Recomece-se por um excerto da internet (Wikipédia), que virá bem prejudicar a pretendida objectividade, não obstante disso se mascarar:
«O Muro de Berlim era uma barreira física, construída pela República Democrática Alemã durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos; e República Democrática Alemã (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime totalitário soviético. Construído na madrugada de 13 de Agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental com ordens de atirar para matar (a célebre Schießbefehl ou "Ordem 101") os que tentassem escapar, o que provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas.»
A ilusória objectividade dos números! Não vou comentar e confrontar quilómetros, mortos e feridos e relativizá-los com outras situações e números correlativos, com centenas e milhares de vítimas. Uma vítima que tivesse havido, nos 28 anos do muro, seria demasiada!
Retranscrevo o que já por aqui deixei, a 28 de Abril:
«1. Vende-se “o muro” como se vende um detergente, embora com todo o “tempero” implícito dos “direitos humanos”, a puxar pela emoção.
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2. Promove-se “o muro” como se fosse uma inocente atracção turística, mas a apelar à indignação e ao repúdio da brutalidade.
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E é difícil, mesmo muito difícil, procurar racionalizar, raciocinar, contextualizar, juntar a dimensão tempo em todas as suas dimensões, relativizar a dimensão dos inegáveis direitos pessoais e familiares que foram atingidos.
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Mas o caso é de tal monta, e tão bem “montado”!, que dizer uma palavra que vá contra as ditas e reditas, ousar um argumento que contrarie o consensual(izado), é (quase) inútil.»
Mas não me fico por essas notas “a quente”. Que tomei depois de ter estado na chamada Igreja da Reconciliação e de ver a pequena escultura que lhe está ao lado, num conjunto em que tudo teria justificado o desabafo escrito, Depois confirmado após curta investigação.
Numa zona de Berlim, no espaço entre as duas paredes do muro, havia uma igreja, que ali se manteve de 1961 até 1985, sem ter sido destruída e, ao que parece, podendo mesmo ter culto para os habitantes do lado oriental. Em 1985 (4 anos antes da sua abertura e derrube), a capela explodiu, em circunstâncias não clarificadas, havendo várias versões, não faltando a que atribui a sua destruição à construção do muro, em 1961!… Aliás, Berlim tem currículo de destruições e oportunos e incriminadores como a do Reichstag, de 1933 para “ajudar” Hitler na sua ascensão ao poder.
Mas o visitante, naquele quadro, fica com "informação" de que a causa de todos os males foi o muro, nascido por maldade de uns ocupantes banidos por obra e graça...
Ali, na área da capela reconstruída, de interesse arquitectónico, foi criada uma zona de turismo e “informação” (permito-me colocar as aspas), que inclui uma cópia da escultura da autoria de Josefina de Vasconcelos, britânica de origem brasileira, criada para a catedral de Coventry de Londres, destruída pela aviação nazi na guerra de 39-45, e de que há outra cópia em Hiroshima.
Assim se faz a História e a conotação dos horrores. E a luta ideológica na luta de classes. Que é a História.
... e se algum comentador
(anónimo ou não...)
me vier acusar de defensor de muros,
e de cúmplice de hediondos crimes,
só responderei na presença do meu advogado!
5 comentários:
Que Abraco. Que Muro, que duro...
Assaltemos os ceus, entao.
Mais que um Abraco. Para TI
Mas olha que há para outros lados muros bons como na Palestina e na fronteira com oMéxico.
Um excelente post, apesar da sua dureza, como dura é também a realidade da Alemanha sem Muro.
O Muro que tanta polémica trouxe, depois da sua queda deu a toda a Europa e sobretudo aos trabalhadores um outro muro, feroz e desumanizado “o muro capitalista”, esse sim, injusto.
BJS
GR
Tanta História mal contada! Ou não contada até ao fim...
O teu post ajuda a clarificar!
Alguma vez, os que atacam o muro, contaram a verdadeira razão da sua construção?
Um beijo.
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