Não sei se tinha reparado nisto quando, há mais de vinte anos, viera ao Egipto. Ou, se o tinha, esquecera-o. Agora, logo à chegada, ainda no aeroporto, intrigou-me aquela mancha na testa de muitos homens. E perguntei, pensando que a razão era étnica.
Não, e a minha ignorância talvez não devesse existir, ao que me parece. Aquela mancha é, como se calhar toda a gente sabe…, uma “nódoa negra” resultado da fricção da testa no tapete em que se fazem as muitas orações do dia.
Passei a ver, naquele sinal, uma indicação do grau de fervor religioso de quem o mostra. Falei, vagamente…, deste assunto com o guia que nos mostrou 8 horas de Cairo, almoçou connosco uma excelente refeição, partilhada também com o motorista, um simpatiquíssimo e bonacheirão Mohamed, com quem fizemos a viagem até Alexandria.
O jovem disse-nos da sua fé – que ainda não deu para mancha na testa… –, e teceu algumas considerações curiosas sobre religião. É crente, faz as suas orações, e diz que não quer cá intermediários para as relações com o seu deus (logo existe…). “Vocês é que se confessam e pedem perdão dos vossos pecados a quem terá pecado mais que vocês… eu não, é tudo directo com quem não peca, só Ele me pode perdoar.” (a maiuscula é dele e respeito-a...). Não estava mal visto, respondi-lhe eu, mas esclareci-o que não tinha esse problema, que para mim nem deus, nem padre, um pouco como os do “ni dieu, ni maître”. Mas só um pouco.
E ficaram por aí as nossas conversas teológicas.
Respira-se religiosidade por aquelas bandas. Mesquitas em grande quantidade, algumas igrejas (uma de S. Sérgio, ora tomem!, que resistiu aos romanos que perseguiam os católicos), umas sinagogas. Mas os tapetes e a reza na rua, as setas para Meca nos hotéis, sobretudo o apelo à oração, enchendo de um som ondulante e quase anestesiante as ruas, criam um certo ambiente.
Não, e a minha ignorância talvez não devesse existir, ao que me parece. Aquela mancha é, como se calhar toda a gente sabe…, uma “nódoa negra” resultado da fricção da testa no tapete em que se fazem as muitas orações do dia.
Passei a ver, naquele sinal, uma indicação do grau de fervor religioso de quem o mostra. Falei, vagamente…, deste assunto com o guia que nos mostrou 8 horas de Cairo, almoçou connosco uma excelente refeição, partilhada também com o motorista, um simpatiquíssimo e bonacheirão Mohamed, com quem fizemos a viagem até Alexandria.
O jovem disse-nos da sua fé – que ainda não deu para mancha na testa… –, e teceu algumas considerações curiosas sobre religião. É crente, faz as suas orações, e diz que não quer cá intermediários para as relações com o seu deus (logo existe…). “Vocês é que se confessam e pedem perdão dos vossos pecados a quem terá pecado mais que vocês… eu não, é tudo directo com quem não peca, só Ele me pode perdoar.” (a maiuscula é dele e respeito-a...). Não estava mal visto, respondi-lhe eu, mas esclareci-o que não tinha esse problema, que para mim nem deus, nem padre, um pouco como os do “ni dieu, ni maître”. Mas só um pouco.
E ficaram por aí as nossas conversas teológicas.
Respira-se religiosidade por aquelas bandas. Mesquitas em grande quantidade, algumas igrejas (uma de S. Sérgio, ora tomem!, que resistiu aos romanos que perseguiam os católicos), umas sinagogas. Mas os tapetes e a reza na rua, as setas para Meca nos hotéis, sobretudo o apelo à oração, enchendo de um som ondulante e quase anestesiante as ruas, criam um certo ambiente.
Que se pode testemunhar da janela do hotel (na que chamo a "horação"... que muitas são durante o dia):
Como já escrevi, nas fotos de Sadat – no museu da Biblioteca, por exemplo –, ele tem o sinal bem visível, quase ostensivo. O que não encontrei em Nasser ou em Mubarak. Daqui, não se tirem quaisquer ilações. Já não diria o mesmo do facto de Sadat ter sido vice-presidente de Nasser, que substituiu em 1970, e ter sido substituído por Mubarak, que era seu vice-presidente em 1981. Mas isto já são coisas da área da política…
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Ficam para a última destas notas-impressões de viagem enquanto viajo.
2 comentários:
O que antes não tínhamos visto (mas estava lá) vimo-lo agora - e na próxima veremos o que agora não vimos (mas estava lá)...
Um abraço.
Religião, as pessoas não passam sem ela. Até no Alentejo onde andei durante uns dias desta semana(norte), quase tudo de que o guias falaram era dedicacado a um santo qualquer entre eles o Nuno Álvares Pereira.
Fiquei um pouquinho desiludida, mas também se fizeram coisas importantes como, por exemplo, as termas de Nisa, as escolas de artesanato e outrs coisas que não cabe aqui relatar.
Um beijo.
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