de dias de agora:
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Mas agora, neste começo de manhã, ainda queria deixar alguma coisa sobre o artigo-testemunho do Borges Coelho sobre Álvaro Cunhal na Seara Nova.
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Encerrar o episódio em que sinto muito ter aprendido.
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Emocionando-me, mas sem perder a permanente atitude crítica, sem deixar de procurar o fundo das coisas, de buscar a compreensão do que está por detrás, ou a raíz das conexões.
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Escreve BC, para acabar o seu comovente testemunho (reitero sempre esta minha adjectivação), que “nos últimos anos, meio cego, compararam-no ao rei Lear (a Cunhal… mas quem o fez?), mas a mente continuava ágil”, o que parece ser uma mistura do que não é misturável: a comparação com o rei Lear (feita por quem?), a sua lucidez, e intervenção militante até ao fim, e o estar quase cego.
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Depois, BC diz que AC “não saía”, e que melhor se diria que saía pouco (uma vez que até ao fim foi aceitando convites, e fez depoimentos e deu entrevistas à comunicação social, até em casa, a Judite de Sousa por exemplo), o que se compreenderá pela idade e estado de saúde.
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Mas dizer que AC não saía porque “queria preservar a imagem e a dignidade (porque) sabia que era um símbolo, quase mítico, de décadas de luta e sacrifício”, parece-nos afirmação arrojada e interpretação demasiado subjectiva, colocando razões em outros que o outro não pode confirmar ou infirmar.
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Nem o faria. Decerto...
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E se Cunhal sempre – e não só depois do XX Congresso do PCUS e do relatório Krutchev – combateu o culto da (pelo menos da sua) personalidade, não seria a preservação do seu valor de símbolo, de mito, que o levaria a “não sair”, a não continuar, nas condições em o podia fazer, a intervir coerente e militantemente.
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Que houve quem procurasse defendê-lo, pela sua idade e estado de saúde, isso decerto acontecia, até por afecto e humanidade, mas AC nunca se teria poupado para preservar imagem e “qualidade” de mito.
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O que sempre terá querido, e hoje se pretende assinalar com toda a dignidade, foi ser exemplo de determinação e coerência.
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Mas, que fique muito claro, para estas folhas quase confessionais: estas reflexões em nada pretendem diminuir o impressionante (comovente!) testemunho de Borges Coelho, um marco nestas comemorações.
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Antes aproveitá-lo para mais um pouco aprender com Álvaro Cunhal, e com a decisão de se fazer de 2013 o ano do seu centenário.
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