09.06.2013
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Durante a semana impôs-se-me uma abordagem que verdadeiramente me provocou:
a de terem os salários começado a ficar disponíveis para os assalariados (para quem os ganhou) depois
de durante cinco meses e uns dias (mais de 40%) estarem a ser sugados para pagar
impostos e outras alcavalas semelhantes de que se alimenta o Estado, esse "monstro" como, em momento de rara inspiração, lhe chamou essa abentesma chamada Cavaco Silva.
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Trata-se de um vergonhoso golpe baixo na luta de ideias, no confronto de
concepções, mas muito eficaz porque as pessoas, as massas, apreendem facilmente a
ideia, e têm outras “ajudas” para encontrarem conotações que o mesmo
despudorado ataque ideológico insinua, cavilosa ou explicitamente.
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“Então eu estou a a trabalhar quase meio ano sem receber nada, porque
aqueles gajos da política me levaram o dinheirinho que tanto me custou a ganhar…
lá para as suas mordomias de políticos, para subsidiarem os que nada fazem,
para darem a calões, e etc., etc, etc. ...?”, será a mensagem subliminar.
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Nessa mensagem está ínsito o ataque ao Estado, que é "monstro" por ter
etiquetas e arrogâncias de social e
redistribuidor, mas que seria predador, esbanjador, a tirar aos que trabalham para dar
aos que nada fazem, e não só aos que já nada fazem, ou aos que ainda
nada fazem, mas também aos que nunca nada fazem, ou que, se alguma coisa
fazem, é sem préstimo e cheios de regalias porque “à custa do orçamento”, ao serviço
do Estado, parasitando o parasita-mor e monstruoso.
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Há que, permanente e sistematicamente, denunciar estas mensagens,
responder-lhes com as forças que temos, desmontar o que, nelas, são habilidades
e lhes está subliminar.
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Para agora, e em resposta directa, apenas deixar dito que é (ou deveria ser!)
com o que se desconta dos salários (e não só) que é possível dar satisfação a necessidades
colectivas – isto é, de todos, da
comunidade – e satisfazer necessidades que são direitos, ou seja, fazer por via
da segurança social o que se alicia para que feito seja por via de seguros privados
que se tornem bons negócios por darem lucros e acumularem capital financeiro.
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Melhor procurando dizer, para que todos tenhamos respostas que anulem a
eficácia da mensagem; as infraestruturas de que só o Estado nos pode (e deve)
dotar a todos, a saúde, a educação – universais e gratuitos, o que não quer
dize que não tenham custos, e que não haja alguns que não devam ser
comparticipados pelos cidadãos que a esses direitos têm direito – a prevenção
de situações de doença, de incapacidades, de esporádicos desempregos nunca
voluntários, de longevidade sempre desejável com qualidade de vida.
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O que se desconta do que é pago por se trabalhar é, antes de mais, para que a
comunidade possa assegurar os direitos de quem em comunidade vive, os que
trabalham, os que ainda não trabalham, os que já não trabalham, os que não estão
a trabalhar.
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Dir-se-á que assim deveria ser mas que assim não é.
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Se assim não é, cabe-nos a nós, que escolhemos quem nos representa para que
assim seja, pedir contas – e não só em eleições quadrienais… – e exigir que
assim seja!
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Mas, e esse é o busílis, “o moderno poder do Estado é apenas uma
comissão que administra os negócios comunitários de toda a classe burguesa”
(Manifesto) e, se em democracia burguesa, nas condições da correlação de forças
sociais numa luta de classes que é a História.
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