segunda-feira, setembro 13, 2010

Poemas cucos* (e outras coisas cucas) - 22 (palavras de cuco)

Depois do senhor José Fontinha, o poeta EuGénio de apelido de Andrade, fica-se sem palavras (ou só com cem?...). Depressa os atrevidos recuperam. Fazendo-se engraçados...



À maneira do
CUCO
(a divertir-se)



Palavra? Ou palavras, ou letras?
Palavra d’honra!
Sem palavras dizem uns, com cem palavras escrevem outros…
De todo o modo, troca-se* uma letra, e tudo muda.
Pois se muda a moda com o modo!,
ou será que muda o modo com a moda?
As palavras são volúveis, as palavras são solúveis.
(troquei - ou truquei? - os vês pelos esses,
e há quem troque os bês pelos vês,
e bice-versa ou vice-bersa**... )
Em vez de um o põe-se um a, e passa o outro a ser a outra.
Soma-se uma letra (pode ser a - ah, pode? há pode! -) e,
por mor do amor,
num nó nós nos podemos transformar.
E apalavrar (ou aparvalhar...)
.
Com palavras tudo se pode dizer,
apenas com palavras tudo fica por fazer
(e, ademais, nada de mais rimas em er!)
.
“What do you read, my lord?”
“ Words, words, words.”
.
Moral para o mural da estória, que não tem História:
Não queiras abalar levando a última palavra;
procura abanar fazendo o primeiro gesto.
Shakespereana foto aposta, fica posto o fa(c)to*** feito.
Pré-feito e perfeito! (é como quem diz, ou quem a si dá dez...)
_________________________
* - Não se muda, cambia-se se for de câmbio a letra.
** - Ah!, vem bista esta, não esta´?
*** - Quando acordo eu para o acordo ortográphico?

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Que interessante trocadilho com letras e palavras.

Um beijo.

GR disse...

Brincas com as palsvras, como se fosse tarefa fácil.
Magnífico!

Bjs,

GR

Maria disse...

Agora baralhaste-me...
'Facto' não continua assim? Nós pronunciamos o C, certo?
Então deve ficar como o temos (ou devia). Ai este acordo que não entendo...