«(…) Assim se teria firmado, também em Portugal, um “modelo social”, não por “concessão” da classe dominante mas por conquista da classe e estratos explorados e dominados.
Conquistas efémeras, ainda que constitucionalizadas? Efémeras, sim, mas podendo sê-lo no sentido do progresso ou do retrocesso. Depende da relação de forças.(…)»
(de anterior "post")
Uma das coisas que se têm de aprender da História, ou que a História ensina – queira-se ou não –, é que nada é definitivo, perene.
Aquando do processo de conquistas sociais pós-25 de Abril, antes mesmo da sua constitucionalização, o ataque que lhes foi feito por quem se avaliou lesado, nos seus interesses de grupo e/ou classe, apoiou-se nas estádio das relações sociais, quer internas quer internacionais. E não hesitou perante nada, no uso da sua força anti-democrática clamando por democracia.
Três décadas e meia passaram. Com alterações relevantes na configuração dessas relações sociais, tendencialmente ou forçadamente a favor de quem dominava, beneficiando do abuso desse domínio e de fragilidades e traições de quem teria estado (nalguns casos,com grande coragem e mérito) do lado das conquistas sociais.
Mas essas conquistas tinham raízes. Porque vinham no sentido da História, porque eram conquistas da Humanidade, em condições criadas pelo trabalho de séculos e milénios.
Os seres humanos vivem mais anos e podem viver com mais qualidade de vida. Aqui, tendo avançado séculos em décadas, ali, tendo avançado dias em décadas. Em Portugal, naqueles 400 dias, recuperando muito do nosso atraso.
A afirmação do direito à saúde, universal e gratuito num Serviço Nacional de Saúde possível; a afirmação do direito à educação para todos; transportes e comunicações como serviços públicos.
E mais, essenciais como necessidades/direitos, não só como palavras, nalguns casos bastando a palavra, como água, como ar, noutros traduzidas em lutas em que o dicionário tem o seu lugar para dilucidar: trabalho, emprego.
Sempre regateada a concretização, mais ainda o avanço, quando parecendo em condições, o ataque frontal e a destruição. Por vezes, com base sofismas de fácil aceitação porque bem preparado o terreno ideológico.
Um exemplo: a mudança de nome, de designações. Da União Europeia, a habitual “ajuda”. Quais serviços públicos?, serviços de interesse geral.
(mas… já lá vamos…)
1 comentário:
Há quem olhe para a História com os olhos postos nos sapatos sem ter em conta os passos que já deu e os que irá dar.Só olhando para o passado se vê a dimensão do futuro.
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