domingo, junho 13, 2010

Falsas questões e verdadeiras alternativas

Quanto a bola começou a saltar e “nos” preparamos para entrar em campo (há uma estranha esperança descrente nas hostes lusas… valha-nos a Virgem, diz Madail!), fez-se da assinalação dos 25 anos da entrada para as CE uma frouxa e desanimada tentativa ibérica de dizer “à malta” que foi o melhor que nos podia ter acontecido… senão estávamos ainda pior do que estamos.
Estamos assim…
E doura-se a pílula com a arrogantemente explícita (mas também subliminar) mensagem de que foram excelentes os responsáveis por aquele passo e “nem queiram saber em que estado estaríamos se não fosse a clarividência, a coragem, a determinação (e etc….) com que eles o deram”.
O que, noutros (e nos mesmos) termos é dito pelos próprios num exercício repulsivo (para não dizer repugnante). Como o ilustram e deslustram as bodas de prata de Mário Soares-Ernani Lopes, num almoço de não-sei-quantas-horas e, talvez…, bolo de velas incluído na conta do restaurante chique que o Expresso teria pago (sim, porque ali e com aqueles não há almoços grátis…).
E ficam as falsas questões para ludibriar a malta:
Somos ou não somos mais europeus que éramos?; gozamos ou não de um prestígio que não tínhamos?; como seria Portugal senão tivéssemos entrado, queriam-no igual ao que era?: melhorámos ou não substancialmente o nível de vida?
Importa afirmar, reafirmar, insistir, reincidir no seguinte:
Já éramos europeus antes de entrar para as CE!; temos o prestígio da cerviz curvada, da obediência acrítica!; sem aquela adesão Portugal seria diferente, diferente do que era, diferente do que é!; não é melhoria, sobretudo para o futuro que nos está criado, estarmos menos soberanos, mais dependentes, mais desiguais entre nós, e mais distantes do que estávamos do “nível europeu”!
Havia alternativa para aquela entrada (c)ordeira e servil, demitida de negociação, e não era para continuarmos como estávamos, o que, aliás, seria impossível.
Havia alternativa para impedir o desprezo pelos nossos recursos naturais e adquiridos (mormente o mar), a destruição do nosso aparelho produtivo.
Havia alternativa para não acontecer o que aconteceu, e foi previsto e prevenido e, agora, quando se comprova, parece ser descoberto com surpresa e não dá razão a quem nunca a teve, nem quando repete, em palavras ocas, a razão que fomos tendo ao longo dos tempos.
Havia a alternativa da valorização do trabalho, do aproveitamento dos nossos recursos, da recusa à invasão do financeirismo e dos interesses alheios pelas auto-estradas da penetração.
Havia alternativa. E há!

3 comentários:

Ana Martins disse...

Assim como há sempre mentirosos, há sempre alternativa. Já dizia o outro "Quando um Povo acorda é sempre cedo".

Abraço

Graciete Rietsch disse...

Pois havia e há! O tempo e o Povo se encarregarão de dar razão a quem o diz e sempre disse.

Um beijo.

Antuã disse...

Acordai!