História (ou anedota) antiga recuperada e adaptada nestes tempos FaMIgerados:
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O pai aproveitava todas as oportunidades para “dar lições ao miúdo”. Era um "paidagogo".
Daquela vez, foi sobre dinheiro. Aliás, como em muitas vezes. Mas, daquela vez…, a “lição” tivera como tema a circulação do dinheiro.
Disse o "paidagogo": “… pois é, meu filho, é assim! Fica sabendo esta regra para a vida: dinheiro puxa dinheiro”. E, convencido de ter dito o que era preciso ser dito, acabou a aula.
O miúdo reteve.
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O pai aproveitava todas as oportunidades para “dar lições ao miúdo”. Era um "paidagogo".
Daquela vez, foi sobre dinheiro. Aliás, como em muitas vezes. Mas, daquela vez…, a “lição” tivera como tema a circulação do dinheiro.
Disse o "paidagogo": “… pois é, meu filho, é assim! Fica sabendo esta regra para a vida: dinheiro puxa dinheiro”. E, convencido de ter dito o que era preciso ser dito, acabou a aula.
O miúdo reteve.
Ficou a matutar. Sabia da gaveta em que o pai guardava o ordenado quando o trazia do armazém onde trabalhava, antes de o distribuir pelos envelopes do “orçamento familiar”. Um para a renda da casa, outro para entregar à “dona da casa” para a gestão doméstica, mais um para “extravagâncias” – que era sempre substancialmente transferido para outros fins, dada a necessidade de “orçamentos rectificativos” –, ainda um com as "sobras" para “pôr no banco” (e para ir sendo levantado se... isto é, quando fosse preciso, substituindo o esburacado “pé de meia”) e ficavam umas moeditas de trocos como que esquecidas, e que parece que sabia bem reencontrar como se fosse por acaso.
Era uma gaveta na secretária de herança e de estimação, a única que tinha chave, chave que o pai guardava cuidadosamente, só por hábito que não por precaução.
O miúdo sabia de todas estas "operações de tesouraria", aliás pretexto para outras aulas de economia.
Matutou, matutou, e resolveu passar às provas práticas. E úteis, esperava...
No dia do recebimento do ordenado e acções sequentes, quando tudo ficou sossegado e silencioso, sozinho em casa por um acaso, com uma moedita sua começou a fazer fosquinhas na ranhura da fechadura da gaveta, para ver se a moeda puxava as outras que, lá dentro, tinham ficado espalhadas.
E tanto fez – até acompanhado por uma espécie de lenga-lenga para ajudar: “dinheiro puxa dinheiro, dinheiro puxa dinheiro...” – que os deditos afrouxaram e… a moeda caiu dentro da gaveta, passando a ranhura da fechadura.
Ficou atrapalhado. Nas estritas regras morais que se impunham naquela casa, o miúdo sentiu-se em falta, e – também! – receou que o pai descobrisse uma moeda a mais quando fizesse a vistoria ao “cofre”-gaveta. Tudo razões (umas mais morais que outras) para confessar o pecadilho. Contei à mãe, sempre disposta a amaciar as penitências, se lugar a elas houvesse.
A mãe riu e resolveu ser também pedagoga, embora "mãedagoga" não dê tanto jeito como "paidagogo"…
“Olha meu rico filho, o teu pai tinha razão… moeda puxa moeda, e as moedas que estavam na gaveta puxaram a tua moedita… diz-lhe adeus e é esse o teu castigo!”
O miúdo nunca mais se esqueceu. Ao longo da vida tem visto como as muitas moedas de uns poucos puxam as poucas moedas de muitos.
Era uma gaveta na secretária de herança e de estimação, a única que tinha chave, chave que o pai guardava cuidadosamente, só por hábito que não por precaução.
O miúdo sabia de todas estas "operações de tesouraria", aliás pretexto para outras aulas de economia.
Matutou, matutou, e resolveu passar às provas práticas. E úteis, esperava...
No dia do recebimento do ordenado e acções sequentes, quando tudo ficou sossegado e silencioso, sozinho em casa por um acaso, com uma moedita sua começou a fazer fosquinhas na ranhura da fechadura da gaveta, para ver se a moeda puxava as outras que, lá dentro, tinham ficado espalhadas.
E tanto fez – até acompanhado por uma espécie de lenga-lenga para ajudar: “dinheiro puxa dinheiro, dinheiro puxa dinheiro...” – que os deditos afrouxaram e… a moeda caiu dentro da gaveta, passando a ranhura da fechadura.
Ficou atrapalhado. Nas estritas regras morais que se impunham naquela casa, o miúdo sentiu-se em falta, e – também! – receou que o pai descobrisse uma moeda a mais quando fizesse a vistoria ao “cofre”-gaveta. Tudo razões (umas mais morais que outras) para confessar o pecadilho. Contei à mãe, sempre disposta a amaciar as penitências, se lugar a elas houvesse.
A mãe riu e resolveu ser também pedagoga, embora "mãedagoga" não dê tanto jeito como "paidagogo"…
“Olha meu rico filho, o teu pai tinha razão… moeda puxa moeda, e as moedas que estavam na gaveta puxaram a tua moedita… diz-lhe adeus e é esse o teu castigo!”
O miúdo nunca mais se esqueceu. Ao longo da vida tem visto como as muitas moedas de uns poucos puxam as poucas moedas de muitos.
6 comentários:
Também conheço a anedota desde miúdo... mas há sempre uns tansos prontos a acreditar que se ficarem ao lado dos ricos... ainda lhes pode "tocar" alguma coisa...
Abraço.
Assim era, e assim continua a ser! Bela lição, muito "paidagógica"...
Olha a mãedagoga, como ela sabia ensinar!...
Um abraço.
Grande lição desta economia que puxa as moedas dos pobres para os milhões dos ricos.
Um beijo.
Lindo! :))))
Por acaso também conheço estórias parecidas...
Não direi "mística", mas esta história descreve quase uma experiência "religiosa". Eheheh!
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