quarta-feira, setembro 01, 2010

Tomar partido! (antecipando uma apresentação de livro na Festa)

Da preparação para a apresentação de um livro na Festa (e antecipação... ):

«(…) marxismo, e marxismo-leninismo como nossa base teórica, é concepção materialista filosoficamente, histórica e dialéctica, e a procura de abordar – "marxisticamente" – o “momento”, a contemporaneidade do capitalismo, ainda que com o instrumental que a super-estrutura dominada pela ideologia da classe dominante no estádio da relação de forças classista, tem de ser histórica, dialéctica.
Histórica, por não deixar que a estreiteza dos nossos horizontes temporais de existência individual façam apagar a historicidade do que nos é contemporâneo, por não consentir seccionar, separando, a contemporânea idade do que foi e do que será; dialéctica, porque devendo inserir-se na vida total e nas suas contradições dinâmicas, porque utilizando, necessariamente, esse instrumental à disposição – "generosamente" disponibilizado e imposto, excluindo ou escondendo outros –, o devemos fazer com as reservas que decorrem de, mais que instrumentos, serem armas de uma permanente tentativa de total e “exclusivante” dominação ideológica.


Nas releituras refrescantes a que Compreender a economia me obrigou, detive-me longamente num outro também belga e também Jacques mas não Gouverneur, em Jacques Nagels, num seu trabalho que considero notável, dos idos anos 70, em que, à volta do tema-título Trabalho colectivo e trabalho produtivo na evolução do pensamento marxista (e também noutros), ensaiou uma aproximação à utilização do “cálculo marxista” (ou com base em conceitos marxistas), usando equações-relais, com aproveitamento do instalado instrumental estatístico (digamos) burguês, capitalista, trabalho em que, aliás, os anos de União Soviética procuraram fazer avanços, daqueles só possíveis em muitos e muitos anos - para mais tendo sido estes percorridos entre cercos, bloqueios, guerras quentes e frias -, trabalhos e avanços em que, com a sua interrupção, se perdem ou recuam décadas.»

2 comentários:

Maria disse...

Porque devíamos ler Marx todos os dias!

Anónimo disse...

A obra que foi mais fundo e que mais avançou na tradução da contabilidade nacional burguesa para uma contabilidade marxista foi o livro de 1994, esse sim absolutamente notável, do Anwar Shaikh (em colaboração com Ahmet Tonak), que vivamente recomendo ao Sérgio (no Sul do país, sei que há um na biblioteca do ISCTE, mas posso disponibilizar cópia, por mail):

Measuring the Wealth of Nations: The Political Economy of National Accounts
Cambridge University Press.

HM