Por aqui se tem referido e transcrito com (talvez) inusitada frequência a página 5 do caderno Economia do Expresso. Porque nela temos lido coisas que escreveríamos (ou subscreveríamos), mesmo sabendo que outras, que dessas docorreriam, ficam por dizer. Porque o seu responsável tem a sua opção ideológica, com os limites que esta impõe. E por isso ali está...
Hoje, e com atraso de uma semana (um apontamento que se escondeu no fundo de uma algibeira...), aqui se volta com o que essas leituras semanais suscitam, e por razões que não são as habituais. É que Nicolau Santos, nesse número, com a escrita aliciante que usa, escreve sobre a desonestidade e o fracasso (a propósito da 7ª avaliação "troikulenta") e sobre os passos que Cavaco deu. fazendo o que Passos não fez (e mais coisas como um excelente apontamento com o título "o carteiro já não toca duas vezes" sobre o que está a passar nos CTT e suas consequências no viver das gentes).
continuaria com a reflexão criticamente negativa que, desta vez, nos provoca o escrito de Nicolau Santos, resultado inevitável das referidas fronteiras que a ideologia não o deixa pisar. Até diriamos que também NS oscila, não entre a desonestidade e o falhanço mas entre o acerto e a desonestidade.
Isto porque, falando de (falemos então!) de honestidade (intelectual!) não se pode parar a meio do caminho do acervo, e acerto!, das críticas a uma(s) política(s) de um governo, e deixar de lado, como se não existissem
- as estratégias de um sistema
- as contradições de um sistema
- as críticas (bem anteriores) que vêm de fora do sistema, que tem um nome: capitalismo.
e se ignorem
- as posições críticas que se escoram numa outra opção ideológica
- a natureza de classe das políticas que se criticam, pois, como as bruxas, que las hay, las hay
Ainda que se não se concorde com as outras opções ideológicas, como é coerente para quem tem uma (graças a deus...), é desonesto louvar o que faz Cavaco sem dizer o que não faz como seria de seu dever constitucional, como também tem "perfumes" hipócritas escrever coisas certíssimas sobre os malefícios do "carteiro não tocar duas vezes" desenquadrando-as de uma estratégia global de ataque aos direitos conquistados numa luta de classes em que, para a classe dominante, o que não der lucro não teria razão de existir e os tais direitos se metamorfoseiam em migalhas aparentemente caridosas que têm de ser distribuídas para evitar males maiores dados os limites da suportabilidade.
6 comentários:
"E por isso ali está.",claro,quando deixar de criticar as consequências,(o que até pode favorecer o poder),e passar a criticar as causas,saiu da gaiola que o regime lhe impõe.
Há muros que se tornam demasiado altos para a precariedade,e ameaças de mobilidade e desemprego,os deixarem transportar,mesmo que para tal houvesse vontade.
Um abraço,
mário
Bom post, colocando o dedo na ferida.
Pois quantas vezes criticamos (e bem) um operário porque tem medo de se identificar com "algumas ideologias" para não perderem o emprego? Porém, temos tendência a a entender os intelectuais neste caso Jornalistas, quando não criticam o Sistema...com medo de perder o emprego.
BJS,
GR
Carissimo Mário
Pois é... mas neste caso até é o senhor sub-director do "espesso", que vai dizendo umas quantas coisas, mas com travões afinados.
Querida camarada Guida
É isso mesmo... é a luta de classes!
Abreijos
Importante mesmo é inserir as críticas no modelo que as provoca e não ficar-se pelas consequências.
Um beijo.
Querida camarada Graciete,
Exactamente... e passar à (e estar sempre em) acção para contribuir psrs a transformação. Como tu fazes.
Parabéns pela participação no acto teatralizado!
Beijos
Camarada,
Brilhante "puxão de orelhas" ao NS!
Já o merecia à muito, por se ficar sempre pela rama e não ir ao cerne da questão, a luta de classes!
Sempre que leio NS fico com um amargo de boca precisamente por ele não saltar o muro e ver mais além. Talvez porque não queira, não possa ou não saiba ir mais além...
Mas a luta continua, contínua, também na GREVE GERAL DE 27 DE JUNHO.
Um bom S.João, desde Vila do Conde,
Jorge
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