A MODO E A DESTEMPO
(Com um agradecimento
ao senhor Henrique
Raposo)
Não vou perguntar quem é Henrique Raposo, simplesmente porque não
me interessa conhecer quem, à falta de argumentos políticos, se dedica a ataques
pessoais. Mas quero esclarecer o senhor Raposo, em primeiro lugar a propósito da
pergunta que faz: quem sou eu; depois, sobre uma questão que, para ser
compreendida, obriga a perceber o que é a democracia... mas tentar não
custa.
Admitindo que não lhe interesse saber onde nasci, a minha
filiação, as minhas habilitações académicas, a minha ficha clínica ou o nome do
meu gato, limitar-me-ei a esclarecê-lo sobre três coisas:
1) A minha
presença na atividade sindical decorre de processos eleitorais legais e
democráticos, sendo que o cargo de Secretário-geral da FENPROF é por mim
exercido há apenas dois mandatos. Iniciei o terceiro há pouco mais de um mês, na
sequência de um Congresso Nacional que elegeu a direção da FENPROF. Dos 650
delegados presentes, 500 foram eleitos nas escolas pelos professores
sindicalizados, tendo sido inequívoca a votação que elegeu esta
direção.
2) A lei sindical a que a FENPROF e os seus dirigentes se
sujeitam não é exclusiva para nós. É a mesma que se aplica a outras organizações
respeitáveis como, no caso da Educação, a FNE, ou, num âmbito mais geral, as
confederações sindicais CGTP e UGT;
3) A avaliação a que me sujeitei não
se me dirige em particular. É a mesma que se aplica a todos os que, não estando
na escola por desempenharem cargos fora dela, têm, contudo, de ser avaliados.
Chama-se "ponderação curricular" e aplica-se aos dirigentes sindicais, aos
deputados, aos membros do governo, aos autarcas, presidentes de câmara ou
vereadores a tempo inteiro, e a outros docentes que em âmbitos diversos, exercem
atividade fora da escola.
Feita a explicação, perguntar-se-á: pensaria
Henrique Raposo que o país tinha uma lei especial para a FENPROF e, em
particular, o seu Secretário-geral? Não parecendo ser assim, cabe então
perguntar: por que não escolheu outro dirigente sindical, de outra organização,
por exemplo, ou um deputado (há muitos que são professores), ou um presidente de
câmara, ou um membro do atual governo ou até um dos seus muitos assessores que
são professores?
A pergunta é retórica, claro, porque a resposta é óbvia:
não lhe interessava. Em primeiro lugar porque, provavelmente, para si, a
democracia só tem um lado, o do poder; depois, porque mesmo no que,
eventualmente, considerará o lado oculto da democracia, eram a FENPROF e o seu
Secretário-geral que pretendia atingir. Saiba o senhor Raposo que, sendo o
ataque feito de forma tão pouco inteligente que deixa a nu o propósito, o que
procurava ser um insulto acaba por ser deferência. A precisão da escolha
significa que a FENPROF está a chegar onde era pretendido, pelo que,
desorientados, os que se sentem atingidos deixam de reagir politicamente para
desferirem ataques pessoais. São ótimos esses sinais e dão-nos ainda mais força
para continuarmos. Fica, por isso, o agradecimento.
5 comentários:
Foi buscar lã e veio tosquiado.
Campaniça
Em cheio!
Já tinha lido esta resposta de Mário Nogueira ao Sr. Raposo.
Orgulho-me de ter votado nele naquele difícil Congresso em que foi eleito, pela primeira vez, Secretário Geral da FENPROF. Estive como delegada, nesse Congresso, pelos professores aposentados.
Um beijo.
Na mouche!
Esse menino, Raposo de nome, deve estar a candidatar-se ao clube dos bildbergers e para tal precisa de lamber botas e fazer favores a alguém.
Com um grande abraço,
Jorge
Ora toma ô Raposao!...Mais valia,ficares calado.
Um beijo
Enviar um comentário