quinta-feira, outubro 07, 2010

Pôr PORTUGAL a produzir - 1

Quando se denuncia uma situação, se aponta os culpados, se escalpeliza o funcionamento de um sistema, se comprovam as leis que estão enunciaram, quando se afirma - sem ambiguidades - que com as medidas que se tomam dizendo (com um optimismo de máscara, mentiroso) que tudo vêm resolver apenas, mais uma vez e sempre com maior gravidade, é aprofundada a crise e se cavam mais as desigualdades sociais, quando se promove o esclarecimento (com toda a força que se tem) e se procura organizar a resposta ao que só vem agravar a situação, ao mesmo tempo que se estudam e atacam as causas, muito se disse e fez. Quase tudo...
Mas o mais importante falta fazer.
O que falta fazer?
Juntar, às condições objectivas, pela sua vivência e evidência, outras condições, condições subjectivas por resultarem de um obstaculizado (e tão deturpado quanto possível) esclarecimento, de uma tomada de consciência das causas do que se vive. Mobilizar! Porque nada se faz sem que sejamos muitos a fazer.
A expressão "pôr Portugal a produzir" contém uma força tremenda. Diz porquê estamos assim, diz como sairmos de estar assim.
Estamos assim porque se abandonou a economia produtiva, se cedeu o mar aos outros, se pôs as terras em pousio, se transformou a indústria apenas em modo de, em trânsito, se explorarem os trabalhadores portugueses enquanto noutros locais não se arranjavam outros que melhores taxas de exploração proporcionassem, porque se entregou a economia que se baseia no aproveitamento dos nossos recursos à cupidez das finanças transnacionais.
Mas - dizem, como se fosse desculpa - não somos só nós. A crise veio de fora - dizem, como se fosse uma fatalidade que não pudemos evitar. É falso, embora também seja verdadeiro. Alojámos, aos poucos, a crise em nós, fomos (quem nos dirigia por escolha nossa!, porque conquistámos a democracia) dos mais obedientes - e contentes, e orgulhosos - na aceitação do que traz/trouxe a crise no seu bojo.
Só quando conseguirmos pôr Portugal a produzir estaremos a vencer a crise. Até lá, muito temos de lutar. Depois também!

3 comentários:

Anónimo disse...

Era,é e será um dos valores de Abril:a batalha da produção!


Abraço

Antuã disse...

Viva a batalha da Produção!

Graciete Rietsch disse...

Portugal está quase transformado num deserto, quer física quer socialmente. Há que reagir e prosseguir na luta em que uma das frentes é a batalha da produção.
Vamos vencer.

Um beijo.