Quando "a crise" rebentou, os que, além da expectativa de a virem a sofrer e de a ela procurarem escapar-se (entre os pingos da chuva a tornar-se enxurrada), tinham a obrigação de a acompanhar por (de)formação profissional - e é o caso dos economistas -, esperavam o aparecimento de "receitas" keyneseanas.
E elas surgiram. Os livros sobre Keynes (e sobre Marx...) aparecerem nas bancas das livrarias (comprovámo-lo em... Nova Iorque). Mas a avalanche neo-liberal tudo submergiu. As receitas puras e duras, do monetarismo, do FMI e do BCE, prevaleceram predominantemente, hegemonicamente, porque a relação de forças o consentiu, e porque o capitalismo tem as suas dinâmicas que não se tolhem a não ser pela força de quem o sofre e, logo,vpelo... estádio da luta de classes.
Deu no que está a dar, sempre com alguns vagos e, depois, mais consistentes, alertas de quem não bebe da cartilha neo-liberal... por ver keyneseanamente a economia.
Assim o interpretámos nas nossas leituras (diria) rotineiras.
O keyneseano confesso Nicolau Santos (decerto sem penitência)
tem, com lucidez (keyneseana), tido um papel "expresso" na denúncia da desbragada deriva neo-liberal, enroupada em neutralidade técnica que a si própria se nega.
Agora, esta semana, enuncia 7 verdades troikulentas que nada tinham de verdade:
- O memorando de entendimento está muito bem desenhado
- Não há falta de investimento para a economia
- Não será necessário nem mais tempo nem mais dinheiro para proceder ao ajustamento
- Portugal regressa aos mercados em setembro de 2013
- A economia vai começar a recuperar a partir de 2013
- As privatizações e reestruturação aumentam a concorrência e baixamos preços
- O ajustamento traz confiança e vai atrair o investimento estrangeiro
É evidente que os keyneseanos têm razão mas esperam a sua oportunidade de não a virem a ter. Aliás, o próprio Keynes foi vencido em Bretton Woods, com o FMI, mas os seus seguidores, à boleia da guerra ganha pelos povos, recuperaram e criaram (ou foram obrigados a aceitar) o que veio a dar os "30 anos de oiro" que desembocaram no reaganismo-tatcherismo e na deriva monetarista e neo-liberal.
Para nós, é claro que a questão é de classes e da sua luta, que o arrepio da história e do progresso social está, HOJE, no capitalismo, como sistema de relações sociais, e não se resolve com medidas que o façam sobreviver mais uns tempos ("com os séculos contados", como diz Avelãs Nunes).
Mas num aspecto nos encontramos com muitos outros, e com isso nos congratulamos:
é que sem a produção e a procura interna, sem capacidade de consumo dos povos e, sobretudo, dos trabalhadores que produzem e distribuem, nada se resolve e as situações tornam-se explosivas, e podem ser perigosamente de desespero que nada ajuda à tomada de consciência e às verdadeiras e indispensáveis e urgentes mudanças de rumo.
Há que lutar por outra linha de rumo... à vitória. E numa mesma frase se cita Ferreira Dias, Jor. e o camarada Duarte (Álvaro Cunhal).
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