«(...) Levantadas reservas sobre algumas referências bio-bibliográficas, por não se atribuir autoridade científica aos citados, quisemos afirmar, e aqui se reafirma, que, independentemente do que possa ser norma em teses de doutoramento – e respeitando essas normas -, nenhuma citação foi feita com a pretensão de valer como “argumento de autoridade”, nem nenhum autor foi citado por ser aquele autor. Aproveitámos a oportunidade para afirmar a nossa defesa da ortodoxia. E da oportunidade decorreu a lembrança de Joaquim Namorado que disse que a verdadeira coragem era, em certos momentos e lugares, a de alguém se afirmar ortodoxo.(...)»
O que disse durante as provas, e a sua reiteração na nota prévia, se não prejudicaram o resultado do doutoramento, pouco terão ajudado para o que a tese poderia ter tido (e ter) de eventual divulgação e possível aproveitamento… Viviam-se (e vivem-se) tempos de alardes de heterodoxia e de afirmações de inconformismo, como acontece ciclicamente. Pelo que, como sempre – mas às vezes mais! – é necessário afirmar o que é axial, o que é a nossa base teórica.
Em relação à definição, por exemplo, de valor e de trabalho produtivo, há que ser muito claros, na perfeita consciência da dificuldade de simplificar conceitos tão complexos – como a vida o é! Mas não é essa complexidade que levará a aceitar que se apode de conformista o que é axial e que se isso seja substituído por conceitos “modernos”, outros de que não se nega o direito a existirem (e até a sua possível respeitabilidade) mas que não podem é ser apresentados como sendo marxistas.
Atrever-me-ia a, no final deste percurso de fixação de reflexões (re)nascidas em (re)leituras, deste quarteirão de notas a tomar partido!, resumir, com o risco de ser redutor, risco que assumo com a afirmação de que há que continuar a estudar e aprofundadamente. Mas, enquanto marxistas e na vertente económica, há linhas de investigação a percorrer (e tanto caminho!) a partir da interpretação da História segundo a qual a relação homem-natureza para satisfação das necessidades que historicamente evoluem, desencadeou i) um processo de criação de forças produtivas – antes de todas a do trabalho e, depois, dos instrumentos e objectos que a acompanham e vão completando e substituindo nas tarefas – e ii) que esse processo se concretiza, ao longo da História, no quadro de relações sociais de produção que passam por estádios, ou patamares, correspondentes ao desenvolvimento das forças produtivas. Forças produtivas e relações de produção que formam unidades dialécticas (por isso prenhes de contradições) como modos de produção.
Sem comentários:
Enviar um comentário