domingo, junho 20, 2010

Palavras talvez a mais...

O Prémio Nobel da Literatura que fica, indelével, na nossa História nasceu, paradoxalmente, a 25 de Novembro de 1975. Nas circunstâncias que fazem as vidas dos homens, vidas e futuros momento a momento desfeitos e refeitos. O Nobel de que nos orgulhamos terá nascido quando, e porque, nos dias que se seguiram a esse dia duas mãos outras estavam ali, ao lado, e tudo moldaram como se fosse barro levantado do chão e viagem a Portugal.
Depois. Depois, foi o caminho de trabalho e génio, passo a passo, pedra a pedra – "no meio do caminho tinha uma pedra…" e a pedra no meio do caminho daquele homem era um convento de que fez um memorial. Passo a passo, pedra a pedra, livro a livro.
Outras mãos rasgaram vias de reconhecimento, lutaram contra cegueiras e intermitências da morte. Até ao fim. Para o homem e o escritor continuarem vivos, para além do Prémio Nobel.
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Este deveria ser um tempo de silêncio, depois de ter falado quem, em nome do Partido que o homem tomou, disse o que tinha de ser dito sobre o camarada. Mas não será assim, e também as que aí estão acima estarão talvez a mais, hoje, mas - hoje! - não fui capaz de as calar.

8 comentários:

poesianopopular disse...

Eu vi lágrimas, em muitos rostos, de várias idades!
É uma honra muito grande, saber que o camarada Saramago, esteve e irá continuar do/ao nosso lado,na luta que engrandece os HOMENS como ELE.
Abraço

Olmanita disse...

O "Nosso Prémio Nobel" porque português e interveniente numa sociedade que, também ele, queria mais justa e solidária, já não vive entre nós!...
Mas a sua obra é imortal e a memória do que ele foi permanecerá como exemplo de combatividade e de certa irreverência para com o País e o Mundo...
Morreu o camarada José Saramago, mas viverá sempre na memória colectiva do País e de algumas memórias do Mundo.
Até sempre!

Graciete Rietsch disse...

Seja qual for a obra que se construa é à força do trabalho e da luta que se chega àquilo que se chama génio. E Saramago observou, pensou, agarrou uma ideologia e afincadamente deu um passo de gigante para a conquista de uma Humanidade mais feliz.

Um beijo.

ernestoazevedo disse...

Quando José Saramago diz que a pessoa mais culta que conheceu,essa pessoa não sabia ler nem escrever.Aqui gostaria de lembrar que um dia tambem conhci um Jerónimo e que cheirava a terra e a raizes daquelas profundas que nos ligam á terra para toda uma vida.É isso que nos dá condição de estar com aqueles que legitimam a nossa forma de estar e de agir e de intervir, para mantermos uma identidade que é transformadora da vida colectiva e assim nunca a morte nos separará da vida que construirmos colectivamente, em nome de todos os jerónimos e da sua cultura.

José Rodrigues disse...

Atenção:amanhã os abutres recomeçarão a campanha anticomunista.O tiro de partida foi dado(pelo que ouvi)por um jornal do Vaticano.Vamos ter à mão o livrinho "Comunistas e Católicos"-cadernos do PCP-5-edições Avante!

Abraço

Pata Negra disse...

Haveria tanta coisa para dizer mas hoje não me consigo levantar do chão!
Um abraço memorial

Antuã disse...

E aqueles que da lei da morte se vão libertando...

samuel disse...

"O partido que o homem tomou"... é muito bom! :-)))

Abraço.