terça-feira, junho 01, 2010

Reflexões lentas – sobre delírios e dislates

Ontem ouvi, de passagem, os Prós e Contras. Fiquei, porque o tema do crédito e da dívida me tem ocupado (e a todos nós, mesmo aos que não devem nada a ninguém… como é o meu caso), e a que voltarei, ainda hoje se puder.
Rapidamente desisti de ser assistente, como já aqui disse, depois de ter anotado dois “delírios e dislates” – a meu juízo, claro – e fui trabalhar.
Hoje, estou arrependido. Não por ter abalado e ir aprender mais qualquer coisinha e trabalhar, mas por ter deixado, assim!, o que considerei dislates, com um enfastiado… Pois!
É que os dois considerados – por mim – delírios e/ou dislates justificam mais que aquele “pois!”.
À maneira de “sopas de depois-de-almoço”, duas breves reflexões:
  • Falar de "governo económico para a Europa", e para pôr tudo isto na linha "… desde que democrático", como o fez o deputado no Parlamento Europeu do Bloco de Esquerda, é considerar i) que os governos dos Estados-membros, nomeadamente o grego, o português, o espanhol, o irlandês – os PIGS… e faltam Is, talvez a Itália, talvez a Islândia, talvez a “Inglaterra”, talvez os três – não são democráticos, ou que os povos nativos destes países são filhos de… “um deus menor”, e os povos dos outros Estados-membros, mais responsáveis, viriam corrigir essa inferioridade com eleições federadoras, ii) que um “governo europeu” (desde que democrático!) não seria permeável e sujeito aos interesses dos grupos financeiros transnacionais (aos… mercados), o que é – para mim – um perfeitíssimo dislate pois seria exactamente o contrário, ainda mais governo (não) democrático a cumprir ordensdesses grupos, com ainda menores constrangimentos, no apagamento de soberanias nacionais.
  • Falar de "crise demográfica", e com aquele ar enfatuado e super-sapiente do novel professor universitário (se calhar estou a ser injusto, porque o jovem teria melhorado a prestação mais adiante…), é “dizer coisas” com as palavras na moda. A evolução demográfica resulta do progresso social, é fruto do modo a Humanidade avança mau grado as malfeitorias (que nem sempre o foram, porque houve tempo em que motivaram progresso) do sistema de relações sociais, do capitalismo. Não é crise a longevidade, a diminuição da mortalidade à nascença, a esperança de vida, os cuidados sanitários, os direitos humanos (no sentido de... direitos dos seres humanos) mas é a crise inerente ao sistema de relações sociais voltado para interesses egoístas, de classe dominante que se move pelo lucro e pela acumulação do capital em menos mãos, é essa crise sempre latente e com explosões que pode, perversamente, considerar problema – e crise! – o que é sinal de progresso social. Aliás, como nós dizemos, e pelo que nós lutamos, é por uma sociedade com cada vez mais tempo livre, porque o trabalho passado, cristalizado em meios de produção libertou os seres humanos de muito do que começou por só ser possível com trabalho vivo, manual, com o nosso corpo. E aqui sim, aqui está a razão da crise do capitalismo! Que torna o que deveria ser tempo libertado de trabalho duro e socialmente necessário em desemprego, miséria, exclusão… porque não dá lucro.

4 comentários:

aferreira disse...

De todo o programa que foi muito mau Só gostei de uma frase do Doutor Adriano Moreira

"Poder da palavra contra a palavra do Poder"

-Se bem entendi: O Sr. Prof Doutor Adriano Moreira, salvo a sua posição ideológica.
-Disse algo sério e importante.

Graciete Rietsch disse...

Porque é que ,com a Revolução Industrial, os operários se revoltaram contra as máquinas? Porque lhes roubaram empregos em vez de lhes proporcionarem mais tempo de lazer. E o aumento de produtividad? A quem beneficiou?
Quanto a mim a crise resulta principalmente da exploração do trabalho e da apropriação da mais valia pelo detentor do capital.
E foi também o que eu depreendi
do teu comentário sobre os prós e contras.
O capitalismo está cada vez mais feroz mas acabará por ser vencido.

Um beijo.

poesianopopular disse...

Se bem entendi,deve ser dada prioridade ao Homem!
Se todo o progresso, é feito em nome do homem, não se compreende que depois, o resultado seja diferente.
Este entendimento do progresso, é só para determinados HOMENS.
Abraço, e obrigado por mais esta aula.

ernestoazevedo disse...

É através das máquinas que o homem se liberta e cria riqueza, para poder alcançar o tempo de lazer,e nunca contra as máquinas.teremos é de poder por a cadeia de produção ao serviço de todos, e logo teremos uma distribuíção de riqueza ao serviço da condição humana.Conseguindo esse objectivo, deixará de existir desemprego.