sábado, setembro 25, 2010

Reflexão lenta, curta... e sempre urgente - 60

A imagem subliminar que se inculca é a de que tudo acontece por culpa "do outro", de uma poderosa e inflexível entidade abstracta, imaterial, a que se vão dando nomes adequados ao momento da campanha, e em que prevalece o mercado (ou os mercados). Completada pela ideia de que, se não se obedece a esse fantasmagórico "papão", será o desastre, o caos, ou então, para que não venha o desastre, o caos, haverá quem venha de fora "pôr ordem na casa", fazendo o que os incompetentes dos nativos se mostram incapazes de fazer, e nem nestas situações-limite se conseguem entender.
Estaríamos - Portugal que somos - num beco, a exemplo de outros momentos da nossa História próxima, quando se escreveram cartas ao FMI e ele veio cá distribuir uns açoites, pôr sindicatos e trabalhadores em sentido a partir do ambiente criado, e carregando mais nos que não têm qualquer responsabilidade na situação criada.
Por isso, ainda estamos a tempo, dizem-nos. Ainda teriamos a saída de fazer o que o tal FMI viria cá fazer. Mas, para o fazer, tem de haver quem fique com o odioso... porque vivemos em "democracia", há que não perder eleitorado e o espectáculo do "jogo do empurra" é absolutamente miserável. O governo a atirar com a responsabilidade para a "oposição" (que é apenas a que, institucionalmente, lhe pode servir), esta oposição a exigir que o governo assuma os compromissos de executivo para que teria criado condições. Com atitudes e linguagem ao nível da peixeirada, com as devidas desculpas para as senhoras que "ganham a vida" a vender peixe!
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E há alternativa! Não estamos num beco sem saída! Antes de mais, antes de tudo, voltar a dar prioridade ao aproveitamento dos recursos, à produção, ao trabalho!

1 comentário:

Graciete Rietsch disse...

O mal é que não ouço, com excepção de alguns que sabem muito bem do que o país precisa, a dar atenção e a defender essas prioridades.

Um abraço.