O cuco voltou.
E com um poeta de que gosta muito e um poema de que muito gosta (gostava!?).Com Miguel Torga e, de Os Caminhos do Homem, de Dies Irae.
Porquê a dúvida gosta/gostava (atenção: só em relação ao poema "cucado")?
Porque, ao "traduzi-lo", ao "cucá-lo", o cuco tem a ideia de que virou o poema do avesso.
À maneira de
Miguel Torga
Os Dias da Ira
ou
As angústias paradas
Não apetece cantar e ninguém canta;
só apetece chorar e tanta gente chora.
O desemprego aponta
o dedo do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar e alguém grita;
apetece emigrar, e tanta gente foge.
Há uma política que imita
o futuro ao que é o dia de hoje.
Apetece morrer e alguém morre.
apetece matar e há gente que mata.
O fantasma da dívida percorre
os motins onde a raiva se arrebata.
Oh! maldição do tempo em que vivemos,
sepultura de grades que enferrujam.
Como nos enganam com a vida que não temos!,
e a ira calada dos que não lutam!
ou
As angústias paradas
Não apetece cantar e ninguém canta;
só apetece chorar e tanta gente chora.
O desemprego aponta
o dedo do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar e alguém grita;
apetece emigrar, e tanta gente foge.
Há uma política que imita
o futuro ao que é o dia de hoje.
Apetece morrer e alguém morre.
apetece matar e há gente que mata.
O fantasma da dívida percorre
os motins onde a raiva se arrebata.
Oh! maldição do tempo em que vivemos,
sepultura de grades que enferrujam.
Como nos enganam com a vida que não temos!,
e a ira calada dos que não lutam!
6 comentários:
Um poema onde os nossos grandes problemas não são esquecidos e as verdades são ditas.
Gostei muito de ler, como a realidade é dura!
Bjs,
GR
Então não será sempre tempo de recomeçar? Acho que sim.
Um abraço.
João Filipe.
..............//..............
"Recomeça"...
Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
Sempre a sonhar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga
A poesia é uma arma.
Que importa que o tenhas virado do avesso? Afinal podes 'cucar' os poemas como entenderes... por enquanto...
E ficou muito bem cucado!
Beijo.
GR - Reparaste que o "virei ao contrário"? Tentei torná-lo num poema de luta. Cuquices atrevidas.
João Filipe - Fiquei mesmo com pena de não nos termos encontrado na Festa, querido amigo. Obrigado pelo "teu" Torga.
Antuã - É sim, senhor, camarada. Há que a procurar usar bem, isto é, revolucionariamente.
Maria - Obrigado. Cá vou "cucando"... com tua autorização (eh!eh!)
Abreijos
Tão bem cucado!!!
Reflecte mesmo os dias de hoje.
Gostei especialmente do excerto
"Há uma política que imita
o futuro ao que é o dia de hoje."
Um beijo.
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