sábado, dezembro 25, 2010

Reflexões lentas... em tempo tudo/nada natalício

O galo teve a sua missa, o bacalhau fez a sua obrigação, e hoje é o dia do peru cumprir o seu destino nos lares que o alcançaram (e menos foram). Os desavindos das famílias também vieram e houve tréguas nas resistentes e crescentes desavenças.
Todos ceados, hoje de manhã é o tempo de, asseados, estrearmos roupa de prendas trocadas.
Mas...
Nestes dias do ano, o mundo não pára. Nem sequer desacelera. Embora pareça.
Tudo mexe. E muito.
Nestes dias do ano, olha-se para o vulcão como se ele estivesse em repouso. E talvez seja necessário. Talvez precisemos de relaxar. De fazermos de conta que o vulcão só está vivo quando deita a lava pela bocarra por onde esta rompeu, depois de incandescer, de se pôr ao rubro e de se atirar aos ares e ventos e pelas encostas abaixo.
Estou a pitonisar desgraças? Não. Apenas estou a viver a enorme contradição entre o muito - tanto! – que quero dizer às gentes que sou, delas conhecer e aprender, e este hiato em que as sinto desatentas, ou com as atenções distraídas, por necessidade e cautela.
Não me julgo obcecado, embora assim me julguem. É que não dão pausa os anúncios, explícitos ou escondidos, do que aí vem com o ano novo (que poderá ser, como todos, ano ovo).
Assusta (e, contraditoriamente como a vida, é espera nça) o 2011 que está para lá da porta já aberta. Escrevo isto depois de ter lido, no semanário habitual, notícias, artigos e comentários de revelação e confirmação. Como este do Nicolau Santos (que também começa a ser habitualmente citado):
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A culpa é toda do trabalho
De repente, o capital tomou a ofensiva. Os patrões recusam o aumento do salário mínimo para €500 em 2011, conforme tinha sido acordado em Concertação Social. Querem já a flexibilização do despedimento individual e a redução do valor das indemnizações a pagar. Como disse genialmente um dos envolvidos no processo, os patrões querem flexibilizar os despedimentos para aumentar a segurança no emprego. Supõe-se que se tudo se passar como o patronato deseja, a economia vai florescer. E porque não trocar trabalhadores por servos da gleba? Nessa altura, é seguro, o tigre lusitano espantará o mundo!

Alguém lhe terá oferecido, como natalícia prenda, um livrinho primeiro publicado em 1848 com o título que tanto diz de Manifesto do Partido Comunista? Se sim, vale dizer que uma leitura não basta. É preciso estudá-lo com cuidado e ao que depois dele veio.

8 comentários:

Fernando Samuel disse...

E é um livro pequenino (no número de páginas), que se lê e estuda com prazer e que, se à medida que se lâ e se estuda, o formos levando à prática... não vos digo nada...

Um abraço.

Joé Rodrigues disse...

Ora então aqui está o livrinho na minha frente e a páginas 65 diz:(...)Uma parte da burguesia deseja remediar os males sociais para assegurar a existência da sociedade burguesa (...).Bem e lá volta o livrinho para a mesinha de cabeceira...

Abraço

Sérgio Ribeiro disse...

Fernando Samuel - ao livro pequenino seguiu-se um livro enorme... que ainda não está terminado, embora os seus aprontados 8 tomos sejam imprescindíveis para se perceber o que se passa e obriguem a escrever o que falta (e sempre faltará!) ser escrito.

José Rodrigues - Ora aí está o lugar adequado para esse livrinho: a mesinha de cabeceira, à mão de semear e não para servir de "bibelot" ou para "calçar" uma pena mais curta da tal mesinha. Para fazer como tu fizeste: ir lá procurar, com a certeza de encontrar, algo que nos ajude.

Obrigado, camaradas, e abraços

Anónimo disse...

Porque não desejam bom Natal a J. Proença, esse vosso aliado e amigo do peito?

Maria disse...

É sempre tempo de aprender. Se quisermos. E ainda vamos a tempo...

Um beijo.

Maria disse...

Já agora, bom natal ao anónimo que está em cima de mim (salvo seja). Quando não têm nada que dizem inventam gracinhas...

Sérgio Ribeiro disse...

Maria - Vamos sempre a tempo!
E... sabes?... a minha reacção ao anónimo foi outra. Ao ler aquele "interessante" e "inteligente" comentárioao meu texto, saíu-me umpouco natalício "vai à merda!" e passei adiante.

Que tal te aguentaste nesta quadra (de pé quebrado... salvo seja)?

Grande beijo

Graciete Rietsch disse...

E eata época de Natal é muito propícia a apaziguar consciências, a fazer caridade e a trazer mais resignação aos que recebem a esmola que tanta felicidade dá a quem a oferece.

Um beijo.