sexta-feira, abril 02, 2010

A euro-perplexidade

Folheio a «penitência» expressa semanalmente – com um dia de antecedência por ser Páscoa – e apanho com uma primeira página do caderno Economia em que o euro aparece maltratado, coitadinho, ele de que ouvi, recentemente, os maiores e mais disparatados elogios, como se tivesse sido a invenção do século (passado!) e onde se diz que «economia portuguesa foi a que mais perdeu fôlego depois da adesão à moeda única».
Depois, nas páginas 2, 3, 4 e 5 trata-se do assunto, e deparo, na 3, com o seguinte quadro:

Pelo que, com continhas complementares, se vê que o ritmo do crescimento económico médio anual de Portugal passou de 2,7% entre 1990 e 1998 para 1,1% desde que há euro, em 1999-2009, (isto é, -1,6 pp e -59%) enquanto, nos outros Estados-membros do gráfico, a alteração de ritmo foi

  • entre os que aumentaram o ritmo de crescimento: a Grécia, (+1,7 pp e +94%), a Espanha (+0,5 pp e +22%) e o Luxemburgo (+0,3 pp e +8%),
  • o que não teve alteração, a França,
  • e os que diminuíram o ritmo, a Finlândia (-03 pp e -12%), Áustria (-0,3 e -14%), Holanda (-1,1 pp e -38%), Irlanda (-2,7 pp e -38%), Alemanha (-0,6 e -40%) e Itália (-0,6 e -46%).
E onde ainda se pode ler que «… alguns “velhos do Restelo”, como o Nobel de 2008, Paul Krugman, chamaram a atenção para as dificuldades em corrigir desequilíbrios económicos sem câmbios, mas não foram levados muito a sério (…)».
A isto voltarei, lembrando coisas escritas num livro de 1997, coisas que são bem mais que chamadas de atenção, que são contributos, então e hoje, para se perceber o que é uma moeda, as diferenças entre moeda única e moedas comuns, a competitividade e a «arma cambial», o capital especulativo e a especulação.
Ou, por outra, o que é uma moeda única, para que serve, quem serve, que consequências tem a sua instauração. Como foi e porque está a ser assim e como será. Não como profecias e vias únicas, mas como caboucos de entendimentos e vias que se abrem para caminhos a percorrer.
Até já.

3 comentários:

José Rodrigues disse...

(...)III.3-E agora?.Quem foi desmentido e viu confirmado o oportunamente denunciado,esconde-o e nada faz para mudar de caminho,mesmo que esse leve a um beco sem saída.Cabe a nós continuar,com renovada força a nossa luta(...)Sérgio Ribeiro in-Revista Portugal e a UE-nº46Dezembro 2005.E digo eu,é que não há volta a dar-lhe.
Abraço

GR disse...

“Não há Moeda Única” livro por ti publicado ou nos muitos debates que fizeste (em 97/98?), dizias que a moeda única era federalista e nti-social. Focavas o agravamento das condições de trabalho - cada vez com mais desemprego, de vida – entre ricos e os pobres a distância seria cada vez maior (verificamos que os pobres crescem como cogumelos) e a perda da soberania nacional dos portugueses.
Bem esclareceste!
Agora...
Difícil mas, A Luta Continua!

Bjs,

GR

Graciete Rietsch disse...

Não percebo nada de moeda única nem de Economia mas sei que na minha vida doméstica e quotidiana as dificuldades aumentaram mais que muito. Lembro-me, e julgo não estar enganada, de ouvir o camarada Carlos Carvalhas alertar para os problemas que a moeda única nos traria.
Um beijo.