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Edição Nº2064 - 20-6-2013
ADM 2.0
Há uma década, o imperialismo
lançou uma enorme campanha de desinformação alegando que o Iraque de Saddam
Hussein tinha armas de destruição em massa (ADM). Cedo se confirmou que o
pretexto não passava duma Aldrabice para a Destruição em Massa (ADM). Agora, uma
nova versão da saga ADM está em marcha. O seu subtítulo é «as armas químicas de
Bachar al-Assad».
Actor de proa da ADM 2.0 é o presidente «socialista»
francês, François Hollande, que no início deste mês foi agraciado com o Prémio
da Paz da UNESCO por (pasme-se!) «a sua contribuição considerável para a paz
e a estabilidade em África». Ou seja, pela invasão militar do Mali. O
presidente do júri de tão criativa atribuição é Mário Soares (www.unesco.org).
Após reestabelecer a ordem colonial no Mali, Hollande parece determinado em
reestabelecer a ordem colonial na Síria. O seu ministro dos Negócios
Estrangeiros, Laurent Fabius, declarou em entrevista que «a França já tem a
certeza de que o gás sarin foi usado na Síria […]. Não há qualquer
dúvida que [os responsáveis] são o regime e os seus cúmplices, porque
fomos capazes de recriar toda a cadeia» do ataque (Libération,
4.6.13). E esclarece: «todas as opções estão em cima da mesa [...]
incluindo uma reacção armada contra os locais de armazenamento do gás».
A França não tem dúvidas. Mesmo depois de Carla del Ponte ter afirmado
(Independent, 6.5.13) que se alguém usou gás sarin na Síria, foram os
«rebeldes» armados pelo imperialismo. Mesmo depois de «jornais turcos terem
relatado que 12 membros da Frente al-Nusra da Síria, com ligações à Al-Qaeda,
que alegadamente planeavam um ataque na Turquia e que estavam na posse de 2kg de
sarin, tinham sido presos» naquele país (Reuters, 30.5.13). Até o
insuspeito New York Times escreveu (10.6.13) que «o presidente
Obama terá, sem querer, fornecido um incentivo para exagerar» relatos de
utilização de armas químicas ao afirmar que «a utilização de armas químicas
pelo governo Sírio seria uma 'linha vermelha'» que provocaria uma escalada
da intervenção dos EUA no conflito. Mas o Prémio Unesco da Paz parece ter
convencido o Prémio Nobel da Paz que chegou a hora de fazer uma guerra a sério.
Em comunicado da Casa Branca, e apesar do «governo Obama estar profundamente
dividido» (NYT, 13.6.13), o vice-conselheiro de segurança nacional
de Obama avalizou as acusações contra o governo sírio. A máquina de guerra
aquece os motores. Do infalível senador McCain, ao ex-presidente Clinton e ao
inglês Cameron, cresce o coro que pede uma escalada da intervenção na Síria. E
cresce a presença militar dos EUA na região – na
Turquia, Israel e
Jordânia.
As verdadeiras causas de tanta
movimentação não são armas químicas. Nem são difíceis de encontrar, mesmo na
imprensa de regime: «os rebeldes sírios estão a perder terreno na sua luta
contra o governo de Bachar al-Assad» (CNN, 14.6.13) e «depois das
tropas do Sr. Assad – auxiliadas por combatentes do grupo militante Hezbolá –
terem conquistado a estratégica cidade de Qusayr […] Washington receia que
grande parte da rebelião esteja à beira do colapso» (NYT, 13.6.13). A
cruzada imperialista no Médio Oriente arrisca uma derrota de enormes
consequências. Et voilá les armes chimiques! grita Fabius, «o
Químico».
A farsa é grotesca, mas ameaça
transformar a tragédia em catástrofe. Desde há muito que a Síria está a ser
destruída por mercenários armados, pagos e apoiados pelos EUA, Inglaterra,
França, Arábia Saudita, Qatar, Turquia, Jordânia (e outros). Em Maio, Israel
bombardeou Damasco. A Rússia ripostou reforçando o seu apoio ao governo sírio. O
Hezbolá ripostou entrando em acção no terreno. O Irão já declarou repetidamente
que, caso seja necessário, entrará em acção em apoio do aliado sírio. Uma
escalada da aventura militar imperialista no Médio Oriente arrisca-se a
incendiar, não apenas a região, mas todo o planeta.
Jorge Cadima
3 comentários:
Infelizmente o que prevalece ê a informacao da imprensa-empresa,propriedade do grande poder financeiro.As calûnias e falsas provas sao ditas atê ä exaustao.Tudo serve para "legitimar",cruêis agressoes.Todos estes jornalistas,de servico,sao responsâveis por todo o sofrimento causado aos povos dos paîses em conflito.
Um beijo
In NOTÍCIAS da PAZ e COOPERAÇÃO
O modelo não é novo mas já provou ser eficaz:
“ - inventa-se uma guerra «civil», armando e financiando mercenários, em grande parte estrangeiros dos mesmos grupos que se combate num qualquer país vizinho;
- destabiliza-se por completo a vida desse país
e, finalmente,
- avança-se com uma “intervenção militar” para salvar do «caos» (mesmo que artificialmente provocado).”
É isto, de grosso modo, que estão a fazer os EUA e os seus aliados da NATO – Portugal incluído, na Síria.
Dá que pensar!
BJS,
GR
Mas para além da barbárie que se está a cometer, a imprensa e todos os meios comunicação mais acessíveis, vão envenenando e enganando o Povo com as falsas notícias que transmitam.
Um beijo.
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