordens económicas internacionais, um poderoso e visto como alternativo sistema de países socialistas, que se opuseram a esta ambígua ou encapotada intervenção do FMI ao longo de décadas. Ficaram, pelo caminho... mas não para sempre, não irreversivelmente.

continua

3 comentários:

Anónimo disse...

Estes teus esclarecimentos fazem muita falta. Cada vez são mais necessários para nos prevenirmos contra a "qualidade" do "papão" (como lhe chamou o B. Moura)que virá para"papar".
Pela minha parte não consigo comentar porque é um assunto muito complexo para a minha "desingnorância".

Abraços

Campaniça

Graciete Rietsch disse...

Eu também acho que o FMI foi criado para subjugar os países com veleidades de independência e subordiná-los à sua pressão política e económica. Isto é o que eu concluo das tuas lições que, confesso, não leio com a atenção necessária, devido à tensão contínua a que estes políticos mentirosos e infames nos submetem.
E tiveram alguns resultados positivos, para eles, com a queda dos países socialistas.Mas essa situação não é irreversível portanto nada de desânimos.

Um beijo.

samuel disse...

Não te "iludas" com a falta de comentários. Mesmo que eu fosse capaz de comentar economia política (ou política económica) pura e dura... duvido que aqui o fizesse. Estou demasiado ocupado a tentar aprender... :-))) :-)))

Abraço.