domingo, junho 02, 2013

Uma questão... de linguagem

Antes de mais nada, e para começar este domingo. reajo a... uma linguagem
Ontem, antes de adormecer, enquanto os olhos não se fechavam , passeei-os pelo semanário de sábado. Com as irritações habituais (da vista cansada...), com uma ou outra (rara) passagem refrigeradora. Mas quando os olhos se fixaram na chamada da 1ª página do caderno economia... adormeci incomodado e incomodado acordei.
Por isso, aqui o digo para que não fique por dizer e para me libertar do incómodo.
Li, evidentemente, o artigo para que era chamado e, não estando de acordo com as posições do ex-ministro (dos que passaram pelos gabinetes das economias e finanças como se isso não lhes tivesse acrescentado nada ou retirado algo do currículo de académicos opiniosos e "virgens"), nada diria - aqui - se não tivesse, como remate concludente e com intenções de ofensa aquele truculento (ou "troikulento"?) trecho.
Não se trata , no meu caso, de enfiar ou desenfiar carapuças. Não me servem, até porque insisto que a questão está em termos entrado no euro (e nas CEs), está não se saber como sair, no risco de sermos atirados para fora da desconjuntada carroça. e não termos força para negociar (e sermos ressarcidos) para minorar as gravosas consequências da estratégia que nos impuseram ao serviço de interesses egoístas de classe (isto digo eu!). Mas é evidente que o dr. Daniel Bessa dispara sem fazer pontaria para um mesmo saco em que me sinto indevidamente "arrumado" por SEXA, num texto em que abundam os superficiais considerandos e as pouco sérias conclusões.
Seria bom que tivesse um pouco mais de tento no que escreve e como escreve! 

Para me justificar, perante mim próprio e dizendo(-me) por que dou importância a tal trecho e gente, acrescento o dito popular de que quem não se sente não é filho de boa gente, e orgulho-me de ser filho de um mosdesto e honrado comerciante que me educou - muito séria e enraizadamente - valorizando algumas palavras como honestidade!

6 comentários:

José Rodrigues disse...

Dizia o "anjinho papudo" Daniel Bessa em 10/10/1996 ao Público.(...)É possível que o pior esteja ainda para vir com a liberalização do comercio mundial em curso(...)no passado ,de uma forma ou de outra o ajustamento acabaria por ser realizado por via cambial-(...)que faria regressar a maior parte das empresas marginais acima a linha de água.É isso que acaba.É aí que residirá o essencial dos sacrifícios.No maior nº de empresas que poderão falir.Nas falências que poderão surgir mais depressa.No maior nº de postos de trabalhoque poderão ser perdidos.(...)-In revista Portugal e a CE jan/jun 1997.Os gajos sabiam bem o que ia acontecer, e o crime de lesa pátria, que iam cometer!
Abraço

Sérgio Ribeiro disse...

É bom lembrar os esquecidos...eque o sr. DB foi mistro de Guterres, por essas alturas...

Obrigado pela lembrança

Um abraço

Alexandre de Castro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
samuel disse...

É um conceito já tão desvalorizada por esta gente... que usam a palavra "honestidade" assim... a esmo...

Abraço.

Alexandre de Castro disse...

Em virtude de algumas incorreções,constantes no meu comentário anterior, envio a sua versão corrigida, que o substituirá.


O erro foi ter aderido à moeda única, uma moeda que foi criada, no interesse da Alemanha, com um valor cambial demasiado elevado para a realidade macro-económica de Portugal, que, imediatamente, começou a perder competitividade externa.
A partir daí, tudo se agravou, com os sucessivos governos do PSD e do PS a deixarem, no interesse dos bancos nacionais e do lobie da construção civil, que a dívida externa privada fosse canalizada, na sua maior parte, para o mercado da compra de casa para habitação própria, um investimento que, agora, perdeu valor, deixando de promover retorno para a economia. É diferente, em termos de sustentabilidade futura, uma economia investir na construção de um conjunto de prédios para habitação ou investir numa unidade industrial, por exemplo. A construção de casas apenas dinamiza a economia, até ao momento em que a obra acaba, enquanto uma unidade industrial continua, durante um período prolongado, a acrescentar valor ao investimento e a manter postos de trabalho. A dívida dos bancos nacionais ao estrangeiro (160% do PIB) formou-se assim, o que permitiu aos acionistas, com os subsequentes empréstimos a empresas e a particulares, acumular fabulosos lucros em juros e amortizações. Agora, esses acionistas, para poderem salvar os seus bancos, aguardam o retorno do dinheiro ganho com austeridade em curso, que o BCE controla através da troika, e que, posteriormente, lhes irá emprestar com um juro de um por cento. Entretanto, a dívida contraída com o chamado ajustamento está a pagar um juro de 3,5 por cento. O diferencial fica nas mãos do capital financeiro. Quer dizer: serão os portugueses, através desta brutal austeridade, que vão pagar os desmandos dos bancos, que, tal como está organizado o sistema financeiro internacional, têm sempre a possibilidade de socializar os prejuízos dos seus balanços (nos EUA, o governo injetou diretamente o dinheiro dos impostos nos bancos falidos).
O objetivo de submeter Portugal a um programa de ajustamento, depois de se ter desencadeado, com êxito, uma estudada campanha para desestabilizar o mercado da dívida soberana portuguesa, consiste em promover uma brutal desvalorização salarial, na ordem dos 30 por cento, através da austeridade, evitando-se assim uma desvalorização idêntica para o capital e os respetivos rendimentos. Se Portugal não tivesse aderido ao euro, Portugal contornaria o problema do excessivo endividamento, desvalorizando controladamente a sua moeda nacional, no sentido de ganhar competitividade externa. Neste caso, a desvalorização também apanhava o capital e os seus rendimentos. Haveria um empobrecimento geral, mas, em contrapartida, e se os governos fossem honestos e competentes, as dificuldades seriam superadas a médio prazo, pois o crescimento das exportações faria crescer a economia e, indiretamente, promoveria também o mercado interno.
Por isso, na minha modesta opinião, só vejo alternativa, para Portugal ultrapassar a crise, na saída negociada do euro e na reestruturação da dívida soberana, com condições que favoreçam o crescimento económico.

GR disse...

São estes fulanos que destroem a Democracia já tão debilitada.

BJS,

GR