À maneira de
Fernando Pessoa-Alberto Caeiro
Ao entardecer, sentado nesta pedra,
vendo o sol, ao longe, a esconder-se
por detrás das casas esparsas e dos morros,
sabendo dos Castelos nas minhas costas,
quero ler até me arderem os olhos
o livro de Cesário Verde.
Como Caeiro, tenho pena dele!
O nosso poeta era um camponês
que andava pela cidade qual preso em liberdade.
Mas o modo como olhava para os prédios,
e o sem jeito com que pisava as calçadas,
e a sua maneira de lidar com as coisas,
e, mais que tudo, a poesia que fazia,
são de quem vê os passantes como gente,
de quem ao rés olha para as casas ao rés dos olhos,
de quem procura as árvores,
de quem mira e admira os caminhos que os pés caminham
(que o caminho se faz ao caminhar, dizia Machado…),
de quem repara nas flores
e ouve os ruídos levantados nos descampados…
Por isso, tinha ele aquela grande e funda tristeza,
(que nunca disse bem que tinha...),
e andava pela cidade com a saudade de andar pelos campos,
e triste como esmagar borboletas em livros,
como amarrar flores em jarras….
quinta-feira, setembro 02, 2010
Poemas cucos* (e outras coisas cucas) - 16 (Alberto Caeiro)
Desta vez, o "cuco" abusou (e alguma vez não o fez?).
Não se limitou a um poeta, a um autor, a um nome. De uma vezada, desculpando-se com as contas que deus fez, tirou ovos que eram de três e, se virmos bem, ainda de mais um, que se esconde ou disfarça com desfaçatez.
Foi-se ao livro de Helder Macedo,que é uma leitura de Cesário Verde (e que leitura!), e retirou de lá o poema de Alberto Caeiro (que é o sr. Fernando Pessoa heteronimado) e (mal)tratou todos. Também ninguém levará a mal ao pobre "cuco" (que sou eu...). Porque é por bem, e com muito respeito por todos.
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1 comentário:
Nostálgico, este teu poema "cuco"! Mas belo, muito belo!
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