quarta-feira, setembro 15, 2010

Um dicionário e uma palavra – 1

O dicionário é o Dicionário de Economia, de Jean Romeuf, que sabia ter entre as obras (que deveriam ser) de consulta, e de que vi, há uns dias, uma possibilidade de comprar, nessas ofertas que aparecem pela net. Mesmo com o risco de poder vir a duplicar, achei que mais valia ter dois Romeuf na secretária que um por aí escondido, e logo me habilitei – até porque o preço era baixo…
A vendedora cumpriu com todos os prazos, veio por correio, paguei o que vinha à cobrança e só depois é que vi que não era o dicionário todo mas só das letras G a O…
Não, não fui enganado porque a oferta não dizia “volume completo”, e este que comprei está em bom estado... para o preço.
O facto é que fui procurar o que tenho dos fascículos e encontrei-os (claro!), do 1 ao 18, até à letra O e julgo que por aí se ficou a edição em português, pelo que fiquei em duplicado com desde meio do fascículo 12 ao fascículo 18.
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Quantas memórias!
Este dicionário foi publicado em França em 1961, há quase 50 anos, sob a direcção de Jean Romeuf, com colaboração de Gilles Pasqualaggi e prefácio de Alfred Sauvy. Uma obra e tanto!
Algum tempo depois, começou a edição em português, em fascículo na Livros Horizonte, sob a coordenação portuguesa de João Pedreira Vilela e tradução de Rui de Moura e minha.
Além da tradução fiz também parte dos ditos colaboradores portugueses, para redigir algumas “entradas” que faltassem e actualizar ou “aportuguesar” outras, através de anexos. E foi uma dessas “entradas” que faltavam – a de mercadoria, de que me encarreguei – que me fez saltar para as teclas.
Antes de a ela chegar, algumas observações, citando:
1. De Sauvy, no Prefácio: «… a ciência é cumulativa: só pode progredir por heranças sucessivas de geração em geração. Toda a pedra bem colocada que não serve de apoio a outra pedra é uma pedra inútil. Eis porque, longe de ser um “género inferior”, todo o trabalho de agrupamento, de síntese, de compilação (não tenhamos medo da palavra), de difusão, tem um alto valor construtivo. E a excessiva raridade destes trabalhos realça ainda mais o seu valor.»
2. De Romeuf, na Introdução: «… ter-se-ia neste Dicionário hesitado entre duas fórmulas: a de enciclopédia e a de dicionário propriamente dito. Ora, é justamente de deliberado propósito que certos artigos apresentam a primeira forma e outros a segunda (…) Assim, se nos pareceu lógico tratar de maneira enciclopédica os termos Marxismo e Moeda, não aconteceu o mesmo com o artigo Sociedades, o qual, todavia, não devia ser excluído.»
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Antes de tratar da “entrada” Mercadoria que, inexplicavelmente, não tinha lugar, nem enciclopedicamente nem dicionariamente, ainda me deterei no artigo 2, tal como foi redigido/traduzido há perto de 50 anos.

1 comentário:

Graciete Rietsch disse...

Um pequeno grande comentário. Parabéns pela tua extraordinária obra.

Beijos.